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Crítica | Dexter: Pecado Original – 1X02: Um Garoto Numa Loja de Doces

Servindo cafezinhos e escolhendo vítimas.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e de todo o nosso material da franquia.

Depois de um primeiro episódio que deixou bem claro que Dexter: Pecado Original, investiria em nostalgia para contar a “história de origem” do personagem titular por meio de expansões dos flashbacks da série que foi ao ar entre 2006 e 2013, Um Garoto Numa Loja de Doces vem para reiterar essa impressão caso tivesse ficado alguma dúvida na cabeça do espectador. No entanto, já aqui é possível perceber que todo o charme nostálgico que o início pode ter tido, com um Dexter de cabelo comprido na faculdade de medicina transicionando para o Dexter de cabelo curto estagiando na divisão de homicídios da delegacia de polícia de Miami, perdeu sua força e entrou no padrão da repetição descarada da estrutura da série original.

As respostas às perguntas que ninguém tinha continua a todo vapor e, agora, aprendemos que o germe da ideia de dar vazão à psicopatia de Dexter por meio do assassinato ritual de bandidos que escaparam da polícia e/ou do Sistema Judiciário vem quando o protagonista precisa pesquisar arquivos no subsolo da delegacia, logo se deparando com o assassino da mãe de um garoto que trabalhava no restaurante do primo de Angel e que provavelmente matou também o garoto, ainda que a polícia tenha considerado que foi suicídio. Ao mesmo tempo, a temporada parece dar início ao seu caso central, ou seja, o sequestro do filho de uma juíza da cidade provavelmente pelo cartel de drogas, algo que sabemos ainda muito pouco para realmente ligarmos, mesmo considerando a violência que é cortar o dedo do menino.

Essa descrição acima, obviamente, é a prova cabal de que Pecado Original cometerá o pecado (não resisti) de seguir exatamente os mesmos passos de Dexter, só que com o protagonista e outros personagens mais jovens (inclusive a arquivista Camilla Figg, vivida aqui por Sarah Kinsey) e alguns outros específicos desta série. E, como se isso não bastasse e, como eu já imaginava, os flashbacks dentro do flashback que nos levam para os anos 80 para lidar com a tragédia pessoal de Harry Morgan e sua conexão com Laura Moser (Brittany Allen), mãe dos pequenos futuros psicopatas Dexter (Eli Sherman) e Brian (Xander Mateo), serão também um padrão na série, substituindo os flashbacks de Harry com o jovem Dexter e aproximando mais ainda a nova série da estrutura da antiga de forma a não arriscar absolutamente nada. Se pelo menos Clyde Phillips não tivesse escolhido usar aquelas cores saturadas a ponto de incomodar e de maquiar Christian Slater (física ou digitalmente, não tenho certeza) transformando-o em um boneco mal feito dele mesmo, eu não reclamaria muito, mas infelizmente é o que temos.

O desajuste social do jovem Dexter na delegacia e também durante seu primeiro caso de “respingo de sangue”, que leva seus colegas a fazerem troça dele e sua chefe durona fazendo-o ser o cara que serve café são os pontos altos do clichê barato, de um roteiro que não tenta se esforçar para criar algo que engaje o espectador para além do que já foi feito antes tantas vezes em tantas circunstâncias diferentes. E é curioso como o Dexter jovem é, nesse ponto, apresentado de maneira muito semelhante à sua contrapartida adulta, ou seja, ambos “aprendendo” a se misturar com as pessoas sem o tipo de comportamento antissocial que ele tem, o que tira aquela impressão de evolução do personagem.

Correndo por fora da narrativa, vemos Debra Morgan cada vez mais incomodada pela conexão de Harry com Dexter que a deixa de fora do seio familiar, levando-a à revoltar-se. Molly Brown ainda não me convenceu como a personagem, mas tenho para mim que, na verdade, o que não me convenceu foi a linha narrativa de sua personagem, o que afeta o que estou achando da atriz. Sua revolta me parece intensa demais, injustificada demais para funcionar harmonicamente na série e parece existir unicamente para iniciar uma cadeia de eventos que gira ao redor dos brincos da primeira vítima de Dexter que certamente levará a complicações futuras, ainda que saibamos que não pode ser nada grave demais, o que é, naturalmente, um dos males de qualquer prelúdio.

Mesmo com a nostalgia bem colocada do primeiro episódio já tendo se dissipado, Um Garoto Numa Loja de Doces insiste na mesma veia e finca seus pés no chão para dizer para todo mundo que Pecado Original é a mesma coisa que a primeira série, só que com outros atores. Não sei se isso basta para a história se manter interessante ao longo de seus 10 episódios, mas minha impressão é que, para a temporada funcionar, ela precisará ter sua própria personalidade e não ser apenas um fac-símile do que já vimos.

P.s.: Alguém mais achou que aquele rapaz que pergunta se pode se sentar na mesa em que Dexter está é seu irmão Brian tentando contato anos antes de realmente voltar para a vida dele com o Assassino do Caminhão de Gelo?

Dexter: Pecado Original – 1X02: Um Garoto Numa Loja de Doces (Dexter: Original Sin – 1X02: Kid in a Candy Store – EUA, 20 de dezembro de 2024)
Desenvolvimento: Clyde Phillips (baseado na série desenvolvida por James Manos Jr. e na obra de Jeff Lindsay)
Direção: Michael Lehmann
Roteiro: Katrina Mathewson, Tanner Bean
Elenco: Patrick Gibson, Christian Slater, Molly Brown, James Martinez, Alex Shimizu, Reno Wilson, Patrick Dempsey, Michael C. Hall, Sarah Michelle Gellar, Brittany Allen, Sarah Kinsey, Jasper Lewis, Roberto Sanchez, Eli Sherman, Xander Mateo
Duração: 46 min.

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