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Crítica | X-Men ’97 – 1X03: Fire Made Flesh

Destruindo uma família.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo X-Men.

O terceiro episódio de X-Men ’97 deixa um pouco de lado os eventos principais do início da temporada para poder focar inteiramente no cliffhanger de Mutant Liberation Begins, que nos apresentou uma segunda Jean Grey chegando na mansão dos mutantes. Para quem é familiar com os quadrinhos, a aparição é facilmente identificável, uma vez que a história sobre Madelyne Pryor, um clone da telepata ruiva criado por Sr. Sinistro, é extremamente famosa no cânone dos X-Men, criando diversas repercussões que duram até hoje nos quadrinhos, com destaque para a origem de Nathan Summers (Cable). Para mim, a grande questão era: o clone é a versão na mansão ou a que havia chegado no gancho do segundo episódio?

Fire Made Flesh responde a pergunta rapidamente quando o Fera esclarece que a Jean Grey que chegou é a verdadeira versão da mutante. De início, até pensei que o roteiro poderia tentar um twist na adaptação de Inferno, arco de 1989 que cobre o material que vemos em tela, com Nathan sendo filho da Jean Grey real, mas a produção segue a linha principal da história original, com Ciclope tendo um filho com um clone de sua amada, enquanto Nathan é infectado com um vírus e vai parar no futuro. Obviamente que a maneira de se chegar nessas resoluções é bastante diferente dos quadrinhos, com mudanças feitas para ajustar um grande arco em apenas 30 minutos, no que é efetivamente uma boa adaptação, mas que é evidentemente corrida.

O fato do episódio atropelar certas coisas é a única razão para vê-lo com olhos menos agradáveis do que a dupla que abre a temporada. Em um minuto estamos na mansão, de repente a Madelyne Pryor se manifesta, somos jogados em uma batalha, a verdadeira Jean Grey volta a cena, o grupo corre para enfrentar o Sr. Sinistro e, por fim, há uma pressa gigantesca no ato final para fechar as pontas da história com Nathan indo ao futuro e Pryor deixando os X-Men. Fica claro a falta de tempo para certos dramas respirarem ou personagens importantes terem mais atenção narrativa. Notem o quão pequeno é o intervalo dedicado para Pryor, Jean e Ciclope digerirem a situação, bem como na participação negativamente limitada do Sr. Sinistro.

Entendo que o roteiro tem o trabalho hercúleo de condensar muita coisa em apenas meia hora e aplaudo os esforços da produção em descartar desdobramentos do material original que não fariam sentido aqui (não vou entrar em detalhes específicos e comparações de mídia, mas existe toda uma passagem maluca envolvendo demônios e outros mutantes da Marvel), mas dá para notar como essa seria uma história para, no mínimo, dois episódios, com mais tempo dedicado para os dilemas de Ciclope, Jean e Pryor, e uma duração maior para estabelecer o Sr. Sinistro como um antagonista melhor. Também não gosto muito da maneira como os coadjuvantes têm sido pouco aproveitados (já nos despedimos, pelo menos temporariamente, do Bishop!), em uma narrativa geral que, aparentemente, irá focar mais em Summers e Grey. Com mais tempo, esse poderia ter sido um ótimo episódio para o Morfo, por exemplo.

Mesmo com essas ressalvas, porém, temos um resultado final acima da média. A maneira como os roteiristas transformam um épico caótico das HQs em um drama familiar e cheio de desdobramentos íntimos é notável, mantendo a qualidade narrativa que elogiei anteriormente sobre o amadurecimento da produção. As despedidas de Scott e Pryor de Nathan são extremamente comoventes, além de termos grandes momentos sobre Jean Grey. Gostaria de ter visto mais de Pryor lidando com tudo isso, mas sua resolução é satisfatória e mantém uma porta aberta para retorno. Da mesma forma, acredito que o Sr. Sinistro deve retornar em algum período da temporada para ganhar seus merecidos holofotes. Por fim, outro ponto a ser destacado é a ação e o nível técnico da animação, com destaque para as criativas sequências psíquicas, em mais um episódio visualmente entusiasmante e divertido da série.

Tenho comigo que irei olhar para Fire Made Flesh com olhos mais favoráveis ao final da temporada. Muito do que acontece aqui será lidado de maneira consequencial nos próximos episódios, com repercussões interessantes e cheias de potencial em torno do relacionamento quebrado de Ciclope e Jean (com Wolverine doidinho para ser um fura-olho), que sequer sabem quando houve a troca das “Jeans”, e quem sabe novas tramas sobre Pryor, Sr. Sinistro e Cable no futuro. Mesmo achando o episódio de maneira geral corrido, impaciente e um pouco atrapalhado, continuo gostando do tom e da direção que Beau DeMayo vem dando à série, priorizando dramas íntimos no meio dos eventos insanos dos mutantes, honrando os temas da franquia e sem deixar o entretenimento de lado. No fim, ainda temos um gancho bacaníssimo com a introdução de Forge (um mutante muito subestimado por não ter tido projeção no audiovisual) e a volta da Tempestade. O resto da temporada promete!

X-Men ’97 – 1X03: Fire Made Flesh (EUA, 27 de março de 2024)
Desenvolvimento: Beau DeMayo
Direção: Emi Yonemura
Roteiro: Beau DeMayo, Charley Feldman
Elenco: Ray Chase, Jennifer Hale, Alison Sealy-Smith, Cal Dodd, J. P. Karliak, Lenore Zann, George Buza, A. J. LoCascio, Holly Chou, Isaac Robinson-Smith, Matthew Waterson, Adrian Hough
Duração: 31 min.

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