Home TVTemporadas Crítica | What If…? – 3ª Temporada: Parte 2 de 2

Crítica | What If…? – 3ª Temporada: Parte 2 de 2

Titanic, pistoleiros, Ultron e Peggy.

por Ritter Fan
3,2K views
  • Leiam, aqui, as críticas das temporadas anteriores e, aqui, de todo nosso material do Universo Cinematográfico Marvel.

Como o Disney+ decidiu seguir o estranho padrão da segunda temporada de What If…?, os oito episódios da terceira e última temporada da série foram lançados diariamente a partir do dia 22 de dezembro de 2024 e, claro, fazer uma crítica por dia seria loucura, ainda que eu considere essa série divertida demais para fazer uma crítica só geral. Portanto, assim como anteriormente, optei por um meio termo: fiz as críticas separadas dos quatro primeiros episódios em uma postagem só, que publiquei aqui e, agora, seguem as críticas separadas em uma postagem só dos outros quatro. Depois, será a vez dos comentários gerais sobre a temporada com a avaliação da temporada como um todo e o ranking dos episódios.

Vamos então às quatro críticas finais?

XXXXXXXXXXXXX

3X05
O Que Aconteceria Se…
a Emergência Destruísse a Terra?

Volta e meia eu me pego pensando como é o processo de discussão que chega a combinações bizarras no audiovisual. Peguem esse episódio, por exemplo. A narrativa parte da Terra destruída pelo nascimento de Tiamut, o Celestial que gestava no interior do planeta, e imagina que o controle dos diversos “pedaços” flutuando no espaço passou a ficar na mão de ninguém menos do que Quentin Beck, o Mystério, que tem como braço direito o Visão Branco e, como exército, drones na forma do Homem de Ferro, além de, claro, suas ilusões. E, do lado dos heróis, o grupo que resta é composto por Wong, Okoye, Valquíria e Ying Nan que recruta Riri Williams para que ela desenvolva em algo como cinco minutos tecnologia capaz de desestabilizar o vibranium que protege o Visão. Muita doideira, não?

Entendo perfeitamente a escolha de Riri Williams para protagonizar o episódio, já que a Marvel está claramente querendo relembrar o espectador de sua existência para a vindoura série da Coração de Ferro que, confesso, nem sei mais a quantas anda, se é que anda, mas a combinação dos demais nomes que citei acima é tão bizarra que o resultado foi eu ter ficado imediatamente interessado no episódio, como um ímã atraindo-me para algo tão inesperado que não pode ser ruim. E, de fato, não é mesmo ruim. Ao contrário até, trata-se de um episódio que se mostra bem mais competente do que a soma de suas partes, ainda que não exatamente fora da caixinha ou algo do gênero. Ao que tudo indica, porém, ele é o “começo do fim”, com o Vigia mais diretamente engajado na história e indicações, aqui e ali, de que, nessa segunda metade da temporada, como ocorreu na anterior, haverá uma convergência dos heróis das diversas realidades. Se estou certo, só o tempo dirá, mas O Que Aconteceria Se… a Emergência Destruísse a Terra? funciona bem mesmo que o que imagino não venha a acontecer.

Há um charme qualquer em se usar personagens de categoria Z de um baú de infinitas possibilidades e tudo fica ainda melhor quando uniformes são deixados de lado e o transporte dos heróis se dá por meio de uma galera asgardiana, com seu quartel-general dentro do Titanic(!!!), com um Quentin Beck envelhecido e quase morrendo por atos autoinfligidos para internalizar seu poder tecnológico de criar ilusões. Há menos charme na transformação de Riri Williams em uma versão do Visão Branco e menos ainda na ajudinha que o Vigia dá, pois tudo acontece com muita facilidade demais, mas tenho para mim que, no cômputo geral, o episódio consegue se segurar bem em fazer o diferente com personagens menores em uma ambientação extravagante.

What If… the Emergence Destroyed the Earth? (26 de dezembro de 2024)
Direção: Stephan Franck
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Dominique Thorne, Alejandro Saab, Emily VanCamp, Kenna Ramsey, David Chen, Tessa Thompson, Michelle Wong, Jason Isaacs, D. C. Douglas, Darin De Paul
Duração: 33 min.

3X06
O Que Aconteceria Se…
1872?

Quando vi o título do sexto episódio da temporada, imediatamente fiz a conexão com a minissérie homônima parte que foi um dos infinitos tie-ins da saga Guerras Secretas, de 2015, e minha curiosidade foi imediatamente atiçada, não exatamente por esperar ver a HQ em versão animada, mas sim pelo potencial que uma história com os heróis da Marvel passada no Velho Oeste naturalmente tem, pelo menos para mim. Na realidade apresentada no episódio, o misterioso vilão Capuz vem sequestrando imigrantes chineses e uma dupla de heróis lendários formada por Shang-Chi, que só usa artes marciais, e Gavião Arqueiro na versão Kate Bishop, que é uma exímia pistoleira (eu me recuso a usar o codinome em português dela, simplesmente porque o feminino de gavião é gavião fêmea e não o que inventaram na tradução), partem ao seu encalço, o primeiro para descobrir o destino de sua irmã que sumiu ao enfrentá-lo e a segunda para vingar-se da morte de sua família.

Tudo muito bonito, tudo muito legal, pelo menos em teoria. Uma história de vingança e um mistério ainda que mais óbvio do que o fato de a Terra ser esférica (tá bom, um geoide…) podia dar um excelente caldo, mas o caminho seguido pelo roteiro aqui foi banal demais, preguiçoso demais, que desperdiça não só os protagonistas, como o antagonista e perde a gigantesca oportunidade de introduzir os pistoleiros de época da Marvel Comics nesse meio, como Rawhide Kid, Defensor Mascarado ou até mesmo o Cavaleiro Fantasma. Eles poderiam ser coadjuvantes na história, sem o menor problema, deixando Kate e Shang-Chi no destaque, mas usar somente os dois principais e, ainda por cima, usar de forma limitada e básica como ocorreu foi como pegar a premissa e jogar no lixo. Tudo bem que foi interessante ver uma versão jovem de Kwai Jun-Fan no episódio (ele é um dos Punhos de Ferro na mitologia expandida do personagem), mas mesmo ele só serviu para o Vigia mais uma vez fazer a única coisa que não pode fazer.

O que me traz, então, para toda a razão de ser do episódio. Será que se o objetivo do episódio era fazer o Vigia interferir naquilo que observa, a história não poderia ser mais cuidadosamente trabalhada, como foi a anterior, em que ele incentivou Riri Williams a revidar? Ficou parecendo que tudo foi construído ao redor do momento em que o Vigia salva o garoto e, mesmo assim, a sequência foi rasteira demais dentro de uma história que já não estava indo muito bem. Havia tanto potencial nessa premissa, que, confesso, dentre todos os episódios até agora na temporada, esse foi o mais decepcionante, ainda que talvez não exatamente o pior, com aquele cheirinho de premissa pensada para criar algum tipo de encerramento para a série considerando a bronca que o Vigia certamente levará de seus superiores provavelmente já no próximo episódio.

What If… 1872? (27 de dezembro de 2024)
Direção: Stephan Franck, Bryan Andrews
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Simu Liu, Hailee Steinfeld, Wyatt Russell, Meng’er Zhang, Walton Goggins, Allen Deng, Jason Isaacs
Duração: 32 min.

3X07
O Que Aconteceria Se…
o Vigia Desaparecesse?

O penúltimo episódio da derradeira temporada de What If…? faz dobradinha com o último, mas escrevo a presente crítica, como todas as demais, sem ver o que está para a frente, mas, aqui, achando fortemente que esses dois episódios, em conjunto, podem “melhorar” minha impressão sobre O Que Aconteceria Se… O Vigia Desaparecesse?, pois tudo o que assisti aqui foi a introdução de um grupo formado por Capitã Carter, Kahhori e Byrdie (que fazem todo sentido por terem sido introduzidas antes) com Tempestade, a Deusa do Trovão, que é introduzida aleatoriamente aqui como provavelmente porque a Marvel Studios queria criar burburinho na internet, com o objetivo de descobrir o que aconteceu com o Vigia. E não me levem a mal, pois eu adoro Ororo, mas sua presença no episódio é o proverbial coelho tirado da cartola e ela poderia muito facilmente ser substituída por qualquer outra personagem ou versão de personagem que já tenha aparecido na série ou até mesmo no UCM como um todo.

Mas, independente de Ororo, estamos diante de 28 minutos (contando com créditos e tudo mais) que só servem para que as quatro, depois de convencerem um Ultron do Infinito particularmente cabisbaixo por não ter quem matar há íons e tendo tido tempo de perceber que fez “caquinha” e, ato contínuo, querendo expiar seus pecados, conseguindo viajar até a Quinta Dimensão, onde mora o Vigia, mais nada, com um final brusco na base do “a ser continuado” que deixa o espectador no vácuo. Se pelo menos a dinâmica das quatro personagens fosse fora de série, haveria algo a festejar, mas, para além do retorno da Capitão Carter, o que é sempre um prazer, a única coisa realmente boa é Byrdie não só pelo seu visual punk, como também e principalmente pelo excelente trabalho de voz de Natasha Lyonne. O restante, incluindo o Ultron melancólico, muito sinceramente, não disse muito a que veio.

Espero estar certo que o episódio final ajude a “consertar” esse aqui, mas, tendo gostado muito das duas temporadas anteriores, estou já preparado para aceitar que esta última ficará muito abaixo do nível das demais pelos diversos fatores que comentei ao longo das críticas. Fica a torcida para um encerramento épico, com esse novo grupo mais o Vigia lutando contra a trinca de Vigias que Vigiam o Vigia e que, como o Vigia mesmo disse, o condenam por fazer exatamente o que ele fazia, na suprema contradição irônica. Quem sabe não tem um Vigia Acima de Todos que vigia o restante, inclusive os Vigias que Vigiam o Vigia? Não duvidaria nada de algo assim…

What If… the Watcher Disappeared? (28 de dezembro de 2024)
Direção: Stephan Franck
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Hayley Atwell, Jason Isaacs, Devery Jacobs, Alison Sealy-Smith, Natasha Lyonne, Karen Gillan, Kat Dennings, Seth Green, Taika Waititi, Ross Marquand, Fred Tatasciore, D. C. Douglas, Darin De Paul, Alexandra Daniels
Duração: 28 min.

3X08
O Que Aconteceria Se…
o Que Aconteceria Se?

Fico feliz em constatar que o que eu esperava realmente aconteceu. O último episódio da série, que faz dobradinha com o penúltimo, resulta em um conjunto harmônico que melhora substancialmente o anterior se levarmos em consideração a dupla como um capítulo só de encerramento. Mesmo não gostando muito da natureza de “continuidade” entre episódios de uma série que poderia ser infinitamente melhor se não houvesse essa conexão, sou o primeiro a reconhecer que chegar a um fim que desafia a própria natureza do que a Ordem dos Vigias faz e que mais uma vez eleva Peggy Carter a outro nível de valentia e altruísmo deixou-me com um sorriso no rosto ao final, especialmente com a sequência de créditos sendo levada para o final, agora com outra roupagem que abre a possibilidade de a série um dia retornar.

Em meio à discussão central sobre de que adianta observar sem que a observação leve à verdadeira compreensão do que está sendo observado, ajudou muito ver a trinca “vilã” de Vigias de armadura e com armas holográficas saindo na pancadaria franca e aberta com Uatu e sua  quadra de ases magicamente transformada também em Vigias (um pouco fácil e conveniente demais, sem dúvida, mas mesmo assim divertido) e que ocupa grande parte da duração do episódio. Considerando que leio quadrinhos há um milhão de anos, a imagem do Vigia como um ser calmo, impassível, mas que volta e meia dá aquela ajudinha esperta aos heróis não combina em absolutamente nada com o que o episódio mostra e eu achei isso sensacionalmente divertido. Rasinho, lógico, mas mesmo assim uma demonstração de “raiozinhos coloridos saindo das mãos de bonequinhos” muito divertida, e ao sacrifício máximo de uma Peggy Carter sendo o que ela sempre foi, uma personagem que, se pensarmos desde a primeira vez que a vimos no UCM, ganhou uma baita evolução ainda que, tecnicamente, essa Peggy não seja a mesma daquela outra Peggy.

Foi também uma ótima sacada não só fazer uso do Ultron do Infinito para abrir o episódio, em que ele também se sacrifica com ecos de Thanos esmigalhando a cabeça do Visão, como também do Estranho Supremo ou do universo que ele criou e no qual ele reina absoluto, mesmo que de forma incorpórea, já que isso retorna tanto aos dois vilões mais poderosos criados na série, como efetivamente dá aquela sensação de uma narrativa circular, com a aparência de ter sido pensada dessa forma desde o começo, mesmo que não tenha sido (e eu não sei realmente se foi). Uatu reassume sua personalidade original, de pupilo torna-se mestre e, de quebra, ganha companheiras humanas igualmente poderosas, com todos eles, ao que tudo indica, sendo observados por uma Peggy Carter transformada em algo diferente, acima de todos, talvez literalmente Aquela Acima de Todos. Em resumo, um final digno de uma série que continuo gostando muito mesmo considerando que a última temporada foi claramente a mais fraca das três.

What If… What If? (29 de dezembro de 2024)
Direção: Bryan Andrews
Roteiro: Matthew Chauncey, Ryan Little
Elenco: Jeffrey Wright, Hayley Atwell, Jason Isaacs, Devery Jacobs, Alison Sealy-Smith, Natasha Lyonne, Ross Marquand, D. C. Douglas, Darin De Paul
Duração: 34 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais