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Crítica | Superman & Lois – 4X05: Quebrar o Ciclo

Quem tem coração de pedra?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
  • Por favor, evitem spoilers de episódios que ainda não foram exibidos no Brasil nos comentários.

Eu sei que muita gente dirá que o grande, ameaçador e monstruoso Apocalypse, poderoso o suficiente para matar o Superman, foi derrotado pela mais pura e brega “força do amor” de uma humana sem poderes que o enfrentou apenas com algumas frases de efeito para lembrá-lo de sua outra vida. E foi exatamente isso que aconteceu, não posso negar. No entanto, confesso que eu gostei do que vi, gostei que a solução para a ameaça representada pela grande arma de Lex Luthor, que lhe permitia andar todo pimpão em Smallville com o objetivo de destruir a família de Lois Lane, foi uma simplória conversa (ou um monólogo, como queiram) repleto de choramingos e flashbacks que derreteram o coração de pedra do monstro e o fizeram voar para sei lá aonde.

Pode até ser que Apocalypse retorne e talvez novamente lute contra o Superman, mas tenho minhas dúvidas se isso realmente acontecerá agora que chegamos à metade da derradeira temporada da série. Seja como for, para efeitos do episódio sob análise, o feito de Lois Lane foi corajoso e desesperado e acabou dando certo, mesmo que eu, contraditoriamente, também tenha sentido uma ponta de decepção pela aparente facilidade como tudo se deu. Ela acha o “apito de Superman” do pai, chama o bicharoco para uma ponte deserta e, sob o olhar desesperado de Jon, implora para a humanidade do pedregoso e ex-Bizarro ser e… pronto, mágica feita sem que o Superman ainda em recuperação tenha que sair mais uma vez no tapa.

Mas o “poder do amor” só realmente funcionou em razão do contraste com o “poder do ódio” de Lex Luthor. Toda a trama em que Lois Lane – ela de novo, para não nos deixar esquecer que o título da série é Superman & Lois – localiza Elizabeth, vivida por Elizabeth Henstridge, a eterna Jemma Simmons de Agents of S.H.I.E.L.D., que também dirige o episódio e convence-a de falar com o pai depois de 17 anos fugindo dele, paga seus dividendos quando a filha do arquivilão do Superman dá um ultimato a seu pai, forçando-o a escolher entre ela (juntamente com o neto que nascerá em breve) e sua sede de vingança e ele escolhe a vingança. É nesse momento paralelo à conversa de Lois com Apocalypse na ponte, que realmente descobrimos, ainda que sem surpresa alguma, quem é o verdadeiro monstro.

Até mesmo a primeira tentativa de convencer Luthor apenas na conversa de esquecer a vingança deu certo para mim. Não tem nada mais Superman do que o Superman achar que bastaria ele educadamente pedir ao vilão que ele deixasse sua família em paz para ouvir algo como “ah, claro, você tem razão, vou voltar para Metrópolis para tricotar meias”. Foi um momento da mais pura inocência que deixa evidente os valores, a moral e a civilidade do herói de um lado e a raiva, o rancor e a fúria de Luthor do outro, algo que é prenunciado tanto por uma fotografia escura mesmo em pleno dia e, mais ainda, pela primeira visão realmente completa do uniforme de cores emudecidas que Superman usa nesta temporada, como um reflexo de tudo que ele e sua família passam.

Por outro lado, achei que faltou mais calma ao roteiro de Adam Mallinger e uma direção de Henstridge mais pausada, pois, apesar de não haver ação propriamente dita no episódio, tudo me pareceu corrido demais, conveniente demais, o que esvaziou um pouco o potencial dramático das representações antitéticas do amor e do ódio. Sei que só faltam cinco episódios para a série acabar, mas, mesmo assim, tenho para mim que ela teria se beneficiado de algo mais compassado. Aliás, falando em acabar, se o arco de Apocalypse realmente tiver acabado, pergunto-me o que acontecerá na segunda metade da temporada, pois a introdução de uma outra arma secreta por parte de Luthor não me parece ser a melhor solução dado o adiantado da hora.

Outra coisa problemática – e que já mencionei antes – é a maneira como Todd Helbing lida com as ausências do elenco coadjuvante diante do corte de orçamento. Aqui, tivemos o retorno de Candice, namorada de Jon, somente para ela ser mais uma pessoa a conhecer a identidade secreta de todo mundo ali, mais nada, ocupando espaço dos demais personagens outrora fixo da série que simplesmente desaparecem quando não são estritamente necessários. O que quero dizer com isso é que a forma de Helbing de trabalhar esses sumiços é simplesmente não trabalhá-los, deixando os vazios ainda mais vazios, algo difícil de desconsiderar mesmo sabendo das injustiças que foram feitas com a série.

No final das contas, portanto, a “poder do amor” ganhou a luta, mas o que poderia ser somente decepcionante, foi uma solução inusitada, mas diria também corajosa da produção. Sim, há um componente de economia de CGI aí nessa escolha, mas a grande verdade é que o que ocorreu faz perfeito sentido dentro da lógica da série, especialmente quando existe o choque com a postura inamovível de Lex Luthor sobre seu desejo de vingança que atropela até mesmo o amor que sente por sua filha. Agora é esperar para ver o que Luthor fará sem seu pitbull extradimensional que ataca quando ele apita.

Superman & Lois – 4X05: Quebrar o Ciclo (Superman & Lois – 4X05: Break the Cycle – EUA, 28 de outubro de 2024)
Data de exibição no Brasil: 07 de novembro de 2024
Showrunner: Todd Helbing
Direção: Elizabeth Henstridge
Roteiro: Adam Mallinger
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Alex Garfin, Michael Bishop, Michael Cudlitz, Mariana Klaveno, Paul Lazenby, Elizabeth Henstridge, Natalie Moon, Samantha Di Francesco
Duração: 43 min.

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