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Crítica | Community – 4ª Temporada

por Luiz Santiago
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estrelas 1Quem não desconfiava que Community poderia ser um verdadeiro desastre após a saída de Dan Harmon como showrunner pode ser considerada uma pessoa patologicamente otimista.

Mesmo com a declaração dos novos “donos da casa” de que iriam dar continuidade ao trabalho de Harmon mas que iriam imprimir uma cara pessoal à série, não havia como confiar inteiramente no discurso, até porque, todo fã do show sabia que Dan Harmon padecia no inferno todos os dias para fazer a SUA Community, o que evidentemente não aconteceria com os novos showrunners. Primeiro, porque não eram os criadores da série e jamais estiveram envolvidos com ela – exceto, segundo afirmaram, como fãs -; segundo, porque a dose de loucura para fazer a Community da Terceira Temporada, por exemplo, tinha que ser alta e muito especial, algo bastante raro na TV.

Particularmente comecei essa temporada com um ânimo que era mais uma recusa em acreditar no que a série havia se transformado. Em History 101, apesar de todas as ressalvas e as preocupações em torno do desenvolvimento das personagens principais – que se tornou mais evidente já no capítulo seguinte, Paranormal Parentage – eu ainda tinha como possível uma guinada de qualidade no programa, não no sentido de ser uma continuação tal e qual a “Era Dan Harmon” (se fosse, seria o Paraíso, convenhamos), mas no sentido de trazer um fôlego novo sem descaracterizar a série que conhecíamos de outros carnavais. Infelizmente, a esperança foi nocauteada por completo no episódio que teria tudo para ser um dos mais inteligente do início desse 4º ano e trazer neurônios para a coisa toda: Conventions of Space and Time.

O mais patético de tudo é que o Inspector não votou a aparecer, ao invés disso, os novos produtores resolveram reciclar a seu modo elementos que havia se tornado mito na 3ª Temporada, vide o último episódio do ano, Advanced Introduction to Finality e seu jogo de dados – que não foi ruim, mas forçado, e sem trazer absolutamente nada de novo ou criar algo, um cliffhanger aceitável, um ponto que animasse o espectador, algo para além da morna graduação de Jeff Winger.

Durante toda a exibição dos 13 episódios dessa 4ª Temporada, acompanhei nas redes sociais a crescente insatisfação dos espectadores. Troy perdeu completamente a sua identidade – e até a importância que Dan Harmon deu a ele na 2ª e 3ª Temporadas -; Britta se tornou enfadonha com todo aquele papo de psicologia e afins; Jeff começou desenvolvendo um lado de sua vida que foi sumariamente abandonado nos episódios seguintes e citado apenas de relance já na reta final da temporada; Pierce recebeu o PIOR de todos os tratamentos possíveis, sendo substituído da maneira mais ridícula que se possa imaginar, contando até com um pseudo alter-ego no início da temporada e que depois foi totalmente posto de lado…

Até a ligação com a “disciplina do ano” foi tenebrosa. Mesmo na 2ª Temporada, há uma forte presença dos conceitos daquela disciplina “X” no desenvolvimento geral do ano letivo. Este ano, o único episódio em que temos isso presente é o Alternative History of the German Invasion. Quando o professor de História aparece (que desperdício que fizeram de Malcolm McDowell!), é como uma ponta insossa e sem inter-relação alguma com a proposta geral do ano – é importante ter em vista que uma série de TV, ao término da temporada, deve ser analisada em sua totalidade.

No meio de toda essa onda de episódios medianos, mornos ou totalmente frios, algumas coisas foram ótimas, é verdade, mas nem esses pontos isolados contribuíram para tornar a temporada melhor… A cena do julgamento tendo Annie como Hannibal Lecter; os bonecos no episódio Intro to Felt Surrogacy e a darkest timeline de Abed na Season Finale foram elementos icônicos da temporada, mas serviram apenas para um aproveitamento isolado, não trouxeram novidade na mitologia de Community e nem apresentaram novos caminhos para o espectador.

Por fim, a broxante desistência na criação de um vilão na personagem de Kevin (ex-Sr./Guarda/Reitor/Imperador Chang) coroa com espinhos o que foi esse ano do programa. Após o terceiro episódio eu prometi que não assistiria mais a série, mas por uma obrigação crítica me forcei a acompanhar até o final.

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