Home TVEpisódio Crítica | Agatha desde Sempre – 1X04: Eu Não Te Vejo, Mas Te Protejo

Crítica | Agatha desde Sempre – 1X04: Eu Não Te Vejo, Mas Te Protejo

Quem canta seus males espanta.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as demais críticas da minissérie e, aqui, todas as nossas críticas do Universo Cinematográfico Marvel.

E Jac Schaeffer, com Eu Não Te Vejo, Mas Te Protejo, finalmente encontra o tom de sua minissérie spin-off de WandaVision ao jogar Agatha Harkness (Kathryn Hahn) e seu conciliábulo não em uma provação qualquer, mas sim em uma que conversa intimamente com a narrativa e particularmente com o passado de Alice Wu-Gulliver (Ali Ahn), não coincidentemente a bruxa mais esquecida do episódio anterior. Mais importante do que isso, temos o esperado retorno de Aubrey Plaza como Rio Vidal, a Bruxa Verde que é conjurada para substituir a ao que tudo indica realmente finada Sharon Davis (Debra Jo Rupp que só vemos como cadáver) e cuja presença cria um senso legítimo de mistério, além de estabelecer uma irresistivelmente sensual conexão com a protagonista.

A maior vantagem que o quarto episódio tem sobre os demais é o roteiro de Giovanna Sarquis que não perde tempo em nenhum segmento e consegue ser eficiente na progressão narrativa primeiro ao nos lembrar da falsa frieza de Agatha Harkness em razão da morte de Sharon, algo que Hahn, com seus tiques exagerados, comunica muito claramente ao espectador e, no processo, não engana ninguém, já que não é mesmo para enganar e, depois, ao apresentar a nova provação no que parece ser uma cabana que faz vezes de estúdio de gravação setentista, com direito a figurinos sensacionalmente espalhafatosos para o elenco, valendo especial destaque para os de Hahn e Plaza que rimam no que revelam, se é que me entendem. Há até mesmo tempo generoso para um dénouement usado para salvar o Jovem (Joe Locke), que sai ferido da experiência, para sacramentar a conexão entre as bruxas e, claro, para deixar ainda mais claro o que já estava, ou seja, o passado amoroso entre Agatha e Rio.

Usando A Balada do Caminho da Bruxa tocada ao contrário para trazer à vida um demônio relacionado com a família de Alice e, de quebra, aquelas teorias de conspiração que giram ao redor de ritos satânicos na indústria da música, a segunda provação mostra-se muito mais orgânica e muito mais habilmente conduzida por Rachel Goldberg, já que tudo o que é necessário fazer é que as bruxas formem uma banda e cantem a mesma canção – só que na ordem normal e na versão rock de Lorna Wu, mãe de Alice -, inegavelmente o ponto alto da minissérie até agora. Afinal ver a performance de Hahn nos vocais, como também pelos pequenos detalhes dessa formação, desde a revelação do objetivo primordial da balada, passando pela distribuição dos instrumentos, com Rio inevitavelmente ficando na bateria e com direito a Patti LuPone nos comicamente diminutos “metais” e uma posição de backing vocal, ironia e ao mesmo tempo homenagem pelo fato de ela ser uma lenda do teatro musical dos EUA, já tendo ganhado nada menos do que dois prêmios Tony, dois prêmios Olivier e dois prêmios Grammy.

E, com a canção devidamente cantada e o demônio devidamente eliminado, a ação principal é encerrada sem maiores delongas, sem tentativas de protrair a narrativa no tempo, o que leva o episódio ao já mencionado encerramento que faz as linhas narrativas convergirem, seja pela libertação de Alice da maldição, pela conexão entre as bruxas, pela manutenção da ameaça que Rio representa e, claro, pelo momento à sós de Rio com Agatha em que a primeira diz, com todas as letras – o que pode ser mentira, claro – que o Jovem não é o filho que Agatha sacrificou. Claro que esse detalhe final é mais uma abordagem sobre o mistério do personagem de Locke que promete ganhar um grande momento de revelação alguma hora, mas é aqui que o episódio, como no anterior, ganha aquele ar artificial de uma trama forçada que só não será desnecessária se a real identidade dele não for a única coisa a ser objeto desse mistério e se não estivermos diante de apenas mais um degrau na escada do Universo Cinematográfico Marvel em que Agatha desde Sempre serve para, sei lá, a introdução de alguma outra coisa a ser trabalhada em futuro incerto e não sabido, como, por exemplo, a formação de um certo grupo de jovens superpoderosos.

Por outro lado, apesar de parecer que o Jovem interfere menos nesse episódio do que no anterior, o roteiro tira proveito real de sua presença e converte sua presença reduzida em momentos relevantes que beneficiam sua integração ao grupo, algo que não senti em Por Provações Irá Passar. Em outras palavras, Eu Não Te Vejo, Mas Te Protejo acerta na dinâmica do grupo, na “provação da semana” e também, finalmente, na forma como o Jovem é abordado. Agora é só continuar nessa toada que a bruxaria, aqui, funcionou de verdade.

Agatha desde Sempre – 1X04: Eu Não Te Vejo, Mas Te Protejo (Agatha All Along – 1X04: If I Can’t Reach You / Let My Song Teach You – EUA, 02 de outubro de 2024)
Criação e desenvolvimento: Jac Schaeffer
Direção: Rachel Goldberg
Roteiro: Giovanna Sarquis
Elenco: Kathryn Hahn, Joe Locke, Aubrey Plaza, Sasheer Zamata, Ali Ahn, Patti LuPone, Debra Jo Rupp
Duração: 44 min.

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