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Crítica | Arcane – 2X01 a 03: O Peso da Coroa / Ver Tudo Queimar / Finalmente Acertou o Nome

O rastro de destruição da Jinx.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas dessa temporada e, aqui, do restante da série.

Depois de três anos desde o final do ano de estreia, Arcane retorna para sua segunda e última temporada, algo que pode soar estranho e súbito para alguns, mas que me alegra porque não vejo razão para a história de Vi e Jinx ser esticada além dessa nova temporada, sendo que a franquia pode ter novas produções e derivados no futuro. Como aconteceu na primeira temporada, a Netflix irá lançar três episódios semanalmente, com cada trinca preenchendo um ato da história. Leiam as críticas de cada um dos episódios a seguir!

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O Peso da Coroa

Apesar do longo hiato, O Peso da Coroa volta praticamente para o mesmo ponto que a temporada anterior termina: o ataque de Jinx ao Conselho. A montagem inicial com as vítimas do evento dita o tom do restante do episódio, que varia entre algo melancólico e algo sombrio enquanto os personagens lidam com as mortes e o futuro incerto de Ladoalto quando os conselheiros precisam decidir a forma de contra-ataque. Praticamente metade do episódio é dedicada para essa abordagem introspectiva, incluindo ótimas cenas dramáticas com Caitlyn, Vi e Jayce. Gosto da paciência do texto e da direção nessas sequências, sem correr para a ação, deixando a narrativa e o desenvolvimento dos personagens respirar em seus momentos de lamentação, conflitos e dilemas, em especial Vi, dando inclusive mais dimensão para o ato de Jinx, que não aparece no episódio, mas é sentida em cada frame.

Nesse meio-tempo, também temos uma boa progressão política, especialmente com a participação de Ambessa. A presença da personagem na temporada anterior me soou deslocada na reta final da narrativa, mas aqui podemos ver melhor sua importância para a história, principalmente em torno de suas manipulações e segredos que devem vir à tona. Seu conflito com Mel ganha corpo em torno do uso da armas Hextech contra a Subferia, o que parece insinuar uma guerra civil de proporções catastróficas, bem como de um interesse de Ambessa nessa tecnologia para fins ainda desconhecidos. Mesmo de maneira comprimida, o roteiro de Amanda Overton organiza com muita eficiência o tabuleiro da temporada aqui, logo antes do clímax do episódio no memorial dos conselheiros assassinados.

Todo o memorial é uma tragédia anunciada. O texto se aproveita de alguns clichês básicos aqui (golpe público, criminosos vestidos como soldados, ajuda de um infiltrado), mas todas as conveniências são bem usadas e plausíveis dentro da narrativa, dando base para um bloco de ação extremamente bem animado. Dos tons vermelhos, o ótimo senso de urgência, as grandes coreografias e o ótimo uso de câmera lenta, temos mais um belo exemplar do espetáculo visual do seriado.

Se me permitem ser um pouco chato, às vezes o estilo de videoclipe musical me incomoda um pouco, mas de maneira geral temos uma belíssima cena de ação que dá estopim para um grande conflito entre ambas as cidades. O Peso da Coroa chega derrubando tudo ao mesmo tempo que é um episódio paciente que contextualiza e reorganiza a narrativa para o restante da temporada, além de deixar alguns ganchos intrigantes com Viktor e Singed ao final do capítulo. Veremos se as preparações serão recompensadas, mas o início, por enquanto, é ótimo.

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Ver Tudo Queimar

Como o próprio título do segundo episódio indica, estamos em um episódio focado em Jinx, que nesse ponto da história quer apenas ver o mundo pegando fogo e não liga para mais nada. A sequência inicial com a personagem e Silco na água é pura poesia visual, evidenciando ainda mais a psicopatia de uma das melhores vilãs que surgiram nos últimos anos. Logo depois, temos uma ótima montagem do caos que tomou o subterrâneo com a morte de Silco, já que seus diferentes comandantes iniciam um conflito por poder e território.

Assim como O Peso da Coroa, o texto contextualiza como os personagens estão emocionalmente após as perdas da temporada anterior, com outro destaque dramático para a sequência entre Jinx e Sevika. Talvez seja impressão minha, mas noto que os diálogos estão mais bem escritos nesse ano, mais sutis e menos expositivos, talvez porque a narrativa amadureceu junto dos personagens. Ter menos núcleos parece ter ajudado também, com a edição soando menos caótica, apesar desse episódio em si ser especialmente anárquico, passando pelas diferentes facções e a reprodução de como a Subferia está em disputa.

Gosto de todo o desenvolvimento em torno dessa abordagem, passando pela sequência da fuga de um criança, a escapada de Jinx no arcade após ver Caitlyn, Vi e o restante de seu esquadrão (com colapso emocional da vilã após ver sua irmã no uniforme) e o embate final com Smeech. A animação aqui é expressiva e sempre chama a atenção, os personagens todos bem caracterizados (o Smeech é um show de interpretação e de criatividade) e, claro, as cenas de ação são um espetáculo, com destaque para a coreografia em torno do braço mecânico de Sevika, que é totalmente customizado por Jinx, o que é evidente em suas técnicas, com a luta até ganhando um tom de humor em meio à violência.

O episódio é puramente Jinx, praticamente do início ao fim, com o drama entre as irmãs protagonistas voltando à frente do palco, o que penso ser essencial para a temporada, já que todo o restante é coadjuvante e subsidiário ao conflito entre as duas. Temos alguns desvios aqui e ali com o núcleo de Viktor, que efetivamente virou uma espécie de ciborgue, decidindo ir para o subterrâneo como uma espécie de ermitão e líder de culto quando cura alguns viciados. Confesso que toda essa linha narrativa, incluindo aí as sequências com Ekko, Jayce e Heimerdinger, me deixam confusos, talvez porque eu conheça pouco da lore desse universo, mas veremos se esse lado narrativo chama atenção e cativa da mesma forma que o conflito político e bélico entre as duas cidades.

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Finalmente Acertou o Nome

Logo de cara, o episódio que fecha o primeiro ato dessa temporada mostra ao que veio: o encontro de Vi e Jinx depois do final da temporada anterior, com o adendo da rixa entre Vi e Caitlyn. Essa pedra é cantada logo no início do episódio quando o esquadrão começa a se aproximar de Jinx e depois quando Vi pede para Caitlyn não “mudar”, mas a previsibilidade não atrapalha em nada, já que o desenvolvimento dramático entre as três personagens é orgânico e de muita qualidade. No entanto, Finalmente Acertou o Nome também traz outros elementos para além desse encontro super esperado.

Confesso que esses outros elementos me cativam e me confundem na mesma medida. Estou falando, claro, do núcleo de Ambessa e a bruxa, bem como da trama de Jayce e companhia com a Hextech. Inicialmente, a inserção de magia nesse mundo cyberpunk/steampunk me desagrada um pouco e me soa desnecessário, mas o rabo preso de Ambessa me intriga demais, com potencial para expansão de universo e para uma história bem maior por trás do conflito entre as duas cidades do seriado. O mistério aqui é provocante e instigante, com o adendo de elementos políticos e de espionagem que deixam a trama rica, passando pela revelação de que Ambessa orquestrou o ataque ao memorial e o golpe para instituir lei marcial com Caitlyn no poder.

Do lado de Jayce, as coisas conseguem ser ainda mais confusas com as runas e o Hextech, mas também noto muito potencial de desenvolvimento de mitologia aqui, sem falar do destaque visual nas sequências surrealistas e caleidoscópicas envolvendo uma orbe mutante. Gosto como tudo é envolvido em torno de poluição e exploração, trazendo muitos temas sociais em pauta sem nada soar forçado ou óbvio, em especial como o plano de Jinx é basicamente levar o gás de volta para o Ladoalto. O roteiro e a montagem precisam fazer uma ginástica gigantesca para os núcleos soarem coesos, mas penso que a produção encontra sucesso e ainda por cima produz uma justaposição cinemática extremamente marcante entre a batalha de Vi, Jinx e companhia, enquanto Jayce e os outros passam pela maior viagem de ácido da história.

O mais impressionante, porém, talvez seja como todos esses elementos fantásticos continuam subsidiários ao conflito dramático entre Vi e Jinx, que, como disse no início da crítica, é o clímax do episódio e continua sendo o coração da narrativa. Dessa forma, a batalha na reta final não é apenas outro espetáculo visual técnico, mas tem peso emocional, tem dilemas morais e éticos, e tem grandes desenvolvimentos para personagens complexos. Finalmente Acertou o Nome é um final de ato extremamente impactante e que deixa mais perguntas do que respostas para a próxima trinca de episódios da semana que vem, da qual mal posso esperar.

Arcane – 2X01 a 03: O Peso da Coroa / Ver Tudo Queimar / Finalmente Acertou o Nome (2X01 a 03: Heavy Is the Crown / Watch It All Burn / Finally Got the Name Right) | EUA, 09 de novembro de 2024)
Criador por: Christian Linke, Alex Yee (baseado no universo League of Legends)
Direção: Arnaud Delord, Bart Maunoury, Pascal Charrue (1X01), Etienne Mattera (1X01), Marietta Ren (1X02), Christelle Abgrall (1X03)
Roteiro: Amanda Overton (1X01), Nick Luddington (1X02), Henry Jones (1X03)
Elenco: Hailee Steinfeld, Ella Purnell, Kevin Alejandro, Katie Leung, Jason Spisak, Toks Olagundoye, JB Blanc, Harry Lloyd, Mia Sinclair Jenness, Remy Hii, Mick Weingert, Josh Keaton
Duração: 128 min.

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