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Crítica | Fazendo Meu Filme

O básico do cinema num filme de amorzinho da cinéfila.

por Davi Lima
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A quebra da quarta parede (espaço invisível que a arte cria com o público para dividir o local/universo da obra e o local de observação) e o quarto de uma menina é um jogo de espaços para uma cinéfila protagonista em Fazendo Meu Filme. E para ela que diz que tem só um amigo, o filme, no final, é uma comprovação de um relacionamento entre duas pessoas que ultrapassa o universo organizado da protagonista. 

Ao apresentar seu mundo como imaginações cinematográficas das quais ela toma conta, Fani (Bela Fernandes) acaba por sair do sistema de vida fechado pela quarta parede (seu quarto, seus filmes, sua escola ou círculo de amigos), um sistema sobre o qual ela comenta o tempo inteiro com o público. Numa simples conversa dentro do carro dela com a sua mãe sobre o intercâmbio, tudo muda dentro das três paredes, e ela vive um filme de despedida diferente… ou tem a oportunidade de ver outros tipos de filmes que não sejam seus DVDs.

Assim como Buster Keaton e Charles Chaplin faziam piada com o humor físico, o romance, nesses filmes, centrava-se em achar um segredo, um espaço, um objeto ou deficiência entre os envolvidos, ligando-os comicamente. A referência que o diretor Pedro Antônio fez ao cinema desses cineastas da década de 40, valorizando o novo espaço colorido e compartilhado de Fani, é digno de um “filme amorzinho” – como ela mesmo define seu gosto cinéfilo –  com bases de comédia romântica de qualidade.

Ao final, Fazendo Meu Filme pega uma essência do cinema que é exatamente tratar a tela como um outro espaço ou universo montado por várias cenas. No cinema, um evento é um drama forte ou uma ação sutil para a grande narrativa. Do mesmo jeito, se o roteiro e a montagem desse filme baseado na obra de Paula Pimenta parecem brutos demais, há um fio simples, dramático e apoteótico para que um beijo, uma única ação, no aeroporto, reúna vários outros espaços dos personagens em um só.

Se por um lado, as qualidades para alguns é que haja fidelidade em uma adaptação literária, o certo mesmo é que a narrativa seja convincente e que ao menos haja, se não uma interpretação plausível do livro, uma real adaptação para o universo do cinema – mundo também a ser investido. Nesse sentido, Fazendo Meu Filme encontra, com muito pouco, uma aventura a ser escrita pelo mais básico e um dos fatores mais importantes da Sétima Arte: o espaço cinematográfico com seu próprio tempo e sua própria imagética, podendo continuar imaginados, tal como a realidade em que se baseia.

Agradeço a incrível publicitária Nadiely (maior fã de Fazendo Meu Filme), que me fez de novo ter gosto pela leitura e pela cinefilia.

Fazendo Meu Filme – Brasil | 2024
Direção: Pedro Antônio Paes, Marco Antonio de Carvalho
Roteiro: Bruna Horta, Pedro Antônio Paes, Paula Pimenta
Elenco: Bela Fernandes, Xande Valois, Giovanna Chaves, Kiria Malheiros, Pedro David, Samara Felippo, Júlia Svacinna, Alanys Santos, Caio Paduan, Paula Pimenta, Matheus Costa, Pedro David
Duração: 95 min.

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