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Crítica | G.I. Joe: Destro (minissérie)

Corrida armamentista.

por Ritter Fan
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  • Leiam, aqui, todas as críticas do Universo Energon.

Dentre os personagens mais importantes da longeva mitologia de G.I. Joe (Comandos em Ação), Destro fica em primeiro lugar em termos de design brega. Sim, ele chama atenção do seu jeito “vampiro gótico misturado com o Homem da Máscara de Ferro”, e, como um fabricante de armas independente que nem sempre tem seus interesses alinhados com o Comando Cobra, ele tem grande relevância na infraestrutura das histórias clássicas contadas por Larry Hama e outros roteiristas que, ao longo das décadas, escreveram os quadrinhos. Mas ele continua sendo o símbolo da breguice criativa, algo que nunca foi nenhum segredo, até porque seu traje clássico preto, com gola vermelha mostrando parte do peito nem é o mais assustador que ele já usou, ainda que seja o principal.

Mas, como não poderia deixar de ser, o escocês vilanesco de uma família que há mais de 25 gerações fabrica armas, é o protagonista de uma das quatro minisséries introdutórias da nova mensal intitulada apenas G.I. Joe que será lançada em novembro de 2024 pela Skybound/Image Comics e a última a chegar ao seu fim, depois de Duke, Cobra Commander e Scarlett no projeto mais amplo de criação do Universo Energon que une essa franquia com a dos Transformers nos quadrinhos. Seguindo a linha do que vemos em Scarlett, a conexão com os robozões que se transformam é tênue aqui, o mesmo valendo para a conexão com o próprio Comando Cobra, que só acontece bem no começo e bem no final da história. Essa escolha do roteiro de Dan Watters abre um bom espaço para que todo um novo “mini-universo” corporativo seja apresentado aos leitores, um que envolve tanto a M.A.R.S., que é a empresa de Destro, como a concorrente Hybrid Technologies, comandada por Astoria Carlton-Ritz, e a empresa especializada em mercenários Extensive Enterprises, dos gêmeos Tomax e Xamot.

O estopim da história é o ataque a uma feira de armamentos organizada clandestinamente por Artyom Darklon, primo de Destro, depois que ele é empossado como primeiro-ministro da República de Darklonia em um golpe militar encabeçado pelos androides B.A.T. (sigla de Battle Android Trooper), que funcionam com Energon, mas que não são completamente funcionais ainda. O ataque, que parece vir de Tomax e Xamot, inicia uma guerra entre os dois e Destro, guerra essa que, claro, é repleta de reviravoltas e estratégias dos dois lados, além de revelações de traição e uma interessante conexão do protagonista com ninguém menos do que o General Flagg, futuro líder dos G.I. Joe, em um comentário crítico nada discreto da dependência dos EUA de fabricantes de armas de qualquer estirpe, mesmo aqueles que vendam seus produtos para todos os lados de qualquer conflito.

Há também espaço para que o passado remoto da família de Destro seja contado, de maneira a justificar seu uso de uma “máscara de ferro” que, no caso dele, fica bastante ridícula em razão de o “ferro” ser moldado ao rosto, movimentando-se em sincronia com sua boca, olhos e demais alterações no rosto, mais parecendo uma pintura prateada do que qualquer outra coisa, bem diferente de, por exemplo, o Doutor Destino, da Marvel Comics. E esse microcosmo “destriano”, por assim dizer, estabelece um terceiro eixo de grande potencial na dinâmica antitética entre os Joes e os Cobras, algo que muito obviamente será explorado em mais detalhes quando a mensal principal começar a ser publicada.

O que realmente me incomodou na minissérie foi a arte de Andrei Bressan, com cores de Adriano Lucas. O siciliano Andrea Milana desenha uma única edição, pelo que nem o considerarei aqui. O ponto é que Bressan simplesmente não desenha rostos, mas sim caricaturas de rostos, algo que é até, talvez, aceitável no caso de Destro, mas que não funciona de jeito algum para rostos “normais”. Além disso, seus design dos uniformes – mesmo as variações mais realistas que Destro usa – são muito feios, com as sequências de ação parecendo engessadas por faltar movimento a elas. Há algumas boas ideias vindas do roteiro de Watters, como os problemas dos androides B.A.T., mas Bressan não aproveita a oportunidade para criar páginas marcantes, mais parecendo que ele estava com pressa para acabar. E, como se isso não bastasse, as cores claras escolhidas por Lucas simplesmente não dão o tom sério que uma minissérie basicamente sobre corrida armamentista exigia, resultando em algo que parece leve e alegre demais, mesmo para uma obra protagonizada por um sujeito tão espalhafatoso quanto Destro.

Mas, agora, todas peças do quebra-cabeças G.I. Joe foram devidamente apresentadas e semi-encaixadas. Caberá à editora, agora, desenvolver um novo universo dessa franquia que inevitavelmente será comparado com o bem-sucedido trabalho de Larry Hama que, como se sabe, anda em paralelo, mas completamente separado, dessa empreitada “do zero” da Skybound/Image. Fica a torcida para que a abordagem seja mais realista, mais complexa do que as invencionices bem oitentistas de Hama.

Destro (EUA, 2024)
Contendo: Destro #1 a 5
Roteiro: Dan Watters
Arte: Andrei Bressan (#1, #2, #4 e #5), Andrea Milana (#3)
Cores: Adriano Lucas
Letras: Rus Wooton
Editoria: Ben Abertnathy
Editora: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 19 de junho, 17 de julho, 21 de agosto, 18 de setembro e 16 de outubro de 2024
Páginas: 120

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