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Crítica | For All Mankind – 4X03: The Bear Hug

Golpes e operações clandestinas.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

The Bear Hug parece ser o verdadeiro começo da quarta temporada de For All Mankind, mas, por outro lado, o episódio não funcionaria de verdade sem as introduções feitas em Glasnost e Have a Nice Sol, pelo que poderia dizer que tudo funciona melhor como uma trilogia de abertura ou que o terceiro capítulo justifica as estruturas menos empolgantes dos que vieram antes. Não estou querendo, com isso, dizer que o episódio sob análise “curou” os problemas que detectei anteriormente, mas sim, apenas, que ele finalmente nos dá um norte sobre o que a temporada nos reserva.

Apesar de ainda não adorar a “reutilização” de Margo, personagem que, pelo menos até agora, acho que poderia ter sido aposentada de vez, achei interessante a forma como o episódio trabalhou as consequências de sua tentativa de impedir o espancamento de seu amigo jornalista durante o golpe que acaba derrubando Mikhail Gorbatchov e colocando um nacionalista comunista linha dura no poder na União Soviética. O que torna essa linha narrativa diferente do que se espera de um evento dessa magnitude é justamente porque ela trabalho o macro a partir do micro, literalmente de uma sala de interrogatório de uma prisão militar para onde Margo é levada, deixando muito claro, ao longo das reviravoltas, o grau de instabilidade do país.

E o final do sofrimento da veterana da NASA a leva para Star City, para trabalhar para Irina Morozova (Svetlana Efremova), a mulher que laconicamente a contactara no banco da praça, em uma Roscosmos certamente menos amiga dos EUA que pode recriar a Guerra Fria. Falando nisso, não sei se gosto se a produção estiver realmente planejando reviver o estado de tensão entre as duas maiores potências mundiais, pois isso me parece um caminho mais padrão para uma série que literal e figurativamente costuma olhar para a frente em termos de desenvolvimentos. Não que o retorno da Guerra Fria não seja realista – afinal, estamos vivendo isso agora mais uma vez -, mas sim porque tenho dificuldades de enxergar o que isso pode acrescentar algo à narrativa em Marte sem que resulte em algo semelhante ao que já vimos na lua. Mas, claro, Ronald D. Moore e companhia, tenho certeza, têm planos bem definidos sobre o que está por acontecer.

Em paralelo ao golpe de estado testemunhado por Margo, o episódio lida com outro tipo de golpe, desta vez empresarial, que é inadvertidamente catapultado por sua ex-pupila Aleida que, com sua idade que vender a ideia de Kelly para empresas privadas, acaba reacendendo a chama sonhadora de um bilionário, mas completamente recluso e amargo Dev Ayesa (Edi Gathegi). Com uma boa sequências de eventos que conta até mesmo com o momentâneo retorno de Bill Strausser (Noah Harpster) à série que permite um bom momento de catarse das dores físicas e psicológicas causadas pelo atentado à NASA entre ele e Aleida, Dev retoma a Helios e redireciona a empresa para propósitos mais nobres ao lado das duas jovens empreendedoras, de certa forma dando continuidade ao que todos nós esperávamos ver acontecer com Karen Baldwin  (Shantel VanSanten) à frente da mesma empresa até ela ser surpreendentemente morta no mesmo atentado.

Se na Terra temos dois golpes, em Marte temos duas operações clandestinas, uma plantação de maconha por ninguém menos do que Ed Baldwin, que a revela – juntamente com sua artrite (ou seria Mal de Parkinson?) – à astronauta russa Svetlana Zakharova (Maria Mashkova) no que parece ser o prelúdio de um romance e o contrabando de tudo e qualquer coisa pelo simpático Ilya Breshov (Dimiter Marinov), que passa a contar com a ajuda de Miles, desesperado por dinheiro para mandar para a família. O paralelismo funciona tão bem em Marte quanto na Terra, e, no caso de Miles, há uma bem-vinda (e esperada, claro) ponte com os reclusos norte-coreanos em uma sequência que dá destaque ao ex-Perdido em Marte Lee Jung-Gil (C. S. Lee) que parece elevar os serviços de Ilya a um nível completamente inesperado e potencialmente perigoso.

Quase com a duração de um longa-metragem padrão, The Bear Hug vem para nos lembrar que tudo em For All Mankind costuma ser muito bem pensado, com conexões intrigantes entre linhas narrativas que consistentemente fazem as histórias funcionar em um todo harmônico. Com a paz entre potências ameaçada (incluindo aí a Coréia do Norte) e com a possível descoberta de vida no Planeta Vermelho já nesse comecinho de temporada, a produção parece nos querer indicar que ainda há muita coisa para acontecer nessa fascinante aula de História Alternativa.

For All Mankind – 4X03: The Bear Hug (EUA, 22 de novembro de 2022)
Criação: Ronald D. Moore, Matt Wolpert, Ben Nedivi
Direção: Dan Liu
Roteiro: Andrew Black
Elenco: Joel Kinnaman, Wrenn Schmidt, Krys Marshall, Cynthy Wu, Coral Peña, Toby Kebbell, Tyner Rushing, Daniel Stern, Edi Gathegi, Svetlana Efremova, Noah Harpster, Dimiter Marinov, Maria Mashkova
Duração: 70 min.

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