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Lista | Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Nostálgico e inovador.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Cercada de polêmicas por conta da mudança de cor e de gênero de alguns personagens, algo que é feito há ZILHÕES de anos em linhas alternativas das HQs – chorem mais babuínos parados no tempo e supostos fãs que nada conhecem dos quadrinhos – e por conta de uma animação ousada, que causa, sim, um certo estranhamento inicial e que exige um tempo para acostumar, mas que homenageia a arte clássica de Steve Ditko e John Romita Sr., Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha chegou causando burburinhos e chamando a atenção do público, tanto positivamente quanto negativamente. Confesso que, inicialmente, não botei muita fé no seriado, que pelos trailers e pelo material de promoção me soava nostálgica, bastante respeitosa ao cânone do personagem e bem em linha com o esperado de uma história do miranha, mas que por conta disso não aparentava sair do lugar-comum, jogando seguro e com elementos batidos da mitologia do protagonista.

Os episódios iniciais da temporada confirmaram meus receios, em uma abordagem que trazia mudanças pontuais e um tratamento visual único, mas que em sua essência seguia à risca qualquer trama padrão e básica do teioso. Ainda assim, o resultado se mostrou divertido, simpático e com algumas ideias no ar que mantinham uma expectativa de novidade, em especial a presença da Nico Minoru e as correlações com o UCM. Gradualmente, a narrativa começou a ganhar um corpo diferente, passou a amadurecer muito rápido e os roteiristas foram mostrando a verdadeira essência da adaptação: um universo que é nostálgico, que faz várias referências às raízes do Homem-Aranha clássico de Stan Lee, Ditko e Romita Sr., mas que puxando alguns conceitos dos filmes e criando algumas ideias próprias – com destaque para subtrama do Lápide e para a “deturpação” do lema da família Parker -, se transformou em uma material bem curioso dentro da mitologia do personagem, inclusive apresentando ângulos novos ou, no mínimo, poucos vistos do personagem. Essa mudança de tom começa a ser sugerida em Duelo com o Demônio, mas ganha impacto em A Ascensão do Escorpião, com a reta final da série chegando a um patamar diferente. No todo, a temporada ainda tem vários aspectos genéricos, mas o saldo é bem positivo e deixa um sabor diferente para o espectador, que, caso como aconteceu comigo, foi pego de surpreso ao ficar animado e ansioso pelos desdobramentos dessa jornada do Homem-Aranha que soa familiar e distinta.

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

 

10º Lugar: O Grande Momento

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Não sei se é a familiaridade com o protagonista falando muito alto, mas a impressão que fica até aqui é de que os roteiristas estão jogando seguro com o aracnídeo e se divertem com a maior falta de amarras na trama de Lonnie, o que pode tanto ser encarado negativamente, com uma produção do Homem-Aranha ficando de coadjuvante para outro personagem, ou positivamente, com uma construção muito boa de um vilão meio B indo de amigo até antagonista. De qualquer forma, a série se mantém agradável, talvez apostando menos do que deveria, mas entregando um pouco de tudo sobre o universo do teioso e nos apresentando uma subtrama que chama a atenção. A reta final do episódio, porém, volta a trazer os holofotes para o Homem-Aranha – em um traje bonito, apesar de “sem vida” -, com uma direção muito boa nos saltos do personagem pelos prédios, na perseguição de um roubo e no salvamento de alguns civis. Fico apenas com a dúvida se a escolha de fazer com que Harry também saiba a identidade de Peter é realmente boa, mas veremos.

 

9º Lugar: A Sorte de Parker

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A Sorte de Parker confirma que Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha é uma série realmente centrada no dia a dia do personagem. Eu gosto disso; foge um pouco do aspecto sempre em grande escala que o Homem-Aranha é colocado em suas histórias atuais, além de apresentar um lado do Peter Parker que a audiência do UCM talvez não conheça, ainda mais quando pensamos o quanto a versão do Tom Holland é coadjuvante em seu próprio arco narrativo. Mais uma vez, porém, percebe-se como o texto é uma repetição de tramas passadas não só dos quadrinhos, mas de outras animações do super-herói. A familiaridade tem um sabor cansativo aqui, onde vemos Parker arrumar um emprego com Osborn, trabalhar com uma versão alternativa do Lagarto – que não é spoiler, vamos combinar – e sacrificar suas conquistas e amizades para salvar o mundo um dia de cada vez.

 

8º Lugar: Crise na Identidade Secreta

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No fim, Crise na Identidade Secreta confirma que Seu Amigão da Vizinhança Homem-Aranha joga seguro em sua história, mesmo seguindo a reviravolta do episódio anterior. Fora da parte técnica ousada, para bem ou para mal, fica bem claro o mais do mesmo do roteiro, que, mais uma vez, segue simpático, mas sem nenhum grande destaque. Isso fica mais notável para mim pela forma como a trama de Lonnie é substancialmente mais interessante se colocada em contraste com a trajetória de Peter. Mesmo compartilhando temas, o arco do coadjuvante tem tópicos mais espinhosos, oferece um caráter mais maduro e entrega uma narrativa bem mais intrigante de acompanharmos, principalmente pela dúvida de saber para onde o personagem vai, mesmo para aqueles que o conhecem das HQs.

 

7º Lugar: Amazing Fantasy

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Como o próprio título do episódio indica, a série é inspirada nas origens do Homem-Aranha nos quadrinhos, mais especificamente em Amazing Fantasy #15 e em sua primeira série de O Espetacular Homem-Aranha. Essa inspiração não é apenas um aceno, mas sim parte de toda a essência da obra, começando pela direção artística da animação em 3D, que homenageia bastante a arte clássica de Steve Ditko e John Romita Sr., dos designs dos personagens até a construção das cenas e das suas transições que emulam páginas de HQs. É… interessante, sem dúvida alguma. Para os mais apaixonados em quadrinhos, certamente tem seu charme, especialmente quando a montagem fica criativa com suas inspirações em diagramações, mas também não é o estilo visual mais bonito, digamos assim. A mescla com 2D nem sempre convence e às vezes soa “estática” e pouco natural, mas mesmo o departamento técnico estando muito longe de algo como Homem-Aranha no Aranhaverso – com orçamento bem menor, vamos relembrar -, é uma proposta corajosa, nostálgica, referencial e extremamente respeitosa ao cânone do personagem.

 

6º Lugar: O Unicórnio à Solta!

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Outro bom episódio da série, O Unicórnio à Solta! é talvez o capítulo mais divertido da série até aqui, muito por conta de seus vilões. Começando pela participação curta, mas muito boa do Doutor Octopus, com direito a ótima caracterização, falas de megalomania muito boas e até uma trilha sonora comicamente sinistra seguindo o personagem, o episódio se diverte com o exagero dos antagonistas, com destaque para o grupo de criminosos russos que tomam de assalto a narrativa. Vemos algumas das melhores coreografias da animação da obra até o presente momento, além de algumas das melhores piadas do Homem-Aranha em ação.

 

5º Lugar: Duelo com o Demônio

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Mas, claro, o grande destaque do episódio é a participação do Demolidor (com voz do próprio Charlie Cox!). Algo que vimos pouco no audiovisual do Homem-Aranha é seu relacionamento com o Homem Sem Medo, sendo que as diferentes personalidades entre os personagens é realmente fascinante nos quadrinhos. Da coreografia da luta, do humor, dos diálogos misteriosos e da indicação de que essa série realmente vai expandir os horizontes da mitologia do protagonista, gosto de tudo aqui e fico bem animado para os desdobramentos da trama com Osborn, ainda mais com a crescente participação do Doc Ock. Um episódio mais de preparação, Duelo com o Demônio deixa muita coisa no ar para o restante da temporada.

4º Lugar: Se Este for o Meu Destino…

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Chega a ser irônico como comecei criticando a série bastante por seu tom comum e agora estou quase em uma ficção especulativa. A produção soube muito bem misturar as origens dos quadrinhos e os eventos do UCM para criar algo que gradualmente se tornou distinto, se ainda extremamente familiar, com toques bem legais de algumas inversão de papéis e outros caminhos turvos para o que conhecemos da mitologia do personagem. O final da temporada entrega de tudo um pouco, do lado mais bobo até o mais dramático, de conversações com substância até muita porradaria divertida, e de um clímax que se aproveita da ótima presença do Dr. Estranho e da entrada de mais um vilão icônico do teioso para estabelecer que tem muita consequência desse evento. O bloco final do episódio tem uma montagem bem extensa de “cenas dos próximos capítulos“, algumas que esperávamos – Lonnie se tornando o Lápide e Nico mostrando seus poderes mágicos -, outras menos esperadas – Finesse sendo sidekick do Demolidor e Norman tendo contato com o simbionte antes do miranha -, e uma que absolutamente ninguém viu chegando: a aparição do pai de Peter, na prisão ainda por cima; um relacionamento pouquíssimo explorado no cânone do personagem. Mas tá tudo bem, porque o Homem-Aranha está pronto!

 

3º Lugar: A Ascensão do Escorpião

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A Ascensão do Escorpião mostra uma crescente de amadurecimento, que desagua aqui no conflito com o Escorpião no covil da gangue de Lonnie. Para além da excelente caracterização do Escorpião, da ótima coreografia da luta e uma animação cada vez mais natural e divertida, o maior acerto desse bloco é o senso de urgência, não só pela violência em si, mas pelo perigo da luta, pela sensação de consequência pela primeira vez na série e pelo sentimento de decepção do herói. As melhores histórias do Homem-Aranha normalmente enquadram o personagem em um momento quebrado, não só fisicamente, mas principalmente psicologicamente, o que esse desfecho certamente prepara muito bem.

 

2º Lugar: Herói ou Ameaça

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O que vinha sendo trabalhado na mentoria deturpada de Osborn se concretiza aqui quando Peter perde o controle, quase chegando a matar o Escorpião, sendo parado por ninguém menos do que o Lonnie. Não esperava que, em seu arco de derrocada ao crime, o personagem pudesse ainda manter seu senso moral. É uma escolha curiosa e que o torna um futuro antagonista bem interessante nesse universo. Ademais, como foi divertido ver ele e o aracnídeo formando uma dupla dinâmica, com o ex-atleta ganhando poderes por acaso e certamente se tornando o líder da gangue depois da fuga de Donovan. Além de um grande entretenimento, Herói ou Ameaça traz personagens de personalidade, com bons arcos e uma narrativa inteligente em seus usos de clichês, incluindo um momento expressivo para a mitologia do aranha, em que o mesmo quase passou daquela linha por conta dos conselhos errados. Confesso que, lá no início da animação e sua abordagem bem padronizada para uma história do miranha, não imaginei esses tipos de contornos ganhando brilho. O finalzinho ainda prepara bem o grand finale, com o tal conselheiro revelando seus verdadeiros planos e prontinho para entrar em rota de colisão com todos.

 

1º Lugar: Uma Teia Embaraçada

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Mesmo sendo um capítulo menos cheio de ação e de frenesi como outros do seriado, Uma Teia Embaraçada é o melhor episódio em termos de aprofundamento do protagonista e de onde essa história pode ir. Ver Peter Parker falhando, chorando e duvidando de si mesmo ao longo da história não é novidade para quem conhece o background do personagem, mas tudo é feito com muita qualidade narrativa, com bons diálogos e um tom cada vez mais maduro e consciente dos perigos desse universo, como se aos poucos o mundo de Peter estivesse se abrindo. Vê-lo superar esses obstáculos é o melhor que uma trama do Homem-Aranha pode oferecer. Mas o melhor de tudo é saber, ao final do episódio, que o traje finalmente está aqui, só que o espírito do herói ainda não. Essa jornada já fez sucesso antes e pode fazer sucesso aqui, quem sabe com alguns temperos diferentes para podermos lembrar da animação como uma versão alternativa marcante.

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