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Crítica | Transformers (2023) – Vol. 2

A escala aumenta, mas sem que a narrativa saia do controle.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, todas as críticas do Universo Energon.

Com dois prêmios Eisner – Melhor Série Contínua e Melhor Roteirista/Artista – na carteira, o recomeço da saga dos Transformers, agora como parte de algo maior ao lado de G.I. Joe, batizado de Universo Energon pela Skybound/Image Comics, continua sob o excelente comando de Daniel Warren Johnson que, neste segundo arco, focou só no roteiro, deixando a arte para Jorge Corona. Se a nova história de origem dos robôs disfarçados na Terra já havia mostrado uma até improvável qualidade em seu início, o roteirista não se fez de rogado e multiplicou a aposta, criando uma continuação que consegue ser ainda melhor e mais vasta.

Muita coisa acontece no Volume 2 de Transformers e os dois aspectos mais importantes são revelados logo no início, ou seja, um prólogo com ação em Cybertron com Elita-1 em uma missão mortal para localizar um Autobot capturado e torturado por centenas de anos que, mais tarde, revela-se como ninguém menos do que Ultra Magnus e uma brutal pancadaria na Terra entre Soundwave e Starscream que leva à coroação do primeiro como o novo líder dos Decepticons e à aparente morte do segundo. E, claro, com Soundwave na liderança, a doentia obsessão de Starscream com violência fica em segundo plano, com os Decepticons partindo para executar um elaborado plano que envolve afundar um porta-aviões americano e usar a energia nuclear para acordar a nave Nêmesis que trouxe os vilões para a Terra há milhões de anos e que culmina com o próprio planeta natal dos robôs ser teletransportado para a órbita da Terra de maneira que Shockwave, general das forças dos Decepticons, possa “colher” toda a vida por aqui para convertê-la em energia para permitir a derrota absoluta dos Autobots.

E esse parágrafo acima nem arranha a superfície do que acontece, pois Johnson, não sei muito bem como, ainda consegue trabalhar a raiva que Elita-1 sente por Optimus Prime ter, na cabeça dela, abandonado Cybertron, a profunda conexão que Arcee tem com Ultra Magnus, a chegada de um Jetfire que não consegue mais se transformar, enxergar e sequer se locomover, a libertação do quase completamente enlouquecido Astrotrain de uma prisão na Nêmesis em que Megatron o colocara por razões não reveladas (e que o faz querer se vingar do ex-líder), a introdução surpresa de Beachcomber, que se tornou um bicho-grilo totalmente paz e amor cuja explicação de como chegou na Terra e porque não acordou seus compatriotas anos atrás é contada de maneira brilhante pelo roteiro de Johnson e principalmente pela arte de Corona, que tem o mesmo estilo “rabiscado” de Johnson, o que é ótimo para evitar grandes diferenciações estéticas entre os arcos e, finalmente, a criação de uma ótima justificativa para Wheeljack ter dificuldade de consertar os Autobots e reviver outros (como os Decepticons usaram partes de Skywarp para consertar o Teletraan 1, o Decepticon, agora, está propositalmente limitando o acesso do Autobots ao computador).

Mas há mais. O lado humano da coisa toda é muito bem desenvolvido e trabalhado, com Carly querendo vingança a todo o custo e estabelecendo uma conexão forte com Arcee ao mesmo tempo em que ela se recusa a voltar a falar com Cliffjumper por ele não ter matado Starscream quando teve oportunidade e Spike, agora paralisado da cintura para baixo, sofrendo pelo sacrifício do pai ao reacender a matrix de Optimus (aliás, muito interessante a fusão causar visões no líder dos Autobots). Por mais que o núcleo humano não possa e nem deva interferir na pancadaria em larga escala entre robôs gigantes, especialmente quando falamos de jovens completamente destreinados e sem armas como as dos Joes, é muito gratificante ver como o roteirista é capaz de inseri-los organicamente na narrativa, servindo muito mais de contrapontos do que de “salvadores da pátria”.

Com isso, o segundo arco ganha absurdamente em escala sem, porém, parecer inchado e, mais importante ainda, sem fazer a história andar de lado pelo peso de tudo o que é inserido. Claro, é visível que Johnson ainda está preparando terreno para eventos ainda maiores e para a reintrodução de muitos outros personagens, mas isso faz parte do jogo, com o roteirista muito claramente não só tendo um plano para muitos arcos, como sabendo dividir o limitado espaço das edições para dar espaço para cada um dos personagens e para uma sucessão de poderosos conflitos, seja no lado dos Autobots, seja no dos Decepticons, entre os dois e também entre humanos e Autobots. Minha única reclamação, por assim dizer, é que a inserção de militares humanos no arco teve um objetivo funcional de uso único – a captura e afundamento do porta-aviões – e isso deveria ser tratado de maneira mais ampla, envolvendo não só os EUA como também outros países dada a invasão alienígena a pleno vapor. Sei que isso provavelmente será abordado no primeiro título mensal de G.I. Joe dentro do Universo Energon (não falo das minisséries introdutórias focadas em alguns personagens, mas sim o título do grupo como um todo), mas teria sido melhor se houve uma introdução aqui. Agora é esperar para ver como essa história continua e como haverá a convergência de arcos entre as duas famosas propriedades da Hasbro.

Transformers (2023) – Vol. 2 (EUA, 2024)
Contendo: Transformers (2023) # 7 a 12
Roteiro: Daniel Warren Johnson
Arte: Jorge Corona
Cores: Mike Spicer
Letras: Rus Wooton
Editoria: Ben Abernathy
Editora: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 10 de abril, 08 de maio, 12 de junho, 10 de julho, 14 de agosto e 11 de setembro de 2024
Páginas: 183

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