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Crítica | Ringer – 1X01: Pilot

A trama sobre duas irmãs idênticas na pele da eterna Buffy.

por Arthur Barbosa
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 01
Número de episódios: 22
Período de exibição: 13 de setembro de 2011 até 17 de abril de 2012
Há continuação ou reboot?: Não.

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Considerada a versão americana da novela mexicana A Usurpadora (1998), a série Ringer – produzida e lançada pela emissora CW, em 2011, ao lado de Hart of Dixie – conta a história de duas irmãs gêmeas. Na trama, uma delas usurpa a identidade e a vida da outra para se proteger de criminosos, ao passo que a idêntica também guarda segredos escandalosos. Por mais brega que seja a comparação em tom de brincadeira entre o seriado e a telenovela, ela não é negativa, e sim positiva e divertida, afinal quem não curte um embate entre irmãs gêmeas, não é mesmo?! Aqui, no Brasil, também tivemos histórias de irmãs idênticas, como nas novelas Mulheres de Areia (1993) e Paraíso Tropical (2007) e, entre desavenças e intrigas familiares, havia, é claro, a gêmea mocinha e a gêmea vilanesca. Logo, o público brasileiro, que acompanhou a trama – protagonizada por Sarah Michelle Gellar, a eterna Buffy, de Buffy – A Caça Vampiros (1997) – por já estar acostumado nesse tipo de história, pôde se ambientar em um universo denso, elegante e sofisticado, ao ter em Ringer muito drama, ação, mistérios e assassinatos.

O enredo é a respeito da vida de Bridget Kelly (Sarah Michelle Gellar), uma ex-alcoólatra e garota de programa, a qual trabalhava em um clube gerenciado pela máfia. Após presenciar um assassinato, ela passa a ser a única testemunha-chave capaz de incriminar um dos chefões poderosos. Com medo, então, a participante de um grupo de Narcóticos Anônimos foge antes de testemunhar no tribunal do júri, comportamento que permitiu que o criminoso pudesse permanecer livre, e não atrás das grades. Consequentemente, ele também poderia ir ao encontro dela para acabar de forma definitiva com o testemunho. Desse modo, a partir da fuga, Bridget tornou-se o alvo primordial dos bandidos perigosos e violentos. Em meio a isso, a única alternativa que lhe sobrou foi pedir ajuda para a sua irmã, Siobhan Martin (Sarah Michelle Gellar), ambas afastadas uma da outra por muitos anos e, justamente por isso, pouquíssimas são as pessoas que detém dessa informação um tanto confidencial.

Já Siobhan é casada com Andrew Martin (Ioan Gruffudd, conhecido pela sua atuação no filme Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, de 2007), um rico empresário que passa a maior parte do tempo viajando a trabalho. Embora tenham uma vida confortável, ou seja, repleta de riqueza e luxuosidade – incluindo ainda na família Juliet Martin (Zoey Deutch), sua enteada -, ela não é uma mulher feliz, uma vez que o velho ditado impera na vida dela: “dinheiro não traz felicidade!”, mas traz ambição, poder e mentiras. E por falar em mentiras, uma delas reaparece em sua vida: a sua irmã, a qual acaba deixando a sua idêntica desaparecer durante um passeio de barco, supostamente após se afogar durante a noite. E que efeito especial da água foi aquele apresentado nas cenas, por meio da Chroma Key, o famoso Fundo Digital? Uma verdadeira montagem a nível CW, um horror, caracterizado por ser literalmente uma montagem, inclusive, muito mal produzida. A partir desse acontecimento, portanto, Bridget assume a identidade da irmã rica, tendo que se comportar e conviver na rotina dos ricaços. Desse modo, em meio a um novo marido não digno de confiança, ela ainda tem um amante escritor, o qual é casado com uma de suas melhores amigas, chamado Henry Butler (Kristoffer Polaha), ao passo que a traída se chama Gemma Butler (Tara Summers), ambos formando um casal muito rico, também.

Para complicar ainda mais a vida da farsante, Kelly descobre que a sister é uma mulher procurada por alguém muito perigoso, não se sabe quem é realmente, mas são criminosos perigosos, fazendo com que a nova vivência de Bridget seja um verdadeiro inferno, mais uma vez. Com essa premissa, podemos perceber que é uma história no mínimo interessante, em que somos ambientados em uma trama repleta de segredos entre os personagens. Gellar merece atenção apesar de não ter sido o melhor retorno da atriz após ter estrelado Buffy – A Caça Vampiros, mas ela se esforça na interpretação, sendo uma oportunidade de ela incorporar duas personagens tão distintas, sendo, assim, uma maneira de ela demonstrar a sua versatilidade artística, conforme ela afirmou em entrevistas à época do lançamento do seriado. A trama é recheada de clichês, mas eles conseguem funcionar e soar críveis, por mais que em alguns momentos houvesse a sensação de já termos visto aquilo em alguma outra série. Em contrapartida, a parte técnica chegou a ser constrangedora. É claro que o conhecido baixo orçamento da CW em comparação ao da CBS, emissora que abandonou o seriado previamente, já é de conhecimento de quem acompanha seriados desde 2010, contudo chegou a ser cômico as cenas do barco, por exemplo, conforme eu já havia adiantado logo acima.

Somado a isso, ao longo do primeiro episódio de Ringer houveram cortes que incomodaram para quem estava assistindo, tornando, dessa forma, o ritmo da história lento e desconfortável de se acompanhar. A impressão é que eles tentaram apresentar a maior parte dos plots [enredos] sobrepondo-os uns por cima dos outros em uma rapidez desnecessária. Outro momento um tanto engraçado foi acompanhar as cenas do personagem Agente Victor Machado, interpretado pelo ator Nestor Carbonell – o Richard Alpert de Lost -, pois, ao mesmo tempo em que ele não envelhece, o artista continua utilizando o mesmo lápis de olho da época em que ele atuou na série de mistério citada. Por falar em momentos em que eu dei risadas, retorno mais uma vez na cena do barco, com a Kelly gritando desesperadamente a plenos pulmões: “Shivóóóón” pra lá, “Shivóóóón” pra cá! Coitada: perdeu a irmã, mas, em compensação, ganhou um marido bonitão para chamar de seu e de mais ninguém, risos.

Portanto, mesmo com o clima de novela, juntamente a uma fraca edição e habituais clichês de roteiro, Ringer é uma ótima indicação para quem gosta de uma trama meio mexicana com ares norte americanos. Essa minha indicação pode estar soando tosca, afinal de contas a série foi cancelada por apresentar todas as falhas mencionadas e, com isso, obteve uma baixíssima audiência, mas uma trama envolvendo irmãs gêmeas em conflito é sempre bom em acompanhar. Na época, até houve uma campanha nas redes sociais com o uso da hashtag #SaveRinger – principalmente no Twitter -, na tentativa de salvar o seriado do cancelamento, entretanto isso não foi o suficiente para que a CW deixasse de realizar o término da série, juntamente ao fato de a protagonista ter engravidado do seu segundo filho, característica que impediu de ela seguir em diante em interpretar as duas personagens. 

Inclusive, o planejamento inicial dos roteiristas era ter ocorrido a produção de três temporadas, e não somente uma contendo 22 episódios totais. Infelizmente, as tramas ficaram em aberto e o nosso sonho da possível reconciliação entre as irmãs não aconteceu, pois os “usurpados” fomos nós, fãs do seriado, os quais nos tornamos eternos órfãos do famoso grito por “Shivóóóón”. A série Ringer foi uma pérola da televisão, ou seja, maravilhosamente boa de tão ruim de acompanhar. Resta-nos, dessa maneira, imaginar o futuro de redenção de Bridget e a história de vingança de Siobhan.

Ringer: Pilot (EUA, 13 de setembro de 2011)
Criação: Eric Charmelo, Nicole Snyder
Direção: Richard Shepard
Roteiro: Eric Charmelo, Nicole Snyder
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Kristoffer Polaha, Ioan Gruffudd, Nestor Carbonell, Mike Colter, Tara Summers, Zoey Deutch, Darren Pettie, Zahn McClarnon, Mike Hodge, JoAnna Rhinehart, Robert Geha, Alyson Cambridge, Brian Borello, Gene Gillette, Jason Furlani
Duração: 40 minutos

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