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Crítica | Ultimate Universe: One Year In

Um novo Nick Fury.

por Kevin Rick
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A nova linha Ultimate da Terra-6160 tem sido extremamente agradável até agora, com um nível de qualidade consistente e um grande potencial para quando as histórias começarem a fluir sem tantas introduções, explicações e preparações, que acabam sendo necessárias nesse início de empreitada em um novo universo. Chegando ao final do primeiro ano dessa história, que se iniciou em janeiro com Ultimate Homem-Aranha #1, a Marvel decidiu lançar um one-shot que revela como Nick Fury se encaixa nos planos do Criador e que apresenta mais detalhes sobre o controle e o funcionamento do Conselho do Criador.

Em apenas trinta e seis páginas, Deniz Camp tece uma narrativa muito intrigante em torno de Fury passando por uma espécie de conflito moral por conta de seus atos hediondos como subordinado do Criador, com muitas insinuações sutis que ele estava sendo controlado pelo vilão. Por ser uma história bem comprimida, o texto acaba sendo um pouco expositivo com muitas narrações de Fury, mas mesmo assim a história anda com uma leitura agradável e que segura nossa atenção, principalmente pela maneira como a diagramação intercala os balões de monólogos mentais de Fury com várias montagens de flashbacks impactantes sobre as atrocidades cometidas por Fury em nome do Criador, incluindo assassinatos infantis, genocídios e diversos atos fascistas para manutenção do controle da população através de doutrinação, alienação e vigilância doméstica.

Camp é muito inteligente na maneira que faz curtas revelações e mostra pequenos detalhes sobre os membros do Conselho do Criador, sobre o passado de Nick Fury e sobre como o Criador tem exercido seu controle ditatorial mesmo preso, mas sem fazer exposições demais, mantendo segredos e intrigas no ar que prepara o cenário para o segundo ano da linha Ultimate. À medida que nos aproximamos de um incrível plot-twist que eleva MUITO a qualidade do one-shot quando Fury prepara sua traição contra o Conselho, estamos ansiosos e ansiando por mais detalhes, o que ressaltam a qualidade do texto. Não vou revelar a reviravolta por ser um spoiler muito importante, mas o momento em si é impactante e realça a perversidade do Criador e do seu Conselho, o que indica um problemão para os Ultimates e sua insurgência.

Ter Fury como protagonista do one-shot é perfeito, tanto pelo que o personagem representa para os elementos políticos e de espionagem que seguem essa nova linha Ultimate, mas também pela dualidade do super-agente que normalmente fica do lado dos heróis, mesmo fazendo escolhas difíceis. Ver essa faceta de Fury agrega muito para a mitologia do personagem, principalmente pela posição terrível que ele é colocado nessa hierarquia do Criador. A arte de Jonas Scharf e de Mattia Iacono enfatiza a qualidade de espionagem e de contrastes morais da história, com cores escuras e fortes que permeiam os painéis, sempre com uma sensação prisional e de vigilância, com destaque para agentes com rostos borrados, salas secretas e antagonistas de poder que são todos monstros – o pai do Mancha Solar é particularmente cruel aqui, mas todos do Conselho ganham bons momentos.

Então, mais importante do que os contextos e detalhes apresentados, o one-shot enfatiza o quão terríveis são os antagonistas neste universo e nos preparam para um novo ano que deve ser uma derrocada ainda maior nas crueldades do Criador e seus lacaios. Essa sensação de intriga, de tons amorais e de uma história verdadeiramente corajosa dentro da Marvel perpassam essa ótima HQ, que brinca com a ideia de prelúdios de “Ano Um” para nos mergulhar dentro do primeiro ano dessa linha narrativa que, na verdade, tem décadas de controle, de sofrimento e de maldade. Vai ser muito bacana continuar acompanhando essas obras e, agora, como Nick Fury vai se encaixar nessa luta.

OBS: O one-shot tem um pequeno prelúdio muito bom sobre a nova HQ dessa linha, que acompanhará o Wolverine, em uma versão que o carcaju é o Soldado Invernal. Se preparem!

Ultimate Universe: One Year In | EUA, 2024
Roteiro: Deniz Camp
Arte: Jonas Scharf
Cores: Mattia Iacono
Letras: Travis Lanham
Editora: Marvel Comics
Páginas: 36

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