Paradoxos temporais: um tema recorrente no gênero da literatura fantástica, onde a noção tradicional de tempo e causalidade é desafiada, levando a situações contraditórias e complexas. É assim o desenvolvimento de Premonições, suspense protagonizado por Sandra Bullock, lançado em 2007. É uma narrativa cheia de irregularidades, mas ainda assim, podemos aprender muito sobre dramaturgia com a sua estrutura dramática, em especial, como lidar com a presença constante de flashbacks e flash forwards no desenvolvimento de narrativas, recursos que podem potencializar histórias, mas em mãos pouco competentes, podem atrapalhar tudo e transformar uma trama numa bagunça hedionda. Dirigido por Mennan Yapo, cineasta que se baseia no roteiro de Bill Kelly, o filme apresenta ao público uma estrutura que não é necessariamente inovadora, mas que traz alguns elementos interessantes para pensarmos composições que estabelecem uma espécie de quebra-cabeça não apenas para a protagonista em sua jornada angustiante, mas também para nós, espectadores, situados num lugar de imprecisão, onde os créditos finais precisam aparecer para que possamos tirar as nossas conclusões definitivas. Mesmo que sua premissa seja interessante e uma atmosfera sombria envolvente, o filme em questão naufraga vertiginosamente ao lidar com os paradoxos temporais de sua estrutura dramática, um ponto nevrálgico que acaba se tornando tão caótico quanto a própria existência confusa de sua protagonista. Aqui, o conflito ficcional interno se transforma num conflito narrativo externo.
Em seu sentido mais básico, um paradoxo temporal refere-se a uma contradição lógica que surge quando eventos passados, presentes e futuros se interligam de forma intrincada e contraditória. Esses paradoxos desafiam nossa compreensão linear do tempo, questionando a ideia de causa e efeito e abrindo espaço para especulações intrigantes sobre a natureza do tempo e da realidade. Na literatura fantástica, um gênero profícuo no cinema também, os paradoxos temporais são frequentemente explorados como dispositivos narrativos que permitem aos escritores criar enredos complexos e intrigantes. Na teoria, por exemplo, um dos mais conhecidos paradoxos temporais, uma descoberta para quem vos escreve no ato de composição desse texto, é o chamado “Paradoxo do avô”, que questiona o que aconteceria se alguém viajasse no tempo e impedisse seu próprio avô de se casar, criando assim uma contradição temporal em que a própria existência do viajante do tempo seria questionada. Outro exemplo clássico de paradoxo temporal é o “Paradoxo do Lazer de Mãos Dadas”, que desafia a noção de livre-arbítrio ao sugerir que viajantes do tempo podem inadvertidamente interferir em eventos passados de maneira que garanta sua própria existência no futuro, criando assim um ciclo temporal infinito, como podemos ver no divertido e instigante Efeito Borboleta, escrito e dirigido pela dupla formada por Eric Bress e J. Mackye Gruber, um fenômeno de bilheteria e crítica lançado em 2004.
Ao explorar esses e outros paradoxos temporais, escritores do imaginativo campo da ficção científica e da fantasia são capazes de questionar as noções convencionais de tempo, causalidade e realidade, convidando os leitores a refletir sobre o significado da existência e a natureza mutável do universo. Além de seu apelo intelectual e filosófico, os paradoxos temporais também servem como fonte de tensão e conflito nas narrativas, adicionando uma camada adicional de complexidade e imprevisibilidade às histórias. Bill Kelly talvez tenha conseguido isso no roteiro que escreveu, mas em Premonições, o desenvolvimento se perde em muitas passagens, talvez por um problema de direção, ou então, pela já conhecida intervenção dos produtores, os tais indivíduos que mandam no desfecho de uma história, pois estão pagando pela produção. Nesse tipo de narrativa, os personagens que se encontram presos em loopings temporais ou que enfrentam dilemas éticos decorrentes de decisões passadas e futuras frequentemente se tornam mais cativantes e tridimensionais, à medida que lutam para reconciliar suas ações com as consequências imprevisíveis do tempo. O que fazer ao acordar no dia seguinte ao falecimento de seu marido num sinistro de trânsito e descobrir que ele está vivo e que os seus dias da semana estão todos fora do lugar?
É o que a protagonista de Sandra Bullock precisa resolver urgentemente. O seu e o nosso principal verbo para ser conjugado nessa jornada é o “compreender”. Tanto a personagem quanto nós, espectadores, ficamos diante da necessidade de explicações e do encaixe das peças que transformaram aquilo que seria linear numa montagem complexa de situações para alcance das respostas almejadas. Em linhas gerais, caro leitor, os paradoxos temporais desempenham um papel crucial na criação de narrativas ricas e envolventes, desafiando nossas suposições sobre o tempo e abrindo novas possibilidades criativas para o gênero em questão, constantemente a apostar em tramas do tipo não apenas no cinema, mas também no formato seriado, tais como As Sete Vidas de Lea, Dark, Boneca Russa, Terra Nova, dentre tantas outras. No filme selecionado para a reflexão em questão, nós somos apresentados ao cotidiano intrigante que envolve Linda Hanson (Bullock), uma dona de casa que tem a sua vida transformada depois da morte de seu marido, um homem que aparentemente vivia um relacionamento feliz com a sua esposa. É um paradoxo temporal pouco convencional, mas que pede desenvolvimento habilidoso. Não é qualquer profissional que possui as habilidades e competências para montar uma trama do tipo.
Antes de avançar na análise, vamos ao enredo. No texto dramático proposto por Bill Kelly, acompanhamos a protagonista em angústia, depois de uma abertura em flashback que nos demonstra os momentos de intensidade da mesma com seu marido Jim (Julian McMahon). Logo depois desse primeiro momento, onde os primeiros personagens são apresentados, lidamos, juntamente com a protagonista, com a notícia da morte trágica do esposo em um sinistro de trânsito. O problema é que no dia seguinte, ela o encontra vivo novamente. Nesse processo, entre idas e vindas temporais, a narrativa explora a desorientação de Linda, instigante pelo desempenho dramático de Sandra Bullock num momento acima da média. Enquanto ela navega por uma semana desordenada, com os dias aparentemente fora de ordem, a heroína luta para entender o que está acontecendo e se há uma maneira de evitar a morte de seu marido. Nesse processo, Premonições segue perigosa uma estrutura não linear, um estilo narrativo que precisa de bons diretores e roteiristas, bem como editores, para tornar as coisas eficientes e atrativas. Ao longo de seu percurso repleto de incertezas, Linda experimenta uma série de dias confusos e assustadores, afinal, como lidar normalmente com Jim vivo e tudo aparentemente normal, e, noutros momentos, ele morto com todos diante dos preparativos para o funeral?
A confusão crescente leva Linda a investigar a situação mais a fundo. Nesse ponto, o filme apresenta alguns pontos dramaticamente positivos. Ela percebe que está experimentando premonições, ou visões do futuro, sobre a morte de seu marido. Determinada a salvar Jim, Linda investiga as circunstâncias do acidente e descobre alguns detalhes importantes para entender, também, os seus próprios conflitos internos e externos. Jim considerava vender seu seguro de vida para cobrir uma dívida hipotecária. Havia também um incerto caso extraconjugal com a sua colega de trabalho. Essas revelações colocam ainda mais pressão emocional sobre Linda enquanto ela tenta juntar as peças da tragédia iminente. Devo ser ética e salvar meu marido e meu casamento, ou prefiro largar tudo e recomeçar, haja vista sequer conhecer que salvaguardadas as devidas proporções, estava dormindo com um “desconhecido”? Mesmo diante de informações decepcionantes, bem como armada com o conhecimento dos eventos futuros que ditam não apenas o decorrer de sua vida, mas também de suas duas filhas, Linda tenta mudar o destino. Ela avisa Jim sobre suas premonições e lhe implora para ser cuidadoso. Apesar de suas tentativas, a sequência de eventos parece ser inevitável. É quando chegamos ao clímax, morno e menos impactante do que poderia ser, apesar de montado adequadamente por Neil Travis.
No dia do acidente, Linda toma medidas drásticas para salvar Jim, mas uma série de coincidências e mal-entendidos que culminam no acidente fatal. No entanto, seu esforço não é completamente em vão. Jim morre, mas sua atitude é transformada, e ele faz uma reconciliação emocional com Linda antes de sua morte. Ao terminar de maneira ambígua, refletindo sobre a natureza do destino e livre-arbítrio. Linda aprende a viver com a sua perda e encontra uma forma de seguir em frente, aceitando que algumas coisas estão fora do controle humano. Em todo o seu desenvolvimento, Premonições traz uma abordagem diferente para a atriz, costumeiramente presente em comédias românticas e aventuras na época, delineando temas delicados e importantes, dentre eles, o luto e a aceitação, com uma personagem tendo que lidar com a inevitabilidade da morte. A dualidade entre destino e livre-arbítrio, filosoficamente interessante, explora, como mencionado anteriormente, se os eventos trágicos podem ser evitados mesmo quando se tem conhecimento sobre eles. Esses são pontos interessantes da narrativa.
Há, no entanto, um grande problema em seu “produto final”. Como também destaquei rapidamente, não podemos confirmar se as questões estão no roteiro de Bill Kelly, na direção de Mennan Yapo ou na intrusão de produtores ao longo do processo criativo, mas Premonições é um filme que carece fortemente de ritmo para a história que se propõe. E observe: são apenas 96 minutos de estrutura dramática, já contando os consideráveis extensos créditos finais. Assim, fica comprovado, com essa narrativa sendo a ilustração, que reviravoltas e outras complexidades não garantem um exímio desenvolvimento de um enredo. É inteligente, para nós espectadores, sair da zona de conforto da linearidade e ficar, diante da tela, montando peças diante de um complexo quebra-cabeças audiovisual. É preciso tornar os personagens mais esféricos, criar conflitos internos e externos mais complexos, além de entregar um clímax mais denso. Tudo isso, por sua vez, não acontece ao longo do clima de suspense proposto em Premonições. Com exceção das figuras ficcionais, em especial, a protagonista Linda Hanson, construídos adequadamente, falta muitas habilidades e competências dos realizadores na demarcação da produção como entretenimento empolgante e exercício cinematográfico memorável.
Mennan Yapo dirige com um toque distintivo, nos oferecendo uma teia confusa que ora nos prende ora nos dispersa em sua premissa exaustivamente intrigante, mas com execução irregular. A direção de fotografia de Torsten Lippstock desenvolve uma atmosfera sombria e desconcertante, com um eficiente uso da iluminação, especialmente durante as cenas que se repetem ou mudam os eventos conhecidos, aumenta a sensação de desorientação e suspense. Os efeitos visuais não são particularmente inovadores ou extensivos, mas são utilizados de forma eficaz para manter a ilusão da continuidade temporal, bem como a sua quebra constante. Na composição musical, Klaus Badelt não contribui significativamente para o clima do filme, com pontuações muito sutis, numa trilha sonora de poucos momentos de intensidade. O design de som, por sua vez, trabalha em conjunto com a trilha sonora para criar uma imersão sensorial, com o som às vezes servindo como um elemento anunciador dos eventos futuros, noutras vezes, como um indicador da repetição do caos de Linda Hanson. Esteticamente, ao menos, J. Dennis Washington entrega um design de produção com elementos góticos que colaboram com o desenrolar confuso da narrativa. Há assertividade na paleta de cores da cenografia e da direção de arte, juntamente com as árvores, seus galhos distorcidos, além dos corvos anunciadores do mau agouro. Em suma, uma composição visual interessante, mas insuficiente para o resultado dramático geral, pois Premonições é um filme que comete outros pecados imperdoáveis.
Vamos para eles. A narrativa não linear nos confunde os espectadores, dificultando o acompanhamento da cronologia dos eventos e da sequência lógica da história. É bonito ser intelectual e montar a história junto com os realizadores, mas o roteiro se excede ao tentar ser complexo demais. A caracterização de alguns personagens é superficial, com pouco desenvolvimento emocional ou motivacional, deixando-os menos cativantes, pois nós precisamos nos lembrar de uma das regras básicas da dramaturgia: bons coadjuvantes ajudam os protagonistas em seus processos evolutivos. A mãe de Linda e o padre, por exemplo, apesar de assumidos por bons atores, não são suficientemente aproveitados para enriquecer a trama e apoiar a história principal. Os coadjuvantes não devem ser vistos apenas como personagens secundários ou de menor importância. Ao contrário, eles são fundamentais para o estabelecimento da profundidade os protagonistas e da autenticidade do universo retratado na tela, nesse caso, uma trama sobre paradoxos temporais, lotada de flashbacks e flashforwards, com figuras ficcionais acometidas por momentos instáveis onde a sanidade é questionada em paralelo ao possível surgimento de uma desordem do cotidiano. Os manuais de dramaturgia, bem como a experiência enquanto cinéfilo mostra que um dos principais aspectos que tornam os bons coadjuvantes tão cruciais para o sucesso de uma narrativa cinematográfica é a sua capacidade de fornecer contextos e perspectivas que complementam e contrastam com os personagens principais. Essa dinâmica não apenas ajuda a revelar diferentes facetas dos protagonistas, mas também adiciona camadas de complexidade à história, mantendo o interesse e a imprevisibilidade da trama. Qual será a ação da mãe de Linda diante das revelações da filha? Internar e se tornar um arquétipo sombra, alguém que traz instabilidade na relação entre adjuvante ou oponente da protagonista? Ou compreender que a jovem mulher passa por desequilíbrios emocionais diante do luto? A presença da personagem é pouco aproveitada, o que esvazia o potencial do texto dramático.
Os coadjuvantes, caro leitor, desempenham um papel fundamental na progressão da narrativa. Eles podem servir como catalisadores para desencadear eventos cruciais, desafiar ou apoiar as escolhas dos personagens principais, além de oferecer informações valiosas que impulsionam a história, pois com suas próprias motivações, conflitos e arcos de transformação, os coadjuvantes contribuem ativamente para a evolução dos personagens principais e do enredo, garantindo que a narrativa evolua mais intensamente. O que podemos dizer de Claire, a amante de Jim, interpretada por Amber Valletta? A presença de bons coadjuvantes pode ter um impacto significativo no impacto emocional e na ressonância do filme junto ao público. Ao desenvolver personagens secundários com os quais os espectadores possam se identificar, torcer ou se emocionar, a narrativa cinematográfica se torna mais empática, no entanto, ao longo do roteiro e do desenvolvimento de sua tradução para o suporte audiovisual, essa coadjuvante importante para compreendermos as ações da protagonista se apresenta de maneira pálida na trama. A sua existência ou não pouco muda o tom da narrativa. Se talvez tivesse sido mencionada em e-mails, bilhetes ou por alguma mensagem de voz no celular, fosse mais impactante que a sua passagem, pavimentada por linhas de diálogos frágeis, sem colaborar significativamente para o enredo.
Ademais, mesmo que entregue um bom desempenho dramático e tornar o filme um pouco mais empolgante, as reações de Linda aos eventos em determinados trechos parecem inconsistentes, o que pode dilui a autenticidade emocional da narrativa. A atriz parece não entender o que está acontecendo com a sua personagem, algo que reforça uma possível teoria: entre o texto de Bill Kelly e o produto final deve haver diferenças significativas. Ademais, o filme não fornece uma explicação satisfatória para as premonições de Linda, deixando muitos pontos chave sem respostas. É um descompromisso com o espectador, fatal para a autenticidade de uma trama. Em outros momentos, algumas decisões da protagonista parecem irracionais ou forçadas, servindo mais ao enredo do que sendo uma consequência natural do desenvolvimento da história, algo que aumenta a nossa confiança diante do que estamos assistindo e da nossa catarse ao passo que o desfecho se aproxima. Em seu ritmo irregular, a maioria das mudanças abruptas se conecta com cenas monótonas, algo que afeta a nossa imersão, isto é, o necessário envolvimento. Por fim, Premonições é uma narrativa descuidada ao abordar questões psiquiátricas, especialmente a sanidade de Linda, de maneira muito superficial, derrapando em muitas passagens na insensibilidade e no discurso estereotipado.
Diante de uma história com paradoxos temporais, a construção narrativa pede o uso constante de flashbacks e flashforwards. Mas é preciso cautela, o que não ocorre no filme que contemplamos por aqui. Antes de versar sobre esses recursos narrativos, observe nove pontos que podem ser desafiadores no ato de composição de uma trama do tipo, focada no desenvolvimento não linear das situações narrativas. Selecionei por meio de um infográfico:
Observou? Agora, antes de fechar a nossa reflexão, vou apresentar os desafios diante do uso de flashbacks e flashforwards, recursos que podem ter um impacto significativo na experiência do espectador em filmes, influenciando as interpretações de maneiras distintas. Um deles é a complexidade narrativa, pois a alternância entre diferentes períodos temporais pode adicionar profundidade à trama, permitindo a exploração de múltiplos aspectos da história e dos personagens. Quando bem equilibrados, promovem engajamento, ou seja, flashbacks e flashforwards podem manter o espectador envolvido na narrativa, despertando curiosidade e mantendo o interesse ao revelar informações importantes em momentos estratégicos, algo que consequentemente nos leva para a importante relação de emoção e empatia, pois o uso desses recursos de maneira assertiva cria conexões emocionais mais fortes entre o público e os personagens. Com isso, uma compreensão mais profunda de seus motivos e experiências passadas, um acompanhamento mais intenso de suas necessidades dramáticas. Tais recursos também permitem: revelações impactantes, quando utilizados em reviravoltas surpreendentes na trama, criando momentos de choque e suspense; exploração temática, afinal, a alternância temporal pode ser usada para explorar temas como memória, arrependimento, perdão, progresso e o impacto das escolhas passadas sobre o presente e o futuro dos personagens, além de promover a chamada “desorientação controlada”, pois estruturas não lineares desafiam a nossa percepção temporal, criando uma experiência sensorial única e estimulante que o envolve de maneira atípica. Mas, e quando tais recursos são utilizados de maneira pouco eficiente?
Simples: causam confusão temporal, com uma trama onde a alternância entre passado, presente e futuro pode confundir e não entreter, dificultando a compreensão da linha temporal da história. Há também os riscos da quebra de imersão, afinal, o uso excessivo de flashbacks e flashforwards interrompem a imersão do espectador na narrativa principal, causando distrações para o enredo central, algo que acontece em alguns momentos de Premonições. De maneira descuidada, causa desorientação narrativa, porque quando são executados sem eficiência, os flashbacks e flashforwards dificultam a nossa compreensão da trama e dos personagens, levando a uma experiência confusa para o público. Sem envolvimento com as figuras ficcionais da trama, não há catarse, tampouco desfecho satisfatório, ocasionando também a perigosa perda de suspense, ao passo que revelar informações importantes por meio de flashbacks ou flashforwards em muitas ocasiões diminui o suspense e impacto das reviravoltas do roteiro. A constante mudança entre diferentes períodos temporais, quando não elaborada por realizadores mais conscientes de seu processo artístico, pode deteriorar a identificação e empatia do público com os personagens, permitindo também outro problema de gravidade para narrativas de entretenimento: a quebra de ritmo, pois o uso excessivo de idas e vindas temporais pode interferir no ritmo narrativo, tornando a experiência menos fluida e, como em algumas passagens do filme em questão, monótonas. Ademais, dentre os obstáculos do uso desses recursos na estruturação de narrativas, temos a possibilidade de excesso de informação, causador de sobrecarga no espectador, o que acaba dificultando a assimilação e digestão dos acontecimentos, bem como a incoerência cronológica, com erros na linha temporal dos eventos, despencando nas inconsistências na narrativa.