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Crítica | Big Finish Mensal #56: The Axis of Insanity

Linhas do tempo corrompidas.

por Luiz Santiago
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Localizada entre os arcos Planet of Fire e The Caves of Androzani, esta aventura coloca o 5º Doutor, Peri e a faraó Erimem em um local chamado Eixo (Axis), um complexo no espaço entre duas dimensões, uma região não facilmente identificada, algo que talvez pudéssemos classificar como “lugar nenhum” no Universo. De maneira não profundamente explicável nesse roteiro de Simon Furman, a estrutura do Eixo é composta por realidades danificadas ou truncadas, com becos temporais sem saída, formados por mudanças em pontos fixos na História — gerando repercussões catastróficas a longo prazo, em toda a linha do tempo. A ideia geral para o espaço onde a ação acontece é realmente muito boa, porque nos faz refletir diretamente sobre o tempo e a constante ação dos viajantes da TARDIS onde quer que pisem. Mas eu sinceramente não achei nada especial nos eventos concebidos pelo autor como mola para o episódio. Acho, aliás, que são um pouco travados, não fluem muito bem e não são lá tão chamativos.

Em se tratando de uma aventura do 5º Doutor, por quem eu não morro de amores, isso já era esperado, de certa forma. No entanto, tirando os elementos de antagonismo, eu gostei de todo o restante, mostrando que não é um “travamento por rejeição“. Para mim, as interpretações do elenco, a atmosfera da aventura e o espaço físico onde a ação acontece são muito bons. O que puxa o drama para baixo são os conflitos pelos quais o grupo da TARDIS passa — talvez com exceção da linha paralela envolvendo Tog e sua luta para voltar ao planeta Pangorum, local, inclusive, de onde vem a antagonista da saga, uma cientista maluca chamada Jarra To. Podendo se manifestar de muitas formas físicas, mas escolhendo primordialmente a figura de um bobo da corte, Jarra To está muitíssimo feliz dominando esse novo território, onde pode corromper e manipular pedaços de realidade ao seu bel prazer. É aí que entra o Doutor e suas amigas para impedir que essa situação continue.

Prévia da história, ilustrada por Martin Geraghty na DWM #342.

Eu gosto muito da participação de Peri e Erimem aqui, porque elas realmente estão trabalhando, buscando soluções interessantes, muitas vezes se antecipando ao Doutor ou até agindo de igual para igual em termos de interferências decisivas contra a vilã. A própria vilã, nesse caso, é ótima, macabra e com uma história que causa uma variedade de sentimentos no espectador. Ela acredita estar eternamente aprisionada em um ciclo de repetições infinitas, e essa percepção distorcida coloca a cientista em um estado de insanidade e um anseio por caos, o que explica — mas não justifica — o seu comportamento, seus jogos à la Toymaker e sua falta de empatia para com os outros. Em adição a isso, a interpretação de Garrick Hagon e Liza Ross para as versões diferentes da personagem também se destacam, ambas com nuances de sombra e fortemente marcadas por uma felicidade maníaca que chega a arrepiar.

O final de The Axis of Insanity indica uma continuação das andanças dessa equipe da TARDIS em algo ligado ao Eixo, já que o Doutor promete honrar uma promessa feita ao simpático Tog. Eu realmente preferiria que Simon Furman entregasse eventos de antagonismo mais organizados e com maior fluidez, mas não é isso que acontece aqui. De todo modo, o drama inteiro funciona de forma boa, a despeito dos tropeços, muito graças à vilã excelente e à presença das companheiras do Doutor, além de um personagem simpático que aparece no meio do caminho e traz um pouquinho de humanidade no meio de tanta maluquice.

Big Finish Mensal #56: The Axis of Insanity (Reino Unido, abril de 2004)
Direção: Gary Russell
Roteiro: Simon Furman
Elenco: Peter Davison, Nicola Bryant, Caroline Morris, Roy North, Garrick Hagon, Liza Ross, Marc Danbury, Stephen Mansfield, Daniel Hogarth
Duração: 104 min.

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