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Crítica | Mayor of Kingstown – 3ª Temporada

Mais do mesmo na cidade do crime.

por Kevin Rick
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Em sua terceira temporada, Mayor of Kingstown mantém o mesmo molde narrativo: Mike McLusky (Jeremy Renner) tentando trazer de volta o equilíbrio entre as facções criminosas, os prisioneiros, os guardas prisionais, a polícia e a procuradoria. Como sempre, são muitos grupos para balancear, com Mike tendo que ser o mediador entre diferentes partes que cada vez mais clamam por guerra. Temos Kareem (Michael Beach) decidindo ser um diretor mais mão de ferro nas prisões; a procuradora Evelyn (Necar Zadegan) liderando uma “caça às bruxas” contra bandidos e policiais corruptos; Rob (Hamish Allan-Headley) transformando a SWAT em um esquadrão da morte; Bunny (Tobi Bamtefa) comprando armas militares para fazer frente com outras gangues; e, por fim, a apresentação de dois novos chefões, Konstantin (Yorick van Wageningen), da máfia russa, e Merle Callahan (Richard Brake), da Irmandade Ariana, chegando para dominar Kingstown.

Assim como na temporada anterior, porém, a premissa e os conceitos apresentados não são bem desenvolvidos ao longo da temporada, com os roteiristas mais uma vez caindo numa impressão de repetição e falta de progressão narrativa, principalmente na maneira que não se aprofundam em muitos dos núcleos que citei. Por exemplo, pouco vemos de Evelyn e de suas ações contra a corrupção interna da cidade, tampouco acompanhamos a ascensão de Konstantin e Merle, que são apresentados como dois grandes vilões para Mike, mas que acabam sendo relegados a pequenos coadjuvantes em uma temporada com muitas subtramas e quase nenhum foco.

A linha narrativa de Iris (Emma Laird) continua problemática, já que a produção não sabe mais o que fazer com a personagem desde o ano de estreia. A escolha em torná-la uma espiã de Mike dentro da organização de Konstantin é interessante, mas pouco agrega à história para além de mostrar um lado assediador do mafioso. Da mesma forma, retornamos nessa temporada para o núcleo das prisioneiras femininas, dessa vez pela perspectiva de Tracy McLusky (Nishi Munshi), trazendo um tema interessante sobre estupros em prisões femininas, mas também mal desenvolvido, com o roteiro usando esse problema mais para evidenciar os conflitos matrimoniais entre Tracy e Kyle (Taylor Handley).

Inclusive, não consigo entender essa abordagem narrativa em que representações do sistema corrupto e da realidade do crime são usados de base para dramas familiares, tirando o foco do que fez a série ser especial em sua primeira temporada: as instituições. Noto o mesmo problema no núcleo prisional, que antes funcionava para retratar o funcionamento interno e corrupto desses complexos, mas que nessa temporada é quase que todo escanteado para desenvolver o drama pessoal e familiar de Kareem. Essa grande quantidade de subtramas para desenvolver os arcos de coadjuvantes também atrapalha a trama principal de Mike, que aparece bem menos nessa temporada do que nos dois anos anteriores.

A única razão para considerar a série ainda razoável é o fato de termos vislumbres do trabalho de Taylor Sheridan (que dessa vez não foi creditado como roteirista em nenhum episódio) na temporada de estreia. Gosto muito do núcleo do Bunny, uma das poucas tramas da temporada que traz um foco maior para as ruas e para a guerra entre gangues, com o personagem protagonizando alguns do momentos de maior tensão da temporada, como o tiroteio na ponte e a tentativa de assassinato de Merle. Também gosto da trama envolvendo Kyle, Rob e a SWAT, que toca em tópicos sobre abuso policial e transtorno pós-traumático, além de me divertir sempre que Ian (Hugh Dillon) precisa resolver algo com sua falta de moral, com destaque para os eventos envolvendo seu “amigo” serial killer.

Quando a narrativa volta a sua essência original de evidenciar o sistema, principalmente com Mike navegando pela cidade como mediador e resolvedor de problemas, Mayor of Kingstown mantém a intriga e a qualidade que a tornaram interessante. É uma pena, porém, que na maior parte do tempo a produção pareça perdida entre muitos núcleos. O retorno estranho e sem sentido de Milo (Aidan Gillen) no finalzinho da temporada é representativo da aleatoriedade dos roteiros. Sem dúvida alguma, a produção sente a falta de Sheridan, que escreveu todos os episódios da primeira temporada e os dois melhores da segunda temporada, só para depois “abandonar” o seriado em mãos menos competentes que claramente não entendem o material e os conceitos da obra. Numa nota positiva, o desfecho dessa temporada tira de cena Kareem, Milo e Iris, abrindo espaço para uma nova temporada que pode voltar a focar em seu melhor personagem: Kingstown.

Mayor of Kingstown – 3ª Temporada — EUA, 2024
Criação: Taylor Sheridan, Hugh Dillon
Direção: Christoph Schrewe, Nina Lopez-Corrado, Paul Cameron, Guy Ferland
Roteiro: Dave Erickson, Regina Corrado, Wendy Riss, Aalia Brown, Christian Donovan, James Arcega Tinsley, Molly Forman, Hugh Dillon, Jeremiah Wessling
Elenco: Jeremy Renner, Emma Laird, Derek Webster, Taylor Handley, Hugh Dillon, Pha’rez Lass, Tobi Bamtefa, Aidan Gillen, Hamish Allan-Headley, Yorick van Wageningen, Mark Ivanir, Richard Brake, Michael Beach, Necar Zadegan, Nishi Munshi
Duração: 10 episódios de aprox. 60 min.

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