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Crítica | Gilda, Lúcia e o Bode (2020)

A história de um trio nada convencional: um bode e duas mulheres.

por Arthur Barbosa
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Lançado no Dia do Natal de 2020, o especial Gilda, Lúcia e o Bode foi uma continuação independente do primeiro episódio da minissérie Amor e Sorte, também lançado no ano pandêmico. Na nova história, temos uma mensagem de esperança, apesar dos percalços da vida, contendo, é claro, o protagonismo de mãe e filha na ficção, que também têm os mesmos papéis na vida real: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Se no episódio piloto tivemos elas na região serrana do Rio de Janeiro (RJ) na tentativa de se protegerem do contágio no coronavírus, a dupla, agora, encontra-se na Cidade Maravilhosa às vésperas da virada do ano de 2020 para 2021, mas com um grande empecilho. Ele foi materializado por meio das exponenciais dívidas bancárias de Gilda (Fernandona), as quais quase foram salvas pela filha Lúcia (Fernanda), mesmo com toda a teimosia excessiva da mãe. Em meio a isso, elas precisaram cuidar do Bode Everi, que a professora aposentada de 90 anos ganhou de uma rifa lá no episódio de estreia da série primogênita.

Além disso, há novamente a participação especial de Dimas (Joaquim Torres Waddington), rapaz que vendeu o bilhete premiado para Gilda, e ainda tem uma missão super importante: levar o bonde embora para o interior antes que o animal destrua totalmente todo o jardim da residência. Aqui, nesse quesito, eu esperava uma interação maior com o animal, com elas correndo atrás dele após uma tentativa infrutífera de dar banho no bichano, por exemplo, ou com a Gilda gritando a plenos pulmões com raiva de ele estar comendo as plantas da idosa. Contudo, isso não foi mostrado, mas nem por isso deixou de ser emocionante, já que o pesadelo que ela teve com ele – muito engraçado os sustos e os gritos da Fernanda Montenegro ao visualizar Dimas e Lúcia com cabeça de bode, diga-se de passagem – despertou nela a vontade em apostar no famoso Jogo do Bicho, sendo o bicho em questão o bode, o qual tem a numeração 21.

E não é que a Dona Gilda estava certa em apostar no bendito do bode por intermédio da mensagem subliminar do sonho (ou do pesadelo)? Ainda mais que o ano da virada era o de 2021, por isso, a escolha do número 21, o que lhe rendeu uma bolada de trezentos mil reais. Se o Amor estava retratado lá na série-base, a Sorte com certeza foi a protagonista na vida da professora aposentada nesse especial. Já no elenco, além da divertida participação de Joaquim Torres Waddington, filho do casal de Andrucha Waddington e de Fernanda Torres, que também atuou em Amor e Sorte, tivemos a presença de outros atores, como Arlette Salles, Fabíula Nascimento, Kelzy Ecard, Thelmo Fernandes, Cibele Santa Cruz, Muse Maya, e Fernando Pestana.

Falando mais especificamente das duas primeiras atrizes mencionadas nessa lista, eu pensei que a primeira, ao incorporar a personagem Olga, fosse irmã de Gilda, e não cunhada da protagonista. Obviamente, isso não tirou em nada o brilhantismo da Arlette em cena, que nos entregou boas brigas entre a endividada e a cunhada frustrada. Por outro lado, a inserção de Fabíula, na pele da personagem corrompida pela corrupção Sílvia, foi um tanto avulsa, ou seja, sem muito destaque. Pensei que ela fosse ser uma espécie de vilã, pois a mulher estava usando uma tornozeleira eletrônica durante a sua estadia na casa do interior, e seria até mesmo divertido vendo-a roubar o montante que a Gilda ganhou no Jogo do Bicho, ou fugindo da polícia, por exemplo.

Outro destaque neste especial de final de ano foi a trilha sonora, porque, desde a emblemática abertura, contendo fotos antigas de mãe e filha da vida real, vemos o amor e a união das duas renomadas atrizes brasileiras. Para isso, nos minutos iniciais, o diretor artístico, Andrucha, escolheu a música Sorrir e Cantar como Bahia, do grupo Novos Baianos, ao passo que, no encerramento, Gilberto Gil foi o escolhido, ao cantar a música Refazenda. Todavia, o momento mais emblemático foi com Dimas – um personagem um tanto caipira – cantando a plenos pulmões a música Todo Mundo Vai Sofrer, da saudosa e eterna cantora da sofrência sertaneja Marília Mendonça, que, infelizmente, nos deixou em um trágico acidente aéreo, ocorrido em novembro de 2021.

Portanto, Gilda, Lúcia e o Bode, apesar de não ter tido um final tão surpreendente, isto é, sem aquela sensação de querer acompanhar mais sobre a dupla, deixou uma mensagem de esperança na época em que foi lançado. Ela foi caracterizada por desejar a todos os telespectadores da TV Globo uma união e um um ano melhor, pois, em 2020, todos nós fomos afetados pela triste e intensa pandemia de Covid-19. Se um dia, quem sabe, o Globoplay resolver lançar a continuação desse trio super divertido, eu vou adorar acompanhar, ainda mais com as falas afiadas e engraçadas de mãe e de filha. Se contar, é claro, a participação icônica do bode, um grande personagem, e do Dimas, mais um agregado à família.

Gilda, Lúcia e o Bode | Brasil, 2020
Diretores: Andrucha Waddington, Pedro Waddington
Roteiristas: Jorge Furtado, Antônio Prata, Fernanda Torres
Elenco: Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Joaquim Torres Waddington, Arlete Salles, Fabíula Nascimento, Fernando Pestana, Muse Maya, Kelzy Ecard, Thelmo Fernandes, Cibele Santa Cruz
Duração: 50 minutos

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