Número de temporadas: 10
Número de episódios: 128
Período de exibição: 07 de outubro de 1962 até 29 de julho de 1965
Há continuação ou reboot?: Sim, a série ganhou uma continuação em forma de spin-off chamada The New Samurai (Shin Onmitsu Kenshi), que acompanha um novo protagonista, além de ter ganhado um remake colorido nos anos 70.
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Como parte da nossa semana samurai, dedicada especialmente para o lançamento da nova minissérie Xógum, meu colega Ritter Fan me pediu uma mãozinha com a crítica de Onmitsu Kenshi, uma série japonesa dos anos 60 que acompanha as aventuras de um samurai detetive/espião chamado Akikusa Shintarō (Ose Koichi). A verdadeira identidade do personagem é Matsudaira Nobuchiyo, daí sua relação temática com o especial de Xógum, uma vez que Nobuchiyo é o meio-irmão mais velho de Tokugawa Ienari, o 11º shogun Tokugawa, cuja linhagem começa exatamente na obra de James Clavell, que usa nomes fictícios, mas todos baseados em personagens históricos.
Em síntese, Nobuchiyo assume o manto de Akikusa Shintarō por ser filho de uma concubina e não poder ascender ao poder, decidindo se tornar um espião para derrotar lordes feudais rivais para proteger seu meio-irmão e o reinado de sua linhagem. No piloto, o protagonista é enviado para investigar um clã rival em busca de recursos, uma vez que a fome está destruindo a região. O lorde desse clã fica com receio do xogunato tomar posse e controle do seu território, enviando um de seus subordinados, Kiba Jinjūrō (Toshiyuki Katsuki), para matar Shintarō.
Dando uma olhada no material da série, vi que a grande maioria dos seus arcos envolvem lutas de espadas e principalmente ninjas – das dez temporadas, nove têm “ninja” como título dos arcos. Surpreendentemente, porém, o primeiro ano da obra é diferente, focado em uma narrativa inspirada no western, com o piloto apresentando competições e lutas com armas de fogo e um cenário típico do velho-oeste, com um povo indígena (ainus) em perigo, bandidos locais de quinta categoria e até um clímax de duelo entre pistoleiros. Se não fosse o bastante, a resolução do conflito ainda envolve uma revelação em forma de monólogo que vemos em histórias de detetives, com direito a apresentação da arma do crime e provas contra o assassino.
É uma saladona bem divertida e que, confesso, me deixou intrigado para ver outros episódios, inclusive os que envolvem ninjas no futuro. Obviamente que todos os elementos e inspirações que citei são extremamente genéricos, mas a mescla entre samurai, western e “espionagem” com esse contexto histórico nipônico é curiosa, por mais que o roteiro seja superficial e limitado para se aproveitar da premissa e da execução de vários gêneros. Pelo menos pelo piloto, o principal problema é a duração curta de apenas vinte minutinhos, o que não deixa a aventura respirar em suas resoluções apressadas.
Ainda assim, The Man from Edo é uma boa introdução para as façanhas de Shintarō. Por mais restrita que a produção seja, as locações e os figurinos são ótimos para a época, além de um trabalho básico, porém eficiente da direção e da edição com as cenas de ação e com as passagens rápidas da história. Talvez eu esteja sendo até bonzinho na análise, uma vez que, se alguém assistir o episódio – disponível de graça no Youtube com dublagem em inglês -, vai facilmente se deparar com muito melodrama, diálogos amadores, atuações caricatas e elementos ordinários, mas tenho uma queda gigantesca por produções antigas, simplistas e criativas como essa. Afinal, estamos vendo um samurai detetive/espião que derruba lordes feudais rivais para manter o poder do xogunato, lutando no caminho contra pistoleiros, espadachins e ninjas! Qual é, poucas premissas soam tão divertidas quanto essa. Um remake ou reboot da série com roteiros modernos e uma produção sofisticada seria muito bem-vindo.
The Samurai / Spy Swordsman (Onmitsu Kenshi) – 1X01: The Man from Edo (Japão, 07 de outubro de 1962)
Criação: Shinichi Nishimura
Direção: Tōru Toyama
Roteiro: Masaru Igami, Yasushi Katō
Elenco: Ose Koichi, Shunsuke Omori, Bin Amatsu, Toshiyuki Katsuki
Duração: 21 min.