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Crítica | The Old Man – 2ª Temporada

Uma família muito estranha.

por Kevin Rick
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O primeiro ano de The Old Man começa muito bem com a história do ex-espião Dan Chase (Jeff Bridges), um lobo solitário que precisa voltar à ativa após consequências de uma operação secreta ressurgirem. Com um tom de thriller e um estilo de ação tensa, muito bem dirigida por Jon Watts, além de um fio narrativo intrigante em seus diversos mistérios, o início da produção é promissor. Infelizmente, a reta final da temporada vai perdendo força quando essa abordagem é substituída por um estranho conflito geopolítico que parece mais dramalhão familiar do que conspiração política, algo que é mantido nessa segunda temporada.

Mais uma vez, a obra soa promissora em seus episódios iniciais da temporada. Tendo concordado em se unir para encontrar sua filha (Alia Shawkat), Dan Chase e o diretor de contra-espionagem do FBI Harold Harper (John Lithgow) entram furtivamente no Afeganistão, onde a sequestrada Emily (também chamada de Angela e Parwana) foi trazida por seu pai biológico Faraz Hamzad (Navid Negahban), que controla uma mina com recursos desejados por vários países. O sequestro de Emily ameaça a estabilidade do local controlado por Hamzad, incluindo seu relacionamento com o governo americano e com o Talibã.

O núcleo em torno de Chase e Harper buscando Emily traz de volta um pouco do thriller que fazia parte da proposta original da produção, com uma construção tensa e cheia de suspense em volta da missão em um território hostil, passando por traições, caminhos escondidos e outros bons clichês de obras de espionagem. O problema é que esse bloco dura pouquíssimo tempo, dando espaço para o principal foco do restante da temporada: o conflito de Emily ao descobrir suas raízes e o que é gerado a partir de sua presença na casa de Hamzad.

O que segue a partir disso tem algum potencial dramático, mas o texto da temporada força demais uma mudança abrupta de Emily, que basicamente vai de uma espiã americana para uma afegã devota e pronta para se sacrificar por pessoas que acabou de conhecer. Seu relacionamento com o pai biológico acontece subitamente e sem um desenvolvimento que faça sentido, com a personagem simplesmente decidindo que o ama e que irá arriscar não só a si mesma, mas como a seu pai e a família que a criou. Todas as escolhas de Chase, Harper e Hamzad são decididas para agradar a personagem, que vai gradualmente se tornando uma espécie de mulher mimada e ilógica que é realmente irritante de assistir.

O pior é como o protagonista se torna um personagem periférico, servindo quase que integralmente de um cão de caça de Emily, que inclusive no desfecho da temporada decide simplesmente usá-lo para enfrentar o mundo todo, sem nenhuma motivação que faça sentido. O arco de Chase é descartado para dar palco para essa estranha conspiração política que é sempre muito mal explicada, com muitas resoluções acontecendo em elipse (como a retomada do território de Hamzad a mando de Emily) e com países, criminosos e organizações secretas todas se rendendo para Emily e seus desejos. O seriado até tenta dar algum senso emocional para a personagem, mas, novamente, sua mudança súbita é esquisita e acontece majoritariamente através do abuso de melodramas e diálogos apelativos.

Quando chegamos ao final da temporada, parece que estamos assistindo outra série. O exercício do gênero de ação é praticamente esquecido para além de uma ou outra cena rápida com Chase matando alguns capangas, com a história tomando ainda mais um corpo de dramalhão familiar que simplesmente não convence com Emily no centro, algo que fica enfatizado de maneira negativa quando o jogo de espionagem e o conflito geopolítico em tese interessante é resumido a draminhas entre pessoas que se conhecem e clichês muito mal usados, como o mafioso Pavlovich, que é um antagonista russo genérico, ou as diversas conveniências de governos de países como China e EUA simplesmente tomando decisões que vão de acordo com o interesse de Emily por causa de recursos que pouco entendemos. Uma pena que um thriller competente acabou virando essa salada estranha.

The Old Man – 2ª Temporada | EUA, 2024
Showrunners: Jonathan E. Steinberg, Robert Levine
Direção: Jet Wilkinson, Steve Boyum, Uta Briesewitz, Ben Semanoff, Jason Ensler, Lukas Ettlin
Roteiro: Jonathan E. Steinberg, Hennah Sekander, Craig Silverstein, Elwood Reid, Daphne Olive
Elenco: Jeff Bridges, John Lithgow, Bill Heck, Leem Lubany, Alia Shawkat, Gbenga Akinnagbe, Amy Brenneman, Navid Negahban, Jacqueline Antaramian, Rade Serbedzija, Janet McTeer
Duração: 8 episódios de aproximadamente 40-60 min.

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