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Crítica | Feliz Natal (2022)

Papai Noel robótico destroça vidas nesta noite natalina demasiadamente sangrenta.

por Leonardo Campos
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No segmento narrativo ficcional envolvendo o período natalino, as salas de cinema e os serviços de streaming nos ofertam, anualmente, uma abundante quantidade de produções sobre os obstáculos enfrentados por personagens na busca pelo Natal perfeito. Os filmes e séries dramáticos e cômicos são os mais proeminentes, mas nesta época sempre há uma pequena, mas expressiva cota para histórias que revertem a concepção que temos sobre os festejos natalinos, nos entregando tramas sanguinolentas que quebram as expectativas de união, paz, harmonia e reconciliação comuns ao momento em questão. Este é o caso dos filmes de terror, em sua maioria, vinculados ao subgênero slasher. Quando desenvolvidos tendo o Natal como temática, geralmente estas histórias trazem uma figura perturbada, trajada de Papai Noel, um dos símbolos máximos desta data comemorativa de nosso calendário, vilão a perseguir e trucidar as suas vítimas incautas com muita veemência. Feliz Natal, lançado em 2022, segue esta cartilha.

Diferente dos demais filmes deste estilo, nós não temos aqui um psicopata solto pelas ruas matando violentamente as pessoas. A proposta de Joe Begas, diretor e roteirista da narrativa, é a presença de um Papai Noel robótico, criado com inteligência militar, figura desgovernada que passa por uma pane e pavimenta uma caminhada de muito sangue. Interpretado por Abraham Benrubi, o monstro do filme não possui uma motivação específica, uma vingança planejada diante de uma situação do passado, mas apenas segue o seu sistema e trafega rumo ao período natalino mais violento da história dos personagens que infelizmente tem a má sorte de estar por perto enquanto o antagonista segue a sua empreitada sanguinária. Com sua visão apresentada constantemente por um curioso uso do ponto de vista, ele aniquila não apenas adultos, mas sobra até mesmo para as crianças, neste caso, mortes em offscreen, por questões “éticas”.

A final girl aqui é Tori (Riley Dandy), a dona de uma loja de discos. Ela e seu funcionário dialogam sobre música, encontros, dentre outras coisas, enquanto o Papai Noel assassino mata cada uma das pessoas lá do lado de fora, se aproximando cada vez mais para tornar a sua noite natalina algo inesperado. Para ela que pensou ser uma véspera de Natal de bebida, sexo e debates sobre sonoridade, as coisas se revertem de maneira vertiginosa. Junto ao seu protagonismo batalhado na unha, temos Robbie (Sam Delich) e, logo depois, Jay (Jonah Ray), Lahna (Dora Madison) e o xerife Monroe (Jeff Daniel Phillips). Ao longo dos 86 minutos de narrativa, acompanhamos a luta de todos pela sobrevivência, a caminhada robótica do assassino ao estilo Michael Myers, bem como muita histeria, mortes excessivamente sangrentas, junto ao clichê de inabilidade das autoridades em lidar com tudo que está acontecendo.

Acima da média, apesar de seu roteiro comum, sem grandes momentos, Feliz Natal está acima de vários outros filmes natalinos de terror. Tem ritmo, há um desenvolvimento mais profundo da protagonista, além de uma estética bastante interessante. As suas cenas são todas noturnas, com imagens granuladas e bastante iluminação neon para criação de um clima soturno, opressor e caótico. Na direção de fotografia, Brian Sowell entrega enquadramentos opressivos e movimentos bruscos, potencializando ainda mais as ações da máquina de matar, atmosfera intensificada pela eficiente trilha sonora de Steve Moore. Ademais, para os curiosos, o filme é uma proposta não levada adiante para um remake de Natal Sangrento, clássico slasher de 1984. O realizador apresentou a proposta cibernética, mas os produtores não acataram. Ele arquivou e resolveu desenvolver algo depois. E, o resultado, é este terror que não tem nada de especial ou inesquecível, mas que funciona muito bem como entretenimento.

Agora é aguardar para saber se haverá continuação ou qual o próximo reinado de horror natalino a indústria do cinema pretende nos apresentar para o ano que vem. Façam as suas apostas.

Feliz Natal (Christmas Bloody Christmas) —EUA, 2022
Direção: Joe Begos
Roteiro: Joe Begos
Elenco: Riley Dandy, Sam Delich, Jonah Ray, Dora Madison, Jeff Daniel Phillips, Abraham Benrubi, Jeremy Gardner, Graham Skipper, Kansas Bowling, Joe Begos, Josh Ethier, Elliott Gilbert, Adam Dietrich, Matt Mercer, Aerial Washington
Duração: 86 min.

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