Home Colunas Lista | Star Trek: Lower Decks – 5ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Star Trek: Lower Decks – 5ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Audaciosamente chegando aonde nenhuma outra série da franquia esteve.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada
e da série como um todo:

(não é uma média)

  • Há spoilers.

Eu jamais imaginaria que um dia veria uma série animada de comédia focada nos personagens de fundo da franquia Star Trek e que, ainda por cima, ela seria canônica na mitologia. E Mike McMahan não apenas fez isso, com entregou – acho que agora já posso afirmar com todas as letras – uma das melhores obras audiovisuais de tudo o que já feito nesse universo, contando aí todas as séries modernas, as clássicas e até toda a série de filmes, seja no universo padrão, seja no Linha Temporal Kelvin. Star Trek: Lower Decks é puro Star Trek, mas com a total consciência do que é Star Trek, ou seja, uma criação maravilhosa, mas repleta de idiossincrasias, loucuras, trasheiras e tosquices embaladas  como alta ficção científica, mas que nem sempre consegue ser.

Sob diversos aspectos, diria até mesmo que Lower Decks é uma síntese de Star Trek, quase como se a série fosse – em retrospecto, obviamente – a convergência natural de tudo o que foi criado desde o merecidamente comemorado dia 08 de setembro de 1966, quando The Man Trap foi ao ar. E, em sua quinta e última temporada, cancelada arbitrária e injustamente pela Paramount e que forçou McMahan a adaptar o derradeiro episódio para servir de encerramento, o showrunner acaba por cima, entregando o melhor ano de uma série que simplesmente não teve anos ruins ou mesmo apenas bons. Usando o misterioso aparecimento de fissuras dimensionais como a história macro, a temporada transita entre episódios soltos e outros que desenrolam a referida narrativa que, vale mencionar, lida com o multiverso como nenhuma produção de tempos recentes – em que esse artifício virou moda e muleta narrativa – conseguiu lidar.

Cada personagem da quadra inicial de personagens, adicionada da quinta personagem, a vulcana T’Lyn, ao mesmo tempo mantêm suas características, além de, como é raro ver em séries animadas, ganharam excelentes desenvolvimentos, seja com Mariner encontrando-se como líder e uma rebelde com causa, Boimler inspirando-se na sua contrapartida extradimensional de barba, mas assumindo sua própria personalidade, Tendi abrindo mão de seu legado pirata para abraçar de vez a Frota Estelar, Rutherford finalmente abrindo mão de seus implantes cibernéticos e T’Lyn encontrando um meio-termo entre sua herança lógica vulcana e seus amigos repletos de sentimentos e emoções que falam mais alto que a razão. A temporada final pode não ter sido imaginada como tal, mas ela sem dúvida funciona assim, mesmo que o desejo de qualquer espectador que tenha um coração batendo deseje ver mais desses personagens, seja em um retorno da série como aconteceu mais de uma vez com Futurama, spin-offs ou mesmo longas animados para streaming.

Star Trek: Lower Decks se despede no ponto alto desses cincos anos de missões e a sensação é, inegavelmente, agridoce, pois, de um lado fica evidente que ela poderia continuar com esse nível e, de outro, chega ao término em plena forma, algo que cada vez menos séries de muitas temporadas conseguem fazer justamente pela produção não saber como terminar. Agora é esperar para ver como será o futuro de Star Trek nas mãos de uma enfraquecida Paramount nesse cenários de frenéticas fusões e aquisições no mundo do entretenimento.

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês. Qual foi seu preferido? E o que menos gostou? Mandem suas listas e comentários!

10º Lugar:
The New Next Generation

5X10

O episódio que encerra Star Trek: Lower Decks é tão somente um lembrete de que a série simplesmente tinha ainda muito para oferecer aos espectadores, podendo muito facilmente ficar no ar por no mínimo mais duas temporadas, ainda que, pelo seu formato e por ser animação, fosse perfeitamente possível que ela continuasse indefinidamente. Mas não se pode ter tudo na vida e é pelo menos uma felicidade constatar que Mike McMahan, que não exatamente tinha The New Next Generation planejado como o capítulo final, fez da quinta temporada o melhor ano da série e a levou a um término digno que encerra a história macro e funciona como homenagem à franquia como um todo e a Lower Decks em especial, tirando a Cerritos oficialmente do pano de fundo da Frota Estelar e trazendo-a para a frente de combate de forma que ela, como último gesto, possam salvar o universo de seu próprio e caótico jeito.

9º Lugar:
Of Gods and Angles

5X06

Of Gods and Angles pode ser um filler e, talvez mais problemático ainda, um filler no começo da segunda metade da última temporada da série, toda, mas, como eu costumo dizer, filler bom não tem momento certo ou errado para ser inserido. Filler bom é filler bom e ponto final, até porque Lower Decks não é para ser uma série que foca em uma linha narrativa central, mas sim em diversas histórias autocontidas que, de uma forma ou de outra, conversam entre si. E, com isso, a contagem regressiva para o fim realmente começou, mas a série, pelo jeito que a temporada está indo, tem tudo para acabar em seu ponto alto!

8º Lugar:
Upper Decks

5X08

A premissa de Lower Decks é brilhante, como não me canso de afirmar. E uma de suas mais diretas inspirações foi, claro, o querido episódio 7X15 de Star Trek: A Nova Geração, intitulado justamente Lower Decks, que é dedicado ao elenco de fundo da Enterprise-D. E, assim como ele veio à luz na última temporada da segunda série live-action da franquia, eis que seu exato oposto, Upper Decks (Comandantes, no Brasil), surge na última temporada da segunda série animada da franquia, em um paralelismo de se aplaudir e que tem um timing perfeito, já que a série comandada por Mike McMahan já está consolidado o suficiente para se permitir a visão contrária, ou seja, uma “espiada” no cotidiano dos oficiais mais graduados da Cerritos, com os protagonistas da série aparecendo só como artifício de enquadramento.

7º Lugar:
Starbase 80

5X05

Apesar de ter criado uma excelente mitologia própria, Star Trek: Lower Decks é, sem dúvida alguma, uma série concebida para ser um comentário sobre a célebre e rica franquia de que faz parte e, por isso, um de seus mais fortes e profundos alicerces é a utilização cirúrgica de referências a tudo de Star Trek, do mais óbvio ao mais obscuro, sempre como parte do impulsionamento de narrativas inteligentes e cativantes. A Base Estelar 80 é um dos elementos criados por Mike McMahan para sua série, e, com ela finalmente materializada depois de diversas temporadas em que ela era mencionada entre sussurros e exclamações de medo como algo horroroso, indesejável, assustador mesmo, basicamente o lugar para aonde membros da Frota Estelar vão para serem esquecidos, descobrimos que ela é, na prática, um repositório de tecnologia antiga desse universo que se torna, então, um rico filão referencial a ser aproveitado no episódio.

6º Lugar:
The Best Exotic Nanite Hotel

5X03

The Best Exotic Nanite Hotel é mais um hilário e muito bem concatenado episódio da série que mostra novamente que Mike McMahan sabe como ninguém lidar com histórias paralelas com direito até à convergência surpresa final, tropos narrativos da franquia como um todo e, claro, citações à cultura pop que são quase inacreditáveis de tão bem feitas. Faltam apenas sete episódios para a série acabar e eu já estou triste só de imaginar que, ano que vem, não terei mais Lower Decks para aguardar ansiosamente.

5º Lugar:
A Farewell to Farms

5X04

A dinâmica dos dois humanos da Frota Estelar com os dois Klingons é excelente, pois Mariner simplesmente não abre mão de ajudar seu amigo que, claro, hesita fortemente em aceitar, e Boimler parece o proverbial “pinto no lixo” com todo o seu conhecimento enciclopédico sobre os rituais Klingon. E a brincadeira do roteiro justamente com o vocabulário Klingon e todas as suas leis, ritos, costumes e assim por diante, recheando os diálogos de palavras que uma pessoa “normal” não tem a menor condição de entender e fazendo referências a todo tipo de obscuridade possível, inclusive um antigo jogo em VHS (sim!!!), canonizando-o no processo, é um primor narrativo que converte a violência e truculência Klingon em elementos cômicos e satíricos impagáveis, com Ma’ah realmente revelando-se como um personagem que ecoa, de seu modo, os valores de Worf.

4º Lugar:
Shades of Green

5X02

E, fazendo uma bela dobradinha com o primeiro episódio da temporada, Shades of Green desenvolve elementos introduzidos por lá e, dividindo a narrativa desta vez em três, lida com Mariner e Boimler em um vértice, Rutherford e T’Lyn em outro e, finalmente, as irmãs D’Vana e D’Erika no terceiro, criando mais uma vez histórias independentes que surpreendentemente convergem no encerramento, criando um bem trabalhado início do fim da série. Na verdade, estes dois episódios tão bons logo no começo da derradeira temporada de Lower Decks acaba deixando um gosto agridoce pela decisão do Paramount+ de encerrar uma jornada que poderia muito facilmente durar pelo menos mais duas temporadas, só para chegar nas tradicionais sete das séries dos anos 80 e 90 da franquia Star Trek.

3º Lugar:
Fully Dilated

5X07

O episódio é um primor narrativo, diria, com todo esse “ano em 52 segundos” das três personagens femininas ganhando uma real proporção de vida vivida, do tipo que o espectador compra com facilidade e, mais do que isso, deseja ver mais dela na telinha, como uma temporada toda dentro de outra temporada. As características de cada uma das personagens é trabalhada e retrabalhada, com o tempo de permanência delas no planeta funcionando como belas sessões de terapia particulares para cada uma delas e também como terapia de grupo, em que a rebeldia de Mariner ganha relevo e qualificação, com o treinamento de D’Vana falando mais alto até ela perceber o mal que isso lhe causa e, finalmente, T’Lyn, mesmo com toda sua lógica vulcana, sendo talvez mais completamente humana que as outras duas.

2º Lugar:
Dos Cerritos

5X01

Dos Cerritos é um episódio exemplar na forma como conta duas histórias tematicamente alinhadas, mas completamente separadas, que conseguem manter o espectador interessado em cada uma delas, sem que seja fácil identificar a narrativa “menos importante”. O roteiro é cuidadoso em criar histórias completas, independentes e importantes para a série como um todo, a primeira lidando com o que pode ser “um futuro” de Mariner se ela caminhar na direção da capitania de uma das naves da Frota (além dos vislumbres do potencial de Boimler e o que Rutherford pode se tornar sem Tendi ao seu lado) e outra desenvolvendo Tendi ainda mais em seu lado Órion de ser. Se eu tenho uma reclamação é que cada uma dessas linhas narrativas merecia seu próprio episódio para ser desenvolvida com os detalhes que precisava. Seja como for, esse foi, definitivamente, um grande começo para a derradeira temporada de Lower Decks!

1º Lugar:
Fissure Quest

5X09

Eu poderia falar muito mais de Fissure Quest, pois é espetacular reparar nas interações bem trabalhadas das versões alternativas dos personagens que conhecemos e, também, na forma como a ação não perde o ritmo por um segundo sequer, mas tenho para mim que esse é um episódio que simplesmente desafia convenções, que faz milagre com seus parcos 28 minutos graças a uma direção irretocável de Brandon Williams e que entrega uma história que podemos chamar de completa – com começo, meio e… quase fim – com personagens completamente “novos”, incluindo aí esse Boimler Clone bem mais maduro. O melhor que o espectador tem a fazer é rever Fissure Quest e, depois, rever mais uma vez. Esse é um episódio que merece toda a reverência possível.

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