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Entenda Melhor | As Muitas Faces de Luis Buñuel

por Luiz Santiago
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Se você tem algum conhecimento sobre a História da Sétima Arte ou alguns de seus mais importantes realizadores, é quase impossível que nunca tenha ouvido falar de Luís Buñuel Portolés. Ele é praticamente o nome mais lembrado quando se trata de surrealismo no cinema, e foi o cineasta que mais representou essa vertente na telona durante todo o século vinte — a despeito de outros nomes notáveis como Alejandro Jodorowsky, Peter Greenaway, David Lynch, Irmãos Quay e Jan Svankmajer, isso só para citar alguns.

Buñuel não foi o primeiro cineasta a fazer um filme surrealista e tampouco esteve sozinho durante toda a sua carreira (de Um Cão Andaluz até Esse Obscuro Objeto do Desejo), mas a sua insistência em trabalhar o tema e criar em torno de sua filmografia, mesmo nos filmes comerciais e “não-surrealistas” que fizera no México, uma cadeia de ícones, símbolos e críticas à igreja, ao Exército e à burguesia, foram o bastante para torná-lo um mestre nesse tipo de abordagem. Esse Entenda Melhor abordará a carreira do diretor, suas fases, escolhas e importância para o cinema. Sejam bem vindos ao discreto, charmoso e obscuro cinema de Luís Buñuel!

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A ‘Geração de 27’

É a Calanda que eu devo os meus primeiros encontros com a Morte que, juntamente com uma fé profunda e o despertar do instinto sexual, compõe as forças vivas da minha adolescência

Luís Buñuel nasceu na aldeia de Calanda, Espanha, em 22 de fevereiro de 1900, no mesmo ano em que também nasceram o ator Spencer Tracy, o diretor Robert Siodmak, o escritor Antoine de Saint-Exupéry e o compositor Maurice Jaubert. Sua infância foi tranquila e, com os outros seis irmãos, transitava de Saragoça — cidade para onde sua família mudou-se quando ele era ainda um bebê — para Calanda, em períodos especiais do ano. O pequeno Buñuel sempre gostou do campo porque se encantava com os fenômenos da natureza e tudo o que era fora do comum: anões, bichos mortos, relâmpagos muito próximos da casa, trovoadas… Esse gosto pelo insólito se tornou ainda mais forte quando ele encontrou, ainda na infância, um burro numa vala comum já em estado de decomposição.

Salvador Dalí, Moreno Villa, Luis Buñuel, García Lorca, e Jose Antonio Rubio, 1926.

Foi em Calanda que o jovem Buñuel teve contato com a sociedade fortemente religiosa que ele rebateria tão continuamente nos anos seguintes. Da vila natal, alguns costumes, inclusive a música dos tambores, seriam levados para muitos de seus filmes. Seu período de estudos em um Colégio Jesuíta não acabou bem: ele foi expulso no início de 1915, e acabou terminando seus estudos em um Colégio laico de Saragoça. É nesse período que ele se torna assumidamente ateu e anticlerical.

De 1917 a 1925, Buñuel esteve em Madri, onde teve uma vida bastante movimentada. Em 1920, fundou com alguns amigos o primeiro cineclube da Espanha. Em 1922, publicou os seus primeiros textos literários e em 1924, após estudar Engenharia Agrônoma, Engenharia Industrial e Filosofia, conseguiu se graduar (não consigo achar um consenso entre os cursos de formação. Algumas fontes que tenho afirmam que ele se graduou em Filosofia, já outras, que ele se graduou em História). Ao lado de três grandes companheiros nessa época, Pepín Bello, Federico García Lorca e Salvador Dalí, Buñuel esteve no núcleo dos jovens que então formavam a ‘perdida’ Geração de 27.

A morte de seu pai, em 1923, marcou para sempre a sua vida. Com uma necessidade extrema de abandonar Madri, talvez como uma fuga pela dor, Buñuel aproveitou a primeira oportunidade que lhe surgiu após a graduação e então partiu para Paris, onde a sua ligação com o cinema se tornaria mais forte e lhe mostraria qual caminho seguir dali por diante.

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A Surreal Paris

Buñuel ainda passaria alguns anos na Cidade das Luzes (com frequentes visitas a Madri) sem ter muito o que fazer. Seu envolvimento com o cinema não veio profissionalmente de imediato, mas sua veia cinéfila se tornou cada vez mais forte. Nesse período, envolveu-se com teatro, com crítica de cinema e então conseguiu entrar para uma pequena unidade de produção, onde ocupou um cargo de assistência de direção no filme Carmen (1926), de Jacques Feyder. Em seguida, já como oficial assistente de direção, veio A Sereia dos Trópicos (1927), de Mario Nalpase Henri Étiévant, e então a obra que o fez aprender muito daquilo que iria fazê-lo cineasta dali a pouco tempo, A Queda da Casa Usher (1928), de Jean Epstein. Foi no final de 1929 que ele conheceu Jeanne Rucar, com quem se casaria em 1934.

Em 1929, ao lado de Salvador Dalí, Buñuel escreveu o roteiro de Um Cão Andaluz. A ideia do texto (pelo menos o início dela), veio de um sonho de Buñuel, mas os artistas respeitaram à risca uma regra bastante difícil: “não aceitar nenhuma ideia, nenhuma imagem que pudesse dar lugar a uma explicação racional, psicológica ou cultural; abrir as portas ao irracional”. O filme foi rodado em 15 dias e estreou para a nata artística e surrealista de Paris (Pablo Picasso, Jean Cocteau, Le Corbusier, Man Ray, Louis Aragon, Max Ernst, André Breton, Paul Eluard, Tristan Tzara, René Magritte, Benjamin Péret) em 6 de junho de 1929. O sucesso e o escândalo causado pelo filme não poderiam ser mais icônicos para Buñuel e Dalí, que foram imediatamente aceitos no círculo surrealista parisiense, o que já dava ingresso garantido para um projeto seguinte.

Um Cão Andaluz.

O Visconde de Noailles, um entusiasta das produções surrealistas da época, resolveu patrocinar o próximo projeto da dupla Buñuel-Dalí. Os dois começam a escrever o roteiro do filme juntos, mas no meio do processo houve uma ruptura causada por opiniões pessoais muito distintas e pelo aparecimento de Gala Éluard, por quem Dalí se apaixonou e por quem Buñuel guardava toda a antipatia possível, um sentimento que era recíproco. A despeito dessa ruptura que se tornaria pessoal e definitiva algum tempo depois, o nome de Dalí foi mantido nos créditos de A Idade do Ouro (1930).

A projeção de L’âge d’Or em Paris superou todas as expectativas e gerou uma reação monumentalmente negativa por parte da extrema direta. Com um contexto fortemente anticlerical, o filme incomodou de tal forma uma parte da população, que alguns cinemas chegaram a ser explodidos ou terem suas cadeiras destruídas por grupos extremistas e católicos, só para que o filme não fosse exibido. Como resultado, a obra foi proibida e só voltaria a ser projetada na cidade décadas depois.

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Hollywood, Terra Sem Pão e o exílio nos Estados Unidos

Durante a histórica exibição de L’Age d’Or em Paris, um executivo da MGM estava na plateia e se impressionou muito com o que viu. Ele propôs então um intercâmbio cultural para Buñuel. O diretor iria para hollywood e lá permaneceria por seis meses, em 1930, afim de aprender o funcionamento da indústria americana, ensinar um pouco de sua concepção e, se possível, produzir alguma coisa no país. Buñuel, no entanto, perdeu rapidamente o interesse por aquele modo de produção e foi ignorado pelo Estúdio, que mesmo assim, pagou a sua estadia no país, mesmo que ele não estivesse produzindo nada. Nessa viagem, o cineasta conheceu Charles Chaplin, Bertolt Brecht, Josef Von Sternberg e Sergei Eisenstein.

Ao regressar a Paris, não viu possibilidade de trabalho imediato, e com Jeanne Rucar, então sua noiva, partiu para Madri, onde filmou o documentário Terra Sem Pão (Las Hurdes), em 1933. O filme foi prontamente proibido pelo governo espanhol, porque mostrava uma imagem negativa e feia da Espanha. De qualquer forma, após a adição de voz uma off e da trilha sonora, o filme foi liberado em 1937.

Até o início da Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), Buñuel trabalhou como produtor de algumas obras e, embora não haja consenso entre os seus biógrafos, acredita-se que ele tenha escrito e co-realizado, mesmo sem créditos, algumas produções espanholas da época. Em 1937, foi a Paris a pedido o Ministro de Negócios Estrangeiros da Espanha a fim de angariar fundos e trabalhar com propaganda para a causa da República. Nesse mesmo ano ele concebeu o argumento de España 1936 – España Leal en Armas. Em 1939, foi para Hollywood com o mesmo intento: ajudar a produção de filmes de propaganda para a causa da República.

La Guernica, de Pablo Picasso. Esse período da história espanhola foi marcante para Buñuel e compreende a sua única fase politizada e partidária.

Entre 1940 e 1941, o diretor se estabeleceu em Nova York, onde passou a trabalhar no Museu de Arte Moderna (MoMA). Devido a polêmicas relacionadas a Salvador Dalí (o motivo do rompimento definitivo entre os dois), acabou se demitindo do MoMA em 1943. A partir desse momento, os mestres surrealistas trocariam algumas poucas cartas em tom cortês e se encontrariam rapidamente pouquíssimas vezes durante o restante de suas vidas. Buñuel se mudou novamente para Los Angeles, mas após algumas participações não creditadas em projetos e algumas sugestões negadas pelos estúdios, recebeu um telefonema do produtor Óscar Dancigers para filmar um musical no México. O filme encomendado tinha regras comerciais muito claras, mas diante da penúria econômica em que vivia, o diretor não estava em condições de recusar a oferta.

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¡Que viva México!

Buñuel chegou ao México em 1946, já com emprego garantido. No ano seguinte, lançaria o seu primeiro filme no país, Gran Casino, obra que marcou a sua volta à direção depois de 10 anos (¡Centinela, alerta!, de 1937, fora o último filme assinado por Buñuel, como co-diretor). Iniciava-se uma fase que compreenderia películas encomendadas e pouco críticas (ou abertas a alusões surrealistas), mas também algumas notáveis obras sociais, oníricas e incômodas, que faria corar a igreja e a burguesia; filmes que com o passar dos anos dirigiriam os olhares dos produtores franceses para eles e tornariam possível o retorno do diretor para a França, país onde, décadas depois, finalizaria a sua carreira como cineasta.

O primeiro sucesso comercial do diretor no México viria com El Gran Calavera (1949), uma comédia de costumes que marcou o início de sua parceria com o roteirista Luis Alcoriza, com quem trabalharia em 11 filmes. O afã do público e os elogios dos produtores permitiram a Buñuel barganhar o tema e a maior liberdade para guiar o seu próximo trabalho, um filme que lhe traria o primeiro grande reconhecimento de sua maturidade: Os Esquecidos (1950). A obra causou um imenso impacto no México, movendo setores tão distintos quanto a Igreja Católica e o Partido Comunista. Premiado no Festival de Cannes e em diversos outros festivais, o filme catapultou a carreira de Buñuel no México, embora ele ainda tivesse que amargar obras que não gostaria de dirigir, e resultados que ele mesmo abominava, como Uma Mulher Sem Amor (1952), que ele considerava a sua pior realização.

Os Esquecidos.

Após Os Esquecidos, o filme mais importante do diretor foi Subida ao Céu (1952). Um ano antes, em 1951, ele dirigira duas obras de concepção mais pessoal, porém, encomendadas. A primeira delas, Susana – Mulher Diabólica, é uma crônica sobre a libido e a família burguesa, uma bem estruturada crítica ao falso moralismo e ao aprisionamento do desejo. Já em A Filha do Engano, o tema social fica menos evidente, bem como a visível tentativa do diretor em inserir na encomenda uma de suas muitas alfinetadas à família nuclear e suas máscaras sociais. Em seguida veio Subida ao Céu, um drama de delírio, classes baixas, crônica social, burla, crítica ao sagrado e exploração de elementos eróticos. Por este filme Buñuel recebeu mais uma indicação ao Grande Prêmio no Festival de Cannes.

O diretor ainda se veria envolto em projetos onde sua liberdade era considerável e onde conseguiu, mesmo que muitas vezes não admirasse o resultado, um bom produto final. Dentre essas obras podemos citar O Bruto e O Alucinado, ambos de 1953; A Ilusão Viaja de Bonde (este bastante elogiado pela crítica, mas visto com indiferença pelo diretor) e Escravos do Rancor, de 1954; e O Rio e a Morte, de 1955, todos esses com visões e exigências comerciais bastante distintas, mas onde se pode encontrar elementos muito pessoais do cineasta. Já Ensaio de um Crime (1955) e Nazarin (1959, filme preferido do diretor, quando se referia à sua fase mexicana) entram para a lista das melhores obras desse período de sua carreira. Ainda nesta fase, o realizador estaria envolvido em algumas produções mexicanas para distribuição em Hollywood. Essas películas também possuem um caráter de encomenda, mas assim como as franco-mexicanas que veremos mais adiante, tratavam de temas mais críticos ou com maiores possibilidades para o diretor do que os seus primeiros filmes dos anos 40. As obras com co-produção americana dirigidas por Buñuel no México são Aventuras de Robinson Crusoé (1954) e A Adolescente (1960).

A Ceia dos Mendigos em Viridiana, 1961.

No caso das co-produções francesas, temos apenas uma diferença em relação à primeira, Assim é a Aurora (1956), que foi filmado em Córsega. Já as outras duas produções, A Morte Neste Jardim (1956) e Os Ambiciosos (1959), foram rodados no México. Em 1961, em visita à Espanha, Buñuel e Julio Alejandro escreveriam o roteiro do filme decisivo para a consagração de sua carreira e que o clocaria como o “cineasta mais perverso do mundo”: Viridiana, obra vencedora da Palma de Ouro em Cannes. De volta ao México, o diretor realizaria mais dois filmes, ambos com liberdade total de escolhas: O Anjo Exterminador (1962) e Simão do Deserto (1965).

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A Segunda Fase Francesa

É praticamente unânime a denominação de que a verdadeira explosão criativa e obras-primas sequenciais de Buñuel vieram após 1964, com O Diário de uma Camareira. Com este filme, o diretor iniciou a sua segunda fase francesa e o prolífico trabalho ao lado do roteirista Jean-Claude Carrière e do produtor Serge Silberman. O Diário de uma Camareira é uma adaptação do romance de Octave Mirbeau e praticamente a vingança de Buñuel contra a extrema-direita francesa que o massacrara após A Idade do Ouro. O filme foi muitíssimo bem recebido e arrancou elogios da crítica, impulsionando o diretor para o que viria a ser uma de suas obras mais adoradas de todos os tempos, A Bela da Tarde. Ainda em 1964, o Buñuel viajou para a Espanha a fim de ajudar e fazer uma ponta como ator em um filme de um então promissor diretor espanhol chamado Carlos Saura (o filme em questão é o segundo longa de Saura e se chama Llanto por un Bandido). Em 1965, no ano em que filmou sua derradeira obra no México, ele voltou a trabalhar como ator e outro filme, En este pueblo no hay ladrones, dirigido por Alberto Isaac.

A Bela da Tarde (1967), sua realização seguinte, se tornou um dos filmes mais comentados do ano e arrebatou o Leão de Ouro no Festival de Veneza. A Via Láctea ou O Estranho Caminho de São Tiago (1969), marcou sua volta a um de seus temas favoritos: a religião e o trabalho com o insólito, com uma pontada de humor e crueldade. Em seguida veio Tristana, Uma Paixão Mórbida (1970), que recebeu indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas perderia para o italiano Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, de Elio Petri. A Academia só se renderia de vez a Buñuel em 1972, com O Discreto Charme da Burguesia, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

A Bela da Tarde.

A ideia de filme-episódio já era visivelmente muito cara a Buñuel nesse período, tanto que em O Fantasma da Liberdade (1974), temos novamente a ocorrência do acaso e de elementos aparentemente soltos que são agrupados em uma narrativa coerente. Esse certamente era um dos motivos de roteiro que mais o agradava. Nesse caso, o diretor e seu co-roteirista Jean-Claude Carrière optaram por valorizar a presença do mundo onírico e de uma atemporalidade proposital, criando um ambiente psicanalítico e até mesmo histórico bastante interessantes. O diretor lamentava que o filme não tivesse caído nas graças do público ou mesmo da crítica, como seus filmes anteriores. Buñuel também considerava O Fantasma da Liberdade a terceira parte de uma trilogia iniciada com A Via Láctea ou O Estranho Caminho de São Tiago e seguida por O Discreto Charme da Burguesia. Para o diretor, o foco na procura pela verdade e a fuga quando se está prestes a encontrá-la, o ritual social implacável, as virtudes corrompidas e o mistério são elementos muito fortes nessas películas e que caberiam bem se fossem vistas como um conjunto.

Buñuel encerraria sua carreira com Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977), filme que recebeu duas indicações ao Oscar e ao César, e uma ao Globo de Ouro, além de ter vencido ou sido indicado a dezenas de outros prêmios. Após o lançamento do filme, o diretor voltou para a Cidade do México, onde escreveu o seu último roteiro (La Novia de Medianoche), e com ajuda de Jean-Claude Carrière, a sua autobiografia, intitulada Meu Último Suspiro. O diretor faleceu no dia 26 de Julho de 1983, por insuficiência renal e cardíaca, no Hospital Inglês da Ci­dade do México. O grande mestre do surrealismo deixou uma obra extensa e diversa, quase para todos os gostos. Seus filmes não são complexos exercícios intelectuais, mas apresentam uma intricada rede de conexões culturais, críticas às mais diversas posturas e instituições e principalmente, uma forte defesa do prazer e da liberdade pessoal. Este era Luís Buñuel.

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