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Crítica | O Feliz Natal da Moranguinho (2003)

Moranguinho e sua turma numa jornada natalina sobre o poder da empatia.

por Leonardo Campos
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Como lidar com o apego ao materialismo e celebrar uma vida de doação, empatia e respeito ao próximo, quando as atitudes egoístas dominam os espaços de uma existência cada vez mais individualista? É isso que a clássica personagem Moranguinho vai desvendar, ao longo do episódio especial natalino de sua versão em animação. Os festejos da época, comemorados com veemência na terra da garota, ganha alguns obstáculos que estabelecem crises para a protagonista preocupada com os presentes que pretende dar para cada uma de suas amigas e amigos, bem como os seus animais de estimação. De sua casa, a jovem sai para uma empreitada de compras, aprende muitas lições ao longo do caminho, retornando com ensinamentos que mudarão para sempre a sua existência, numa produção focada em manter o entretenimento dos espectadores da série animada, mas também interessados no estabelecimento de algumas lições educativas interessantes.

Criado por Muriel Fahrion, tendo a sua primeira aparição em 1979, Moranguinho começou como um personagem licenciado utilizado em cartões comemorativos e depois passou a integrar outros produtos, como bonecas, cartazes, desenhos animados, dentre outros. Cada figura ficcional deste universo, o mundo mágico chamado Morangolândia, possui o nome de uma fruta temática com roupas que combinam com seus títulos, bem como um animal de estimação intitulado como uma sobremesa. Os cabelos são perfumados, a inocência é uma característica básica, sendo um segmento de cor rosa, vendido na época de seu auge para o público infantil específico, isto é, as meninas, haja vista as questões de gênero que eram diferentes naquela época, hoje um tema que gera polêmica e muita delicadeza quando debatido. Aqui, na especificidade natalina, temos um capítulo com iconografia peculiar, trilha sonora focada nas emoções bem como muitos ensinamentos sobre relacionamento interpessoal.

Sobre o Natal, o especial traz a protagonista a apresentar todas as suas amigas frutíferas, em sua casa, numa noite de encontro. Logo, surge o questionamento: quais os presentes que Moranguinho vai dar para cada um dos seus convidados? A lição da narrativa, mais adiante, deixará transparente que aquilo que importa de verdade é a presença, a solidariedade, o afeto, mas antes disso, a personagem trafegará por seu caminho em busca do consumo, reformulando as suas questões ao passo que a história se desenrola. O seu gato, Pudim, odeia o Natal. Parece uma versão parodiada do Scrooge. Pretende dormir antes dos festejos natalinos e acordar apenas em janeiro. Pão de Mel, o pônei que segue com Moranguinho na busca dos presentes, reclama excessivamente de tudo, neste episódio que debate temas diversos, delineando em sua trajetória e importância do pensar positivo.

O tema principal, ao passo que o episódio natalino se desenvolve, é o poder da empatia. A capacidade de se colocar no lugar do outro, de calçar as suas sandálias, e ver o mundo numa perspectiva alheia. Não é preciso concordar com o ponto de vista do outro, tampouco aceitar as suas colocações, mas buscar compreender o que há no direcionamento de sua perspectiva. Além da necessidade de um mundo mais empático, a jornada de Moranguinho versa também sobre a importância do trabalho em equipe, um dos grandes dilemas de uma sociedade focada no individualismo, em detrimento do coletivo. Outro ponto interessante da empreitada de aprendizagem é a crítica ao posicionamento egoísta, um dos males em nossa convivência com outras pessoas. Tudo isso é trabalhado de maneira fluente, organicamente desenvolvido pelo roteiro, sem aquela explicitação que tornaria a animação uma aula expositiva sobre inteligência emocional, outro tópico presente na narrativa, trabalhado de forma adaptada para o público-alvo, isto é, a criançada, pois os adultos, provavelmente, não se relacionarão com a quantidade de inocência presente na pavimentação dos caminhos natalinos da açucarada Moranguinho.

O Feliz Natal da Moranguinho (Strawberry Shortcake) — EUA, 2003
Direção: Pam Carter, Marsha Goodman
Roteiro: Kent Osborne, Roshaun Hawley, Shelley Zellman, Judy Rothman Rofé, Louis Gassin
Elenco: Samantha Triba, Rachel Ware, Sarah Heinke, Laura Grimm, Hannah Koslosky, Nils Haaland
Duração: 25 min.

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