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Crítica | Curtas do Oscar 2025: Live-Action

Entre premissas boas, sobra pouco de desenvolvimento ficional.

por Davi Lima
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Oscar 2025: Live-Action

No seguinte compilado, você encontrará críticas de todos os indicados a categoria de Melhor-Curtas Live-Action do Oscar 2025. Leia as críticas e manda seu comentário!

Anuja

Oscar 2025: Live-Action

Propaganda e cinema sempre caminharam pertinho na história da arte, mas são diferentes. As escolhas do curta da Netflix ser objetivo nas ações dos personagens é porque a propaganda da ONG se importa nas representações que vendem seu trabalho, não no drama da história ser de fato menos introdutório aos personagens. E a escolha de justaposição entre a fábula sem fim e a história social de mudar de vida no trabalho e estudos é apenas um vácuo para colocar a marca como solução.

Esse curta se torna triste por colocar todas as suas técnicas narrativas em prol de colocar o espectador numa suspensão de descrença, para no final de fato se admitir falso como uma maneira de se vender. Mesmo que cinema seja manipulação da realidade, ele busca em 24 fotos de um plano contar a verdade.

Marketing, mesmo que contenha a verdade, quer prender o espectador para capitalizar. Existe uma perda simbólica da arte aí, quando o investimento é totalmente materializado na publicidade de uma propaganda. O que torna propagandas boas é lidar diretamente com a nossa interpretação dos produtos, já o cinema quer que captemos emoções para que a narrativa ganhe vida.

São funções e mistérios diferentes, com ponto de contato nas suas técnicas. Quase apenas isso. Anuja se assume propaganda demais, quebrando quase uma ética cinematográfica com o espectador em toda a sua beleza de contar a história de duas irmãs indianas.

Anuja (EUA, 2024)
Direção: Adam J. Graves
Roteiro: Adam J. Graves
Elenco: Nagesh Bhonsle, Rudolfo Rajeev Hubert, Sajda Pathan, Ananya Shanbhag, Gulshan Walia
Duração: 22 min.

A Lien

Oscar 2025: Live-Action

Apesar do contexto atual muito motivador, que abraça o curta como um retrato empático perfeito contra a injustiça da burocracia americana xenofóbica; há muita apelação visual do close-up para ilustrar a narrativa.

A opção da dupla de diretores de manter a perspectiva claustrofóbica o tempo todo, procede sentimentos, mas esvazia a denúncia. Isso fica mais evidente quando os momentos de suspense são esfriados, e o close-up continua — ou criando romance, ou mantendo a preocupação, ou sentimento materno no final.

Fica claro, assim, que o curta é pura emoção, mas perde as minúcias do que coloca no epílogo, sobre o problema de estrangeiros conseguirem o Green Card. É uma injustiça forte e retratada com força, mas sem um contexto realista.

A burocracia apática de fato existe, mas os cenários de terror são mais incitados que bem desenhados na história. Tudo para manter o realismo. Os policiais cercando o protagonista, ou ele correndo, tudo parece tensionante, mas com um extracampo da fotografia inverossímil.

São escolhas, tentar equilibrar realismo com câmera na mão e close-up para estimular até o fim a tensão da possível deportação. Acaba diminuindo o projeto para tentar expandir o sentimento. É razoável, afinal, porque parece não ter muita crença na força da denúncia.

A Lien (EUA, 2023)
Direção: David Cutler-Kreutz, Sam Cutler-Kreutz
Roteiro: David Cutler-Kreutz, Sam Cutler-Kreutz
Elenco: Victoria Ratermanis, William Martinez, Koralyn Rivera, Mike Aquilino, Jennifer Bergum, Scott Broughton
Duração: 15 min.

The Last Ranger

Oscar 2025: Live-ActionUm curta live action que poderia ser documental. Nem tenta emular o realismo documental, e nem faz um mix que poderia entrar em duas categorias do Oscar. Fica uma dramatização clássica forjada para a denúncia de uma imagem documental.

Esse forjado se aproxima mais do fraudado (metáfora) do que da boa forja de pureza do fogo. Existe um esforço visual muito grande na fotografia de criar um clima de descoberta, da criança no escuro com uma vela até ir para a savana. Além do fator wild (selvagem), palavra usada para se referir a criança o tempo todo, como se aproximasse daquele ambiente de maneira natural.

Mas toda essa história que resumir uma relação geracional de protetores dos rinocerontes, e como a criança tem esse desejo por isso de alguma forma, conflitando com a revelação de quem está ajudando a caçar rinocerontes por dinheiro. Assim, é todo um roteiro com uma carga dramática que tenta se justifica a todo instante para chegar a uma cena.

A cena em si, é a cena gravada do rinoceronte real violentado por caçadores que queriam tirar seu chifre. O curta então tenta unir essa história real com algo ficcional, e dramatizar tudo isso para fazer a denúncia de caça ilegal dos rinocerontes. É um esforço que exalta o contexto de proteção animal e o olhar diferenciado para a natureza, mas não disfarça o esqueleto do projeto.

Mesmo com atores que pareçam ser da região da savana, a história parece contada por alguém de fora, sempre criando o aspecto exótico. Além disso, o clímax e suas resoluções abraçam a forja de uma protetora que nasceu desde criança do que uma resolução lógica para o drama familiar roteirizado.

Ao fim, o mais importante se faz na denúncia, e a história se torna completamente pretexto. Essa ideia em si não é um problema, no entanto, o desenvolvimento da história não encena o suficiente, ou encena demais, para disfarçar que é um pretexto. Realmente entra num campo ambíguo pertinho do ludibriamento ruim, mas se salva por manter certa ambiguidade boa do cinema.

The Last Ranger (África do Sul, 2024)
Direção: Cindy Lee
Roteiro: David S. Lee, Darwin Shaw, Will Hawkes
Elenco: Avumile Qongqo, Liyabona Mroqoza, Makhaola Ndebele, David S. Lee, Waldemar Schultz
Duração: 28 min.

I’m Not a Robot

Oscar 2025: Live-Action

A premissa é tão boa e os planos longos prendem tanto que a expectativa sobre a tensão de algo tão comum cresce de maneira estratosférica. No entanto, o curta holandês nem vai para um humor, nem vai para um drama, apenas se mantém esperto com a música do Radiohead.

A música Creep dá uma dimensão boa e mística, porque não até reinterpretativa para a música — uma noção mais distópica. Suponho que a premissa criativa surja da diretora Victoria Warmerdam ouvindo a música, e acontece exatamente o que houve com a protagonista Lara: uma chamada no notebook para a música, e é o teste de Turing — Captcha.

O resto da história é uma conversa sobre feminismo e um intelectualismo tentando propor situações esquisitas e alternativas para combinar com uma vibe vintage e moderna da agência musical que habita o cenário da narrativa. O bom mesmo do curta é a atuação de Ellen Parren como Lara.

Para uma produtora musical que trabalha com música como Lara é representada, a música ser interrompida é de fato assustador, ainda mais quando não consegue voltar a trabalhar. E a combinação da música com mentalidade robótica e controle humano é bem pensado pelo roteiro para conservar a premissa. Mas é apenas isso.

I’m Not a Robot (Bélgica, Holand, 2023)
Direção: Victoria Warmerdam
Roteiro: Victoria Warmerdam
Elenco: Ellen Parren, Henry van Loon, Thekla Reuten, Juliette van Ardenne, Asma El Mouden, Sophie Höppener, Joep Vermolen, Sieger Sloot
Duração: 22 min.

The Man Who Could Not Remain

Oscar 2025: Live-Action

Em meio A Guerra da Ucrânia no atual momento, as guerras dos Bálcãs, as iugoslavas o pan-eslavismo no Leste Europeu retoma com força para ser treinado. Mas o curto quer fazer o estilo micro-história, que conta sobre um passageiro com medo de falar, quando o personagem que fala mais é o que motiva a história toda.

Existe um suspense no planejamento da história ser gravado com planos longos, e poucos cortes. O ambiente do trem também ajuda, pois dá a dimensão de pouco espaço. Mas o suspense vai se transformar do contexto para a expectativa de um personagem.

Pois, um passageiro que a câmera segue parece disposto a dizer algo, a questionar algo, ainda mais porque o título da história cria essa expectativa que alguém vai falar. De fato o passageiro diz algo consolador para dar a dimensão de que ele vai confrontar o contexto do trem ser parado por paramilitares russos.

E a curta é basicamente isso, mas objetivo em manter essa expectativa na fotografia direcionada para um personagem. É simples, mas uma narrativa eficaz em dramatizar o luto de Tomo Buzov, morto no Massacre de Štrpci. É o contraponto feito a partir do mínimo ilustrado e do mínimo falado. A sensação de ausência é potente no final, consistente com a proposta.

O Homem que Não Se Calou (Covjek koji nije mogao sutjeti | Croácia, 2025)
Direção: Nebojsa Slijepcevic
Roteiro: Nebojsa Slijepcevic
Elenco: Goran Bogdan, Alexis Manenti, Dragan Micanovic, Silvio Mumelas, Lara Nekic, Robert Ugrina
Duração: 13 min.

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