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Lista | Melhores Leituras em 2024: Quadrinhos – Pedro Roma e Kevin Rick

Saladas da Nona Arte.

por Kevin Rick
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Esta lista NÃO é apenas de leituras de obras lançadas em 2024, seja no Brasil, seja no exterior. Claro que podem aparecer algumas lançadas neste ano, mas a proposta é apenas ranquear as melhores leituras ou releituras de janeiro a dezembro, independente de quando o volume em questão chegou ao mercado. Clique nos links dos títulos para ler as críticas! Já deixo também o convite para vocês compartilharem nos comentários as suas listinhas de 10 melhores leituras de QUADRINHOS em 2024! E caso queiram ver as nossas outras listas sobre o tema, clique aqui!

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PEDRO ROMA

Esse ano, assim como em toda a década dos anos 2020 até aqui, tem sido excelente para aqueles que apreciam a nona arte. Os lançamentos de editoras como Pipoca e Nanquim, Comix Zone, Veneta, Darkside ou a ressuscitada Conrad, entre outras, garantem o frescor de novos lançamentos em uma dinâmica que nosso Brasil simplesmente não havia experimentado anteriormente. De grandes mestres como Oesterheld a novos quadrinistas como  Paco Roca e Zoe Thorogood, temos em nossas mãos obras inestimáveis que de quebra ainda possuem ótimo acabamento editorial. Apesar de não ter colocado em minha lista histórias de super – heróis (acho Batman e Dylan Dog: A Sombra do Morcego mais um quadrinho Bonelli que da DC Comics) ou muitos mangás de linha, gostaria apenas de comentar que o valor de ambas as publicações continua bem alto e que, pelo que pude perceber indo às bancas de jornal e em fóruns, os velhos Comics norte americanos não tem conseguido renovar muito bem seus públicos, sejam da Marvel ou da DC, o que me parece perigoso. Vamos aguardar o que o futuro nos reserva, sempre com lançamentos de qualidade e novos quadrinhos vindos do mundo todo, inclusive do Brasil, em nossas estantes. Boas leituras.
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10º – Batman e Dylan Dog: A Sombra do Morcego

Roberto Recchioni, Werther Dell’ Edera e Gigi Cavenago | Itália, EUA | 2024

Com uma inusitada união entre o maior detetive da DC comics e o maior investigador sobrenatural da Bonelli, Batman e Dylan Dog: A Sombra do Morcego tem em seu time tanto um roteirista como um desenhista nomes importantes dos quadrinhos italianos, o que proporciona uma história sem os vícios e as enrolações das comics norte-americanas. Direto ao ponto, o quadrinho ainda conta com a participação de John Constantine e Etrigan. Vale muito a pena.

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9º – O Abismo do Esquecimento

Paco Roca e Rodrigo Terrasa | Espanha | 2023

“A democracia foi cimentada sobre o esquecimento”. Com essas palavras notamos que a nova obra de Paco Roca em colaboração com Rodrigo Terrasa toca novamente em um tema muito caro ao autor, o da memória coletiva, ao abordar a busca de uma mulher, já idosa, pelos restos mortais de seu pai, vítima da ditadura franquista.

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8º – É Solitário no Centro da Terra

Zoe Thorogood | Reino Unido | 2022

Zoe Thorogood corajosamente nos presenteia com uma poderosa autobiografia sobre sua convivência com a depressão. Se valendo de uma narrativa metalinguística a autora cria uma história de puro fluxo de consciência onde passado e presente se juntam as várias personas que a autora toma para si de forma a representar seus vários estados pessoais que a ajudam resistir a essa terrível doença.

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7º – As Guerras de Lucas

Laurent Hopman e Renaud Roche | França | 2023

A verdadeira guerra estelar de George Lucas para produzir sua grande obra, Star Wars é a grande temática desse quadrinho que aborda de forma intensa e com excelente narrativa uma história de determinação em meio a todos os problemas enfrentados pelo diretor, de prazos impossíveis, financiamento, problemas com atores e equipe e até mesmo o de filmar no deserto.

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6º – Pedacinhos

Shintaro Kago | Japão | 2009

Shintaro Kago com suas artes absurdamente detalhadas e perturbadoras, dono de uma imaginação imbatível, se fixou como um dos grandes nomes do Ero Guro no Japão e conquistou o Brasil com seu estilo único. Nesse mangá ele nos apresenta ao mesmo tempo uma narrativa de serial killer enquanto desenvolve outra em que o próprio autor e seu processo criativo são os protagonistas, indo do grotesco ao nonsense para falar sobre arte e criação.

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5º – Alef Thau – Omnibus

Alejandro Jodorowsky, Arno e Al Covial | França | 1983 – 1998

Jodorowsky em colaboração com Arno e Al Covial lançaram entre os anos 80 e 90 um grande clássico nem sempre muito reconhecido pelo público brasileiro. Alef Thau conta a insólita história de uma criança que nasce sem membros e que ao longo de sua jornada irá, um a um, ganhar seus braços e pernas. Subvertendo a lógica da jornada herói, Alef é uma poderosa história sobre auto – conhecimento e crescimento emocional.

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4º – Os Filhos de El Topo

Jodorowsky e Ladrönn | França | 2016

Jodorowsky nos anos 70 abalou o mundo com seu excelente filme El Topo, o qual, anos depois, ele quis fazer uma continuação, mas não encontrou apoio nas produtoras de cinema. Assim como seu Duna a solução foi quadrinhos, resultando em uma excelente história com todos os elementos que fizeram Jodorowsky conhecido, violência, esoterismo, erotismo e arte.

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3º – Drácula, Frankenstein e Outras Histórias

Guido Crepax | França | 1987 e 2002

Em mais um resgate sem tamanho a editora Pipoca e Nanquim trouxe ao público brasileiro novas histórias do mestre Guido Crepax, dono de uma narrativa e traços únicos, esse verdadeiro mestre da nona arte influenciou e influencia até hoje grandes nomes dos quadrinhos. Imperdível.

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2º – Canções do Cisne

W. Maxwell Prince, Martin Simmonds, Caspar Wijngaard, Filipe Andrade, Caitlin Yarsky, Alex Eckman-Lawn e Martín Morazzo | EUA | 2023 – 2024

Em um tocante retrato sobre a perpétua finitude que permeia todas as coisas da vida, o autor W. Maxwell Prince nos apresenta seis histórias sobre termos seja da vida, do mundo, de um relacionamento ou ainda de um pequeno ciclo que precisa chegar ao fim. Com um time de excelentes ilustradores que se fazem valer de uma série de técnicas diferentes de ilustração para darem sua própria voz aos contos, Canções do Cisne é uma obra prima sem comparações.

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1º – O Eternauta

Héctor Oesterheld e Francisco Solano López | Argentina | 1957 – 1959

A obra prima do quadrinho argentino, O Eternauta, é uma daquelas produções que conseguem representar precisamente o tempo e contexto em que foram produzidas. Em meio a crescente repressão promovida pela ditadura militar argentina da época, o quadrinho valoriza o herói coletivo, a luta de um povo e sua resistência contra invasores vindo de fora para exterminá – los. Sem dúvidas é uma das mais doloridas representações das opressões de uma ditadura e também um dos melhores quadrinhos do mundo. Merece o primeiro lugar dessa lista.

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KEVIN RICK

Meu ano de 2024 com quadrinhos foi bastante atípico para mim. Me afastei quase que completamente de mangás, apenas acompanhando uma ou outra série semanalmente (que não entraram na lista). Fiz apenas uma releitura do primeiro volume de Slam Dunk para poder voltar para a série esse ano. Também não li praticamente nada da Image Comics, minha editora favorita, com exceção do último volume de Saga. Muito por falta de tempo, acabei focando na linha do novo Universo Ultimate (denominado Terra-6160) da Marvel, que venho acompanhando para o site e em outros lançamentos que peguei por curiosidade após críticas no site de outros colunistas.

Meu projeto para 2025 é me afastar um pouco dos super-heróis, com exceção da linha Ultimate da Marvel, e voltar para onde meu coração de leitor de HQs é mais aquecido: em obras independentes; e, se tudo der certo nesse ano, com foco especial na Image Comics, Bonelli e Shonen Jump – com um olharzinho para o conteúdo da última década da Valiant. Boas leituras, pessoal! Fico no aguardo das listas de vocês!
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10º – Ultimate Pantera Negra (2024) – Vol. 1

Bryan Hill | EUA | 2024

Seguindo a nova linha Ultimate da Terra-6160, temos o desfecho do primeiro volume da versão alternativa do Pantera Negra. Como meu colega Ritter Fan expôs na crítica da primeira edição da obra, o roteiro de Bryan Hill não traz nada efetivamente novo ou inesperado para T’Challa. É, com certeza, uma versão diferente do que estamos acompanhando na linha principal da Marvel atualmente, mas que evoca o trabalho de Ryan Coogler no Universo Cinematográfico Marvel e, em menor medida, a execução moderna de Ta-Nehisi Coates nos quadrinhos de alguns anos atrás. Em síntese, somos apresentados a uma Wakanda ainda escondida do mundo e que tem sua posição secreta em perigo por conta de uma ameaça externa, dessa vez na forma de Ra e Khonshu, entidades em sua forma humana que coletivamente chamam-se Cavaleiro da Lua e que fazem parte do círculo interno do Criador.

9º – Slam Dunk – Volume 1 [Releitura]

Takehiko Inoue | Japão | 1991

No fim, pode ter sido minhas expectativas exageradas ou o fato de que o primeiro volume tem realmente aquele caráter mais introdutório, com apresentação de personagens, cenários e pistas da história, mas considero o início de Slam Dunk bastante comum e convencional. Respeito a inteligência do autor em utilizar arquétipos e “sacrificar” sua própria narrativa em prol de atenção e recompensas futuras, mas temos que analisar o volume pelo que ele é: meio bobinho e muito clichê, com bons momentos e personagens divertidos. Vejo, porém, todo o potencial que conquistou fãs no mundo todo, com uma provável história de paixão pelo basquete e de um protagonista relacionável e intrigante mesmo em seu arquétipo do punk encontrando um objetivo, com o nono capítulo sendo uma virada de chave dramática e temática do mangá. Vamos ver os próximos volumes!

8º – The Ultimates (2024) – Vol. 1

Deniz Camp | EUA | 2024

Os insurgentes perdem a primeira batalha, mas Camp faz um ótimo trabalho em construir o grupo, gradativamente passando por cada personagem, como se encaixam nessa revolução e como foram impactados pelas mudanças do Criador. Ainda é um volume que fica emperrado em uma narrativa quase que unicamente de preparação e de introdução, mas que nos envolve bem com a luta dos personagens e que expande com qualidade esse novo universo, além de ser inteligente na maneira que não enquadra nossos personagens como heróis, seja do olhar dos civis (que os consideram criminosos) ou deles mesmos. Com o grupo efetivamente completo, o próximo volume tem tudo para ser ainda melhor, principalmente quando pensamos que a história é uma corrida contra o tempo.

7º – Ultimate Universe: One Year In

Deniz Camp | EUA | 2024

Então, mais importante do que os contextos e detalhes apresentados, o one-shot enfatiza o quão terríveis são os antagonistas neste universo e nos preparam para um novo ano que deve ser uma derrocada ainda maior nas crueldades do Criador e seus lacaios. Essa sensação de intriga, de tons amorais e de uma história verdadeiramente corajosa dentro da Marvel perpassam essa ótima HQ, que brinca com a ideia de prelúdios de “Ano Um” para nos mergulhar dentro do primeiro ano dessa linha narrativa que, na verdade, tem décadas de controle, de sofrimento e de maldade. Vai ser muito bacana continuar acompanhando essas obras e, agora, como Nick Fury vai se encaixar nessa luta.

6º – Meu Amigo Robô (graphic novel)

Sara Varon | EUA | 2007

Como não há falas, Varon secciona sua graphic novel em pequenos trechos bem definidos que contam uma história única, com sua arte muito simples, mas também muito eficiente (interessantemente, ela diz que tende a usar personagens não-humanos porque ela acha que não desenha bem humanos), facilitando a fluidez da progressão narrativa. Não é sempre que ela acerta em cheio nas transições ou nas motivações dos personagens, mas o conjunto de sua obra transmite verossimilhança e, mais ainda, honestidade. Meu Amigo Robô definitivamente não é o tipo de história que se espera de uma obra mirada no público infantil, mas tenho para mim que é justamente essa abordagem mais real que os pequenos deveriam enfrentar com mais constância mesmo em suas tenras idades, pois, não podemos esquecer, eles são muito mais fortes e resistentes do que achamos que são.

5º – Batman: A Era Sombria

Mark Russell | EUA | 2024

Batman: A Era Sombria é mais uma fascinante reimaginação do mito do Batman que o aproxima mais de uma versão realista do herói, mesmo que os visuais do casal Allred contribuam para o lado mais fantasioso, gerando um bom equilíbrio. Mark Russell acerta novamente em seu roteiro ousado e na criação de seu muito próprio e diferente multiverso. Resta agora torcer para que equipe retorne à proposta para trabalhar os demais heróis da DC que vemos tão rapidamente nas páginas em que a Liga da Justiça aparece.

4º – Ultimate Homem-Aranha (2024) – Vol. 1

Jonathan Hickman | EUA | 2024

Depois de um início que abraçou todos os fãs do Teioso em Ultimate Homem-Aranha #1,  nos apresentando um Peter Parker adulto, casado com Mary Jane, trabalhando como fotógrafo junto de seu tio Ben (e do J. Jonah Jameson!), de barba e ainda por cima com dois filhos, Jonathan Hickman passa o restante do primeiro volume da nova versão do Homem-Aranha focando exatamente no grande diferencial da sua história: dinâmicas familiares. Não vou me estender muito na premissa da obra, uma vez que meu colega Ritter Fan já se debruçou no histórico do personagem e nos conceitos propostos por Hickman em sua crítica da edição inaugural, mas, para contexto, estamos diante do Peter Parker da Terra-6160, em um universo que o Criador apagou a existência dos super-heróis. Após receber os poderes e o conhecimento do Homem-Aranha através de um jovem Tony Stark (que está levantando uma revolução super-heroica), Peter decide assumir o manto de maneira “tardia”.

3º – Ultimate X-Men (2024) – Vol. 1

Peach Momoko | EUA | 2024

Esse aspecto de novidade é o diferencial da HQ de Momoko, que efetivamente se aproveita dos conceitos do Universo Ultimate para reimaginar e reinventar o que conhecemos sobre esses personagens e sobre essa equipe, tanto narrativamente quanto tematicamente. Gosto de basicamente todas as ideias da autora, passando pela presença maligna do Shadow King, a atmosfera cadenciada de horror psicológica, a inspiração em temas japoneses e o desenvolvimento de um arco sombrio dentro de uma embalagem teen, todos elementos que transformam a obra em uma pequena joia de diversidade cultural dentro da Marvel. Por fim, o ritmo mais lento da história é recompensado na edição final, que traz grandes revelações, incluindo uma reimaginação da Arma X, preparando o terreno para um segundo volume cheio de potencial.

2º – Saga – Volume Onze

Brian K. Vaughan | EUA | 2023

Saga, por melhor que seja – e o trabalho de Vaughan e Staples continua do mais alto nível –  precisa levar seus personagens a uma convergência efetiva mais uma vez, pois o tratamento deles em bolhas quase que completamente independentes cria a sensação de claudicância, de falta de desenvolvimento e de uma tentativa de esticar a história para além do que ela deveria ir. Não se enganem, pois foi enormemente prazeroso ler o Volume Onze, mas o caminho desse retorno da série depois do hiato ainda parece mais disperso do que deveria ser, criando pontas que arriscam esgarçar a “intimidade expansiva” do universo criado. Mesmo assim, digo e repito que, quando tudo finalmente acabar, Saga estará no Panteão da Nona Arte!

1º – Helen de Wyndhorn

Tom King | EUA | 2024

Apesar de Helen de Wyndhorn ser algo raro de se ver por aí nos quadrinhos semi-mainstream e apesar de Tom King deixar o final preparado para um retorno a esse universo, ainda que apenas uma fresta, tenho para mim que a graphic novel é completa como está. Paradoxalmente, sei que darei boas-vindas e lerei mais desse mundo pela mesma dupla criativa, mas, no fundo, tenho para mim que tudo o que precisamos saber dele e de seus personagens nós aprendemos aqui e a continuada exploração cairá não na armadilha da falta de qualidade, pois confio em King e Evely, mas sim em uma fina ironia em razão dos comentários que o texto faz justamente sobre as infindáveis adaptações que são feitas de obras famosas. Já há muito o que extrair dessa leitura e o melhor que se faz é reler o material sempre que bater saudades de Helen, Barnabas e demais.

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