Home TVEpisódio Crítica | Dexter: Pecado Original – 1X07: O Problema do Corpo Mau

Crítica | Dexter: Pecado Original – 1X07: O Problema do Corpo Mau

Encaminhando a temporada para seu fim.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e de todo o nosso material da franquia.

Depois de um episódio cansado, que de interessante mesmo só ofereceu o desajeitado encontro quádruplo de Dexter, O Problema do Corpo Mau renova um pouco – mas apenas um pouco – as esperanças de um desfecho interessante para a série de origem do simpático serial killer em treinamento ao desenvolver com vontade o arco narrativo que começou como de fundo e que, agora, finalmente, ganhou o devido protagonismo, com uma revelação final que, mesmo não sendo exatamente surpresa para ninguém, aguça a curiosidade do espectador. Ao mesmo tempo, fica constantemente claro que o que impede Pecado Original de decolar é o quanto a produção se preocupa em explicar de onde vieram as ideias do Dexter mais velho que lhe permitiram apurar sua técnica de assassinato de bandidos e desova dos respectivos corpos.

Que o envolvimento do chefe de polícia Aaron Spencer nos sequestros era mais do que evidente, a começar pelo penteado lambido de vilão de filme setentista que arranjaram para Patrick Dempsey, não tinha como haver dúvida, mas ele ser o responsável por cortar o dedo de seu próprio filho foi uma boa surpresa que eleva o caso a potencialmente algo mais complexo e nefasto do que o mero envolvimento do cartel de drogas, talvez respingando até mesmo para a linha narrativa do casal Debra e Gio, já que o rico namorado da irmã de Dexter tem toda a pinta de ser filho do chefe do tráfico musculoso que vemos no flashback para os anos 80 ou algo nessa linha. Se os roteiros conseguirem criar uma conexão verossímil entre tudo o que transcorre na série, talvez até mesmo com o serial killer de indigentes que LaGuerta investiga ao lado de Harry Morgan, talvez eu seja obrigado a concluir que Pecado Original é mais do que mais uma obra dentre tantas que se apoia quase que exclusivamente na bengala da nostalgia para ficar de pé.

Mas, no momento, tudo isso não passa de suposição, de pensamento positivo de minha parte. O que de concreto temos no episódio é o ótimo trabalho investigativo de Dexter que não só nota a gota de sangue na caixa que contém o dedo do jovem sequestrado, como também o “corte de hesitação” no dígito decepado, levando à conexão que ele faz em sua cabeça com o chefe de polícia ao ver o ferimento em seu pulso. Não tenho muitas dúvidas de que será Dexter o responsável por eliminar o vilão no final das contas, mas gostaria que o encerramento da carreira criminosa de Aaron fosse diferente e mais, digamos, tradicional, sem injeção de tranquilizante, plástico servindo de corda e facada no peito. Seja como for, a “reviravolta” funciona a contento e aponta para três episódios finais que têm potencial de alterar o status quo da série como um todo se Clyde Phillips assumir riscos e esquecer um pouco do mote central da série até agora.

Falando nesse mote central, mais uma vez temos Dexter se aproximando de “momentos eureca” para avizinhar sua versão jovem de sua versão mais velha no que diz respeito a seu modus operandi. Ao que me consta, só faltam respostas (a perguntas que não foram feitas e que pouco importam, se quisermos ser sinceros) a duas questões, ou seja, a guarda de seus troféus na forma de gotas de sangue em lâminas de vidro de microscópio e o lugar da desova de corpos. E esses dois elementos, especialmente o segundo, que parte do cliffhanger do episódio anterior, povoam boa parte do capítulo, mas, diferente da cadeia de eventos que o levou ao tranquilizante para cavalos, aqui há pelo menos um semblante de trabalho e pesquisa por parte do protagonista, mesmo que a questão do barco já tenha sido levantada pela arquivista amiga, com um roteiro que se esforça para não deixar muito evidente a preguiça em se colocar boas ideias no papel.

O Problema do Corpo Mau não é exatamente uma maravilha, mas o episódio sem dúvida impulsiona a narrativa principal e, de quebra, ainda tem tempo para dar sucessivas rasteiras em Debra, também aproximando-a de sua versão mais adulta e policial. Com isso, um tabuleiro foi mais ou menos armado para que a estirada final de episódios possa trazer convergência narrativa e dar uma chance para que esse recorte do passado de Dexter Morgan fique acima, nem que seja um pouco, da simples exploração da mitologia de um personagem querido.

Dexter: Pecado Original – 1X07: O Problema do Corpo Mau (Dexter: Original Sin – 1X07: The Big Bad Body Problem – EUA, 24 de janeiro de 2025)
Desenvolvimento: Clyde Phillips (baseado na série desenvolvida por James Manos Jr. e na obra de Jeff Lindsay)
Direção: Monica Raymund
Roteiro: Katrina Mathewson, Tanner Bean
Elenco: Patrick Gibson, Christian Slater, Molly Brown, Christina Milian, James Martinez, Alex Shimizu, Reno Wilson, Patrick Dempsey, Michael C. Hall, Sarah Michelle Gellar, Brittany Allen, Isaac Gonzalez Rossi, Jasper Lewis
Duração: 48 min.

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