Número de temporadas: 01
Número de episódios: 90
Período de exibição: 09 de maio de 1994 até 24 de dezembro de 1997
Há continuação ou reboot?: A série ganhou um longa chamado Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme, em 1999, assim como um episódio especial intitulado Noite de Natal no Castelo, em 2021. Ademais, em 2023, houve um reencontro de parte do elenco, chamado Castelo Rá-Tim-Bum – O Reencontro, juntamente à série especial Morgana & Celeste, focada na excelente dupla formada por uma bruxa e por uma cobra.
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“Bum bum bum, Castelo Rá-Tim-Bum! Bum bum bum, Rá-Tim-Bum!”. Eu duvido que, caso você tenha sido fã dessa série brasileira, a sua pessoa tenha lido essa frase inicial, e sim a cantarolou no ritmo da música de abertura da série Castelo Rá-Tim-Bum. Criada em 1994, a história mostrava a vida de Nino, um bruxinho de apenas 300 anos de idade, o qual não possuía amigos e, ao mesmo tempo, não conseguia ser matriculado em uma escola regular. Dessa maneira, ele decide atrair três crianças para o Castelo em que ele mora, localizado no meio do tumultuado centro da cidade de São Paulo (SP), ao utilizar a tática mágica de manipular uma bola. A cena é encantadora e nós, telespectadores, ficamos na torcida para que a Biba (Cinthya Rachel), o Pedro (Luciano Amaral de O Mundo da Lua) e o Zequinha (Fredy Állan) consigam recuperar o objeto.
Quando o trio, então, adentram ao espaço, eles conhecem as peculiaridades do encantador Castelo, seja pela presença do ratinho que toma banho sozinho, seja pelas fadinhas cantoras e dançarinas. Tudo isso em meio a um colorido excepcional e chamativo, incluindo o figurino do elenco principal e grande parte do cenário, repleto de azul, amarelo, rosa, vermelho, verde, laranja e por aí vai… Obviamente, a produção de maior sucesso da TV Cultura não fez isso por acaso, pois a intenção era atrair o público infantil, característica que deu certo: até hoje as pessoas comentam e visitam as exposições do Castelo Rá-Tim-Bum, em virtude das comemorações dos mais de 30 anos desde a sua estreia, em 1994.
Além disso, a parte em que é ensinada para as crianças a importância de lavar as mãos é uma das marcas mais importantes do seriado: ser educativo por meio de músicas, mas sem esquecer da parte lúdica. A Tia Morgana (Rosi Campos), a tia-avó do Nino, por exemplo – ao lado da sua fiel escudeira amiga Adelaide (Luciano Ottani), uma coruja esperta -, nos ensinou sobre o medo. Ele é um sentimento humano e, por isso, natural, o qual, apesar de estar presente em nossa vida, deve ser enfrentado no nosso cotidiano. Aparentemente, é um tanto contraditório esse conselho ser dado por ela, justamente por se tratar de uma bruxa com 6.000 anos de idade, ou seja, a figura da Morgana era para causar medo e espanto na criançada. No entanto, por intermédio de seus conselhos, ela é boazinha e amorosa – uma espécie de figura materna na vida do pequeno Nino -, sendo uma das personagens mais queridas até hoje pelos fãs da série.
Somado a isso, a cada nova cena fomos sendo ambientados aos personagens que moram no Castelo, como o Gato Pintado (Fernando Gomes de Cocoricó), o guardião da encantadora e gigantesca biblioteca; o Relógio (Fernando Gomes de Vila Sésamo), o qual mostrava com exatidão o horário da chegada e da saída de outros personagens; o Mau (Cláudio Chakmati), que de malvado não tinha absolutamente nada, só ficava fazendo peripécias pelos encanamentos do Castelo; o Dr. Victor (Sérgio Mamberti de 3%), bruxo e inventor, que, assim como a Morgana, representava a família do Nino, sendo a figura paterna; e a Celeste (Álvaro Petersen), a cobra falante que morava dentro da árvore que ficava literalmente no meio do Castelo. Todos eles escondiam uma surpresa agradável, seja em suas falas, seja em seus comportamentos, incluindo, ainda, os espaços daquele local encantador, em que toda criança sonhou estar algum dia. Aliás, um deles é a cozinha, com aqueles armários coloridos e baquetas que ficam escondidas no chão e, para assentar, são elevadas para cima com o acionamento de um botão.
Por todas essas incríveis características, não é difícil de você encontrar uma geração – já está acima dos 25 anos de idade -, a qual foi formada por esses personagens e todos esses traços marcantes do seriado. Nas redes sociais, até há uma brincadeira de analogia relacionando o universo de Castelo Rá-Tim-Bum com a saga de filmes Harry Potter (2001-2011), ao afirmar que a J.K. Rowling se inspirou na história do Nino, o que não seria uma péssima ideia, apesar de ser uma teoria sem fundamentos. Todavia, diferentemente da magia da Escola de Hogwarts, aqui, na nossa produção nacional, há o “jeitinho brasileiro” de contar uma boa história, com jeito de infância para todas as crianças e, claro, para a família, também. É claro que o Nino poderia ter feito sucesso internacional igual ao seu colega Harry, entretanto, na época em que a TV Cultura recebeu visitas de outros países, a emissora decidiu não vender os direitos de exibição e de adaptação da obra.
No início deste texto, eu coloquei duas frases da emblemática música de abertura, que também nos encanta, já que nela temos a formação do Castelo, com os elementos da construção sendo colocados aos poucos até o ápice da bandeira, a qual identifica o prédio. Qualquer criança sonha em correr pelos espaços do local ou ficar girando ininterruptas vezes pela porta giratória do quarto do Nino debaixo da escada. A pluralidade de opções para se divertir lá dentro é quase infinita e, no final, a gente fica feliz pelo Nino ter encontrado amigos para poder ter uma verdadeira infância com os seus 300 anos de idade. E o novo grupinho deu tão certo, com o Zequinha tendo encontrado a bola dele, que eles prometeram voltar no outro dia, afinal, o “até amanhã” está garantido para os próximos 89 episódios e todos os materiais extras produzidos a partir do seriado, como especiais, peças teatrais, jogo e diversos livros.
Portanto, logo em seu primeiro episódio, Castelo Rá-Tim-Bum foi uma série à frente do seu tempo, porque transmitiu diversas mensagens pertinentes para a formação cidadã de crianças, bem como para o desenvolvimento da criatividade dos pequenos. Outrossim, houve o incentivo ao lado inventivo – conhecemos a Oficina do Dr. Victor e do Nino – e a promoção do respeito à natureza e às diferenças do mundo. Além disso, houve o incentivo à leitura e à arte, sem esquecer da importância da Ciência para o nosso cotidiano, por meio da dupla de irmãos Tíbio (Flávio de Souza) e Perônio (Henrique Stroeter de Os Normais), que são nomes de ossos do corpo humano. Eles nos apresentaram neste primeiro capítulo sobre o coração, órgão responsável por bombear o sangue oxigenado para todas as células, mas, ao mesmo tempo, também nos recheou de felicidade por aquela trama divertida. Resultado: um sucesso atemporal até os dias de hoje e, pelo visto, o “até amanhã” vai se estender por várias gerações.
Castelo Rá-Tim-Bum 1X01: Tchau não, até Amanhã! (Brasil, 09 de maio de 1994)
Criação: Cao Hamburger, Flávio de Souza
Direção: Cao Hamburger, Renato Fernandes, Eliana Fonseca
Roteiro: Flávio de Souza, Cao Hamburger, Dionísio Jacob, Cláudia Dalla Verde, Bosco Brasil, Marcelo Tas
Elenco: Cássio Scapin, Sérgio Mamberti, Rosi Campos, Luciano Amaral, Cinthya Rachel, Fredy Állan, Álvaro Petersen, Cláudio Chakmati, Fernando Gomes, Luciano Ottani
Duração: 37 minutos