- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, de todo nosso material de Senhor dos Anéis.
Tudo continua dando certo para Sauron no sexto episódio dessa segunda temporada, que agora além de controlar Celebrimbor, vai ganhar um exército de bandeja do Adar. As vitórias do antagonista são naturais, até porque estamos basicamente acompanhando o personagem ascendendo ao poder, mas, assim como falei em diversas críticas, tudo ainda soa um pouco fácil demais. Continuo apreciando a atuação ardilosa de Vickers, bem como alguns momentos bacanas, como a ilusão de Eregion para convencer Celebrimbor, mas os diálogos continuam fracos e algumas decisões dos personagens são no mínimo questionáveis, para não dizer idiotas.
Estou falando principalmente, claro, de Adar. O gancho do episódio anterior com uma possível aliança entre os Orcs (ou, melhor, Uruk) com Galadriel foi interessante, apenas para descobrirmos que o plano inicial de Adar é ainda melhor: utilizar os anéis élficos e a coroa de Morgoth para matar Sauron. No entanto, sem muita lógica, Adar decide desistir da ideia para “trair” Galadriel e cair na previsível armadilha de Sauron ao invadir Eregion com legiões de Orcs. Eu sei que o Necromante precisa ganhar seu exército, mas os roteiristas poderiam ter encontrado caminhos mais criativos para isso acontecer do que simplesmente tornar um personagem bacana como Adar em um tolo.
Outras escolhas dos roteiristas sobre alguns personagens ao longo do episódio também são questionáveis. A sequência de Eärien se fazendo de vítima é no mínimo ridícula (do ponto de vista dramático ou narrativo), considerando que a mesma ajudou Pharazôn a assumir o poder, assim como é difícil de engolir como os Elfos continuam caindo nas mentiras óbvias de Sauron. O núcleo de Khazad-dûm continua sendo o mais consistente nesse sentido, com um bom trabalho dramático em torno do conflito familiar da família real e da derrocada do Rei Durin, que continua sendo enganado por Sauron de uma maneira realmente sagaz por parte do vilão. Penso que o embate entre Durin IV e seu pai será notável.
No mais, Onde Ele Está? é um episódio bastante repetitivo, basicamente estabelecendo a influência e controle de Sauron que vimos no episódio anterior, mas dessa vez com um ritmo mais ruim e um intuito claro de preparar a narrativa para a guerra em Eregion no próximo episódio (continuo irritado com esse molde da série de sempre estar preparando algo e entregando pouco). Até os núcleos que vimos no episódio anterior (Eregion, Khazad-dûm e Númenor) batem nas mesmas teclas, ainda que dessa vez as sequências em Númenor ganhem um destaque visual maior, principalmente na belíssima sequência que Míriel é “testada” por um monstro marítimo. Ainda assim, continuo achando os personagens em Númenor completamente unidimensionais e seus eventos pouco relevantes ou interessantes para a história. Afinal, alguém realmente ficou curioso com aquela cena final do Pharazôn?
Tecnicamente, o sexto episódio é mais um primor da produção de alta qualidade da série, com destaque, também, para algumas sequências panorâmicas das belas paisagens do seriado. A narrativa do episódio, porém, é redundante e desenvolve mal alguns personagens, principalmente Adar, além de que a obra mantém sua dificuldade em tornar seus personagens carismáticos e divertidos de torcermos e nos afeiçoarmos. A montagem ainda passa rapidamente por Arondir, Nori e o Estranho, apenas para não deixar essas tramas em branco, mas nada realmente relevante acontece por aqui, talvez com um “destaque” para o dilema previsível do Istari em mais uma participação sem sentido de Tom. Ainda acho um episódio minimamente razoável, muito por conta da linha narrativa de Sauron e por estar curioso com o ataque à Eregion, mas o capítulo dessa semana oferece muito pouco para ser bom.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder – 2X06: Onde Ele Está? (The Lord of the Rings: The Rings of Power –2X06: Where Is He?) | EUA, 12 de setembro de 2024
Criação: J. D. Payne, Patrick McKay (baseado no universo de J. R. R. Tolkien)
Direção: Sanaa Hamri
Roteiro: Justin Doble
Elenco: Morfydd Clark, Charlie Vickers, Will Fletcher, Lenny Henry, Sara Zwangobani, Thusitha Jayasundera, Maxine Cunliffe, Dylan Smith, Markella Kavenagh, Beau Cassidy, Megan Richards, Robert Aramayo, Benjamin Walker, Ismael Cruz Córdova, Geoff Morrell, Nazanin Boniadi, Tyroe Muhafidin, Charles Edwards, Daniel Weyman, Owain Arthur, Sophia Nomvete, Peter Mullan, Ciarán Hinds, Rory Kinnear
Duração: 63 min.