Home TVEpisódio Crítica | Star Wars: The Bad Batch – 3X15: A Cavalaria Chegou

Crítica | Star Wars: The Bad Batch – 3X15: A Cavalaria Chegou

Uma rebelião de clones antes da Aliança Rebelde.

por Davi Lima
1,8K views
Cavalaria

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série. 

Como havia dito no último texto de Ataque Relâmpago, apesar de The Bad Batch manter sua qualidade, parece se apequenar para seguir o mais pragmático possível na reta final em sua história. Eu queria muito estar errado, e alguns fãs talvez achem que eu esteja, mas existem fatos desse nesse último episódio, A Cavalaria Chegou, que é difícil negar a mediana execução do final. 

Soa engraçado e inteligente o nome desse episódio – mais uma referência a linguagem de guerra -, pois a cavalaria sempre esteve lá, mas presa. Os clones aprisionados em Tantiss, um grande laboratório de teste de clonagem, destruído pelos seus experimentos. Isso é um dos tantos conceitos bons da série quanto ao tema da clonagem e as consequências disso. Clonagem é o mais próximo de uma criação divina, então é uma temática cara para ficção científica, fantasia e a franquia. Porém, assim como neste último episódio Hemlock prova sua teoria da irmandade clônica para prender Omega, se mostrando um grande cientista, parece também um vilão desperdiçado, expondo sua vilania inteligente aos 45 minutos do segundo tempo. Assim são os vários conceitos e dramas da série sendo subdesenvolvidos.

Em meio a liberdade que a Lucasfilm tem com essas séries animadas, isso não garantiu aprofundamento de questões inicialmente novas sobre os clones. Muito do trabalho bom dos showrunners, Brad Rau e Jennifer Corbett, vendo agora a série completa, foram os exercícios de gêneros – suspense, ação – e o movimento de trama a partir de assuntos temáticos que alimentam o cânon de Star Wars. É uma qualidade única para quem conhece esse universo, mas os dramas dos personagens, aqueles que ficam na mente das crianças e dos espectadores, ficam apenas na imagem superficial de passagem de tempo, de uma cronologia que aborda sobre os clones por necessidade que a guerra clônica acabou.

A cena final da série, antes do Epílogo, quando vemos o Esquadrão 99 sentado, cansado, não parece um drama, um conflito dessa imagem com o sucesso deles salvarem Omega; parece a própria série cansada. O cansaço aqui é de tirar leite de pedra, e ainda necessitar jogar no seguro. Claro que dar um lar aos clones, Pabu, é transformante para a situação dos clones. Sem dúvida, The Bad Batch responde perfeitamente uma história trágica pós ordem 66 para os que as executaram, mas sem compromisso com uma tragédia que nos faz perder para ganhar neste ato final em específico.

Ambas séries criadas por Dave Filoni terminam parecidas: um final agridoce para deixar os espectadores sentirem o peso de uma trama fora dos filmes que de alguma maneira os reinterpreta. Clone Wars tornou A Vingança dos Sith uma história paralela para Ahsoka, enquanto Rebels mostrou uma origem menos política dos Prequels para a formação da rebelião – desde o grafite de Sabine a espionagem de Fulcrum. Os defeituosos de The Bad Batch, afinal, acabam, assim, sendo um grande filler dos filmes para mostrar a aposentadoria dos clones a muito custo; um grande epílogo do Episódio III.

Assim, o mesmo modus operandi que Filoni ensinou a Brad e Jennifer se ofusca. O método Filoni experimenta, usufrui do procedural, do 3D, mas também vai além, torna seu material marcante além de uma side quest que não foram para os filmes. A segunda temporada de The Bad Batch, talvez a mais criticada, seja a mais sincera em evidenciar os detalhes que só uma série focada nos clones poderia abordar. Algo único que nenhuma narrativa teria.

A terceira temporada, mesmo que comece bem e tenha episódios maravilhosos, não compensa o esforço de trabalhar o Projeto Necromante apenas para dizer o porquê adiou-se a clonagem do Imperador. A cena final na chuva, uma emulação de Kamino, com Crosshair e Hunter juntos, é visualmente conceitualmente dramática, um ajudando o outro a segurar a arma, mas sua execução é sem necessidade. Omega não poderia morrer, Hemlock estava de mãos atadas. O conflito era apenas aparente.

Esse é o problema desse último episódio, que apesar de tudo é ainda impactante. O monstro Zilla, os clones das sombras com habilidades dos 99, a mão cortada de Crosshair…tem bombas dramáticas aqui e ali em meio a cenas confusas de ação. Mas no final Zilla vai para a floresta, os clones das sombras não são tão difíceis de ganhar e é isso: tudo já estava ganho, sem perigo. Até mesmo a morte de Nala Se e Rampart parece uma maneira narrativa confortável para não deixar rastros do Projeto Necromante e da Omega por aí na galáxia. A Cavalaria Chegou

Talvez Rampart seja o personagem mais interessante que foi retomado, pois é um imperial traído que parece engrenar para um gangster, ou um negociador do Império – se não tivesse morrido. Mas ainda assim é pouco. Ao final, Tech e toda a impossibilidade de fugir de Tantiss foi mais emocionante que acabá-la por um ato imperial econômico de Tarkin para focar na Estrela da Morte. Essa foi destruição real, muito mais que pelo Zilla e os clones. A Cavalaria Chegou

Enfim, The Bad Batch poderia ser mais sobre Hunter, sobre Crosshair, ou mais sobre o clima familiar com Omega em sacrifícios além de Tech. Isso tudo sempre foi o conflito dramático com a clonagem esterilizada da ciência que cria seres humanos, mas não os laços afetivos. Creio que essa terceira temporada esqueceu bastante disso, e acabou se tornando idas e vindas narrativas para completar uma missão rebelde, mesmo não participando da ainda inexistente Aliança Rebelde. 

Lá no fundo é isso de novo: uma rebelião dos clones que será lembrado em algum filme ou série, de que os clones defeituosos foram vitoriosos em salvar os clones normais, e atrasar um plano mais perigoso que a Estrela da Morte. Agora sabemos o motivo de existir Rogue One. Emocionante… mas isso é pouco. Todos os contrastes e conflitos da série são possíveis de visualizar, mas poucos foram traduzidos ou desenvolvidos, se contentando com o epílogo. A Cavalaria Chegou

Sobre o Epílogo: ver Omega crescida e Hunter mais velho me lembrou do porque The Bad Batch me cativou. No final George Lucas sempre contou uma soap opera, uma história de família nas galáxias. Então nada mais emocionante que um clone, no estilo Rambo das Guerras Clônicas, se tornar pai por adoção. A história de Crosshair, o desenvolvimento de Tech, ou as graças de Wrecker, sempre foram agregador para isso – apesar de Crosshair se tornar um personagem maior que The Bad Batch. Mas no final, o centro da série era Hunter e Omega, como uma história de The Last of Us em Star Wars. O mistério de Omega era como Anakin no Episódio I, em que midclorians nunca foi importante – e por isso episódios como a de Ventress parecem deslocados para um fan service. Logo, o epílogo entrega o que a série é e o que poderia ser mais sobre: clones aposentados criando filhos para uma nova guerra – Omega se junta a Rebelião, deixando seus pais descansando em Pabu. A Cavalaria Chegou

Star Wars: The Bad Batch – 3X15: A Cavalaria Chegou (Star Wars: The Bad Batch – 3X15: The Cavalry Has Arrived – EUA, 01 de maio de 2024)
Criação: Dave Filoni
Direção: Steward Lee, Brad Rau, Saul Ruiz
Roteiro: Jennifer Corbett
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Gwendoline Yeo, Helen Sadler, Ivan Sinitsin, Jeffrey Boehm, Jimmi Simpson, Keisha Castle-Hughes, Matthew M Garcia, Naiya Singh Padilla, Noshir Dalal, Olwyn M. Whelan, Shelby Young, Stephen Stanton
Duração: 51 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais