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Crítica | Diabolik – Ginko Ataca! (2022)

Mais um plano mirabolante.

por Luiz Santiago
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Depois do ótimo longa de 2021, eu tinha altas expectativas para a continuação da saga de Diabolik nos cinemas pelas mãos dos irmãos Antonio e Marco Manetti. Qual não foi a minha enorme decepção ao terminar a sessão de Ginko Ataca! e perceber que a produção, embora tenha escolhido um andamento muito mais ágil e instigante desta vez, não conseguiu entregar um produto que estivesse à altura do personagem principal. É verdade que o processo de filmagens e lançamento da obra foi atrapalhado pela pandemia, o que também resultou na lamentável saída de Luca Marinelli do papel principal, por conta de compromissos contratuais anteriores. Ou seja, a trilogia de filmes que foi pensada para chegar aos cinemas com um ano de diferença de um longa para o outro, acabou com adiamentos que certamente interferiram na qualidade de produção, caindo bastante em comparação à estreia do projeto.

O protagonista, aqui, é vivido por Giacomo Gianniotti, cuja abordagem para Diabolik definitivamente não me agradou. Nas histórias em quadrinhos, o mascarado de Clereville não é um observador praticamente silencioso, como o ator se mostra aqui. Tudo bem que parte disso é culpa dos diretores, que não guiaram a atuação para um outro caminho, mas Gianniotti tem sua parcela de culpa na exposição de um Diabolik quase mudo e exageradamente apaixonado, com olhar conquistador toda vez que aparece na tela, e um nível de cinismo que não faz sentido nessa história. Existem aventuras nas HQs em que o ladrão adota uma postura que até lembra o que o ator faz aqui, mas nada chega perto dessa versão “rei do terror sexy” do filme. E neste ponto já temos um abismo entre o projeto de 2021 e este de 2022, pois o que chamou bastante a atenção na primeira obra foi o respeito à essência do personagem, mesmo nas modificações realizadas, o que claramente não ocorreu desta vez.

Com o intuito de trazer mais agilidade, o roteiro construiu uma base dramática que está o tempo inteiro em movimento, no melhor estilo “ação-e-reação”. Não vejo muito problema nesse tipo de abordagem, desde que os diretores utilizem todo o aparato visual para mostrar ao espectador como esse encadeamento insano de eventos faz sentido para os conflitos que se desenvolvem. E é aqui que os irmãos Manetti tropeçam. A ação mais dura de Ginko contra Diabolik e sua vitória parcial no processo, cria uma interessante atmosfera de surpresa (mesmo para quem conhece os eventos de Diabolik #16, no qual o filme é baseado) e, a princípio, ajuda o público a comprar a ideia. Isso funciona porque a ação e o suspense se entrelaçam e a direção logra o ocultamento das verdadeiras intenções dos protagonistas, tendo, a partir daí, um bom material para as reviravoltas no derradeiro ato. A grande questão é que temos duas linhas dramáticas (o romance entre Ginko e Althea e a perseguição a Diabolik e Eva) que se atrapalham, gerando problemas de abordagem que cobram um alto preço no final, com direito a didatismo irritante na explicação dos mistérios; detalhes questionáveis do plano de Diabolik e Ginko; e atitudes individuais difíceis de aceitar nesse Universo, especialmente por parte da polícia.

Ao menos a alta qualidade da trilha sonora de Aldo De Scalzi e Pivio se mantém intocável (gosto muito, inclusive, da canção Se Mi Vuoi, interpretada por Diodato nos créditos de abertura), e o belo destaque para os figurinos de Eva, Althea (Monica Bellucci, simplesmente sem vontade de fazer o filme) e da polícia. Esses dois setores conseguem dar uma elegância maior à fita, mesmo que a direção de fotografia não contribua para isso — não entendo por que substituíram a ótima Francesca Amitrano, do primeiro filme, por Angelo Sorrentino, que aqui faz um trabalho inexpressivo de câmera, luz e cores. Além de um protagonista mal composto, um enredo que não encontra caminho de coerência e um aparato técnico-visual que boicota as partes boas que consegue entregar (destaque para a edição, que apesar de algumas transições admiráveis, perde totalmente a mão nas cenas de conclusão de tensão), o filme deixa uma perspectiva baixa para a conclusão da trilogia, que adaptará a primeira aventura de origem de Dibolik. Não é um bom prenúncio. Mas milagres podem acontecer, como sempre.

Diabolik – Ginko Ataca! (Diabolik – Ginko all’attacco!) — Itália, França, 2022
Direção: Antonio Manetti, Marco Manetti
Roteiro: Antonio Manetti, Marco Manetti, Michelangelo La Neve
Elenco: Giacomo Gianniotti, Miriam Leone, Valerio Mastandrea, Monica Bellucci, Alessio Lapice, Linda Caridi, Pier Giorgio Bellocchio, Ester Pantano, Andrea Roncato, Amanda Campana, Urbano Barberini, Bernardo Casertano, Giacomo Giorgio
Duração: 118 min.

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