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Crítica | Fear the Walking Dead – 8X08: Iron Tiger

Seria esse um sinal de que teremos um bom desfecho para a série?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo The Walking Dead.

Há muito tempo eu não terminava de ver um episódio de Fear the Walking Dead com sensação de satisfação. Mesmo os melhores episódios da oitava temporada, até agora, mal conseguiram ultrapassar a barreira do mediano e os literalmente três episódios da sétima temporada que eu posso chamar de muito bons ficaram perdidos no horror geral daquele ano. Já havia até me esquecido o que era gostar de um episódio dessa série e, mesmo que Iron Tiger não seja nenhum suprassumo televisivo, ele tem a inegável vantagem de resgatar uma personagem que, confesso, não só achava que tinha morrido, como já havia me esquecido dela, mas com o objetivo de levá-la a um bom encerramento de ciclo e a um confronto com Madison que realmente tem significado dramático.

A personagem que retorna é Charlie, agora adulta, que atende pelo codinome Tigre de Ferro do título como parte da rede criada por Luciana (que também volta) para o refinamento de petróleo para a fabricação de combustível que ela fornecia para PADRE, em uma conexão com a ilha dos sequestradores de crianças que tem todo o cheiro de retcon safado, mas que até que funciona. Chega a ser brega a forma como a identidade da motorista do caminhão tanque é mantida, com a direção de S.J. Main Muñoz fazendo uso de close-up nas botas da jovem e o enquadramento de seus longos cabelos com ela de costas, tudo para, então, triunfalmente mostrar quem é, somente para Madison não entender bulhufas sobre a razão de tanto mistério o que faz com que esses suspense inicial seja inadvertidamente hilário ao ponto de eu ter gargalhado e me preparado para mais um episódio porcaria dessa segunda metade da temporada final.

Mas o que segue, daí, consegue elevar o episódio a algo melhor do que eu poderia esperar. Para começo de conversa, o roteiro não tergiversa sobre o papel de Charlie na morte de Nick e revela tudo de imediato para Madison que, claro, fica chocada com o ocorrido, logo culpando-se por ter sido ela quem albergou uma Charlie de apenas 11 anos no estádio de priscas eras. Charlie, que passou por um processo revirador de olhos em que todo mundo a perdoou quase que automaticamente pelo que ela fez, finalmente tem seu momento de contrição e a chance de expiar seus pecados, algo que Madison usa para exigir que ela se infiltre no resort tomado por Troy para matá-lo. A lógica é muito boa, pois coloca a assassina de Nick como assassina do assassino de Alicia, isso com base nas informações que, claro, o próprio Troy forneceu e que não podemos confiar, já que o retorno da filha de Madison parece algo cada vez mais palpável.

A execução do plano de Charlie para executar Troy é algo que me fez coçar um pouco a cabeça, com a direção e roteiro criando uma proposital confusão visual e narrativa que arriscou bagunçar o coreto do episódio e criando, talvez, incongruências, como por exemplo mostrar que Troy sabia que Charlie matara Nick (quando exatamente ele soube disso?). Mas fazer de Charlie uma refém perfeitamente capaz de se matar para impedir que Madison revele a localização de PADRE para seu sequestrador e cuja ameaça chega às vias de fato sem grandes enrolações, com o corpo dela sendo mostrado depois no caminhão (senão eu não acreditaria que isso aconteceu mesmo), pareceu-me uma daquelas raras escolhas corajosas da série e que leva ao já mencionado encerramento de arco para Charlie na mesma medida em que coloca Madison contra a parede, tendo que encarar seus próprios fantasmas.

Isso somado à revelação de que Troy tem uma filha cuja mãe tem uma história que de alguma forma se conecta com a de Madison e que ele quer PADRE não somente para se vingar de Madison, mas por genuinamente procurar um lugar seguro, algo que ele se recusa a dizer para manter a pose de durão, reúne algumas das melhores atuações da série em muito, muito tempo. Todos estão bem, especialmente Kim Dickens, Daniel Sharman e Alexa Nisenson, mas também Colman Domingo, Rubén Blades e Danay García, o que é refrescante de ver. Cada atuação tem peso, tem força dramática que resgata os dolorosos passados e os trazem a um amargo presente que realmente funciona e que funcionaria ainda melhor não fosse a direção estranha e fora dos eixos de Muñoz.

Seria Iron Tiger uma anomalia na derradeira temporada ou um sinal de que agora, faltando quatro episódios para o fim, a série voltou a se encontrar, prometendo levar-nos a um desfecho decente? Nem o melhor final do mundo compensará oito temporadas de uma série que realmente nunca se provou, mas seria bacana se os showrunners atuais, que assumiram a série a partir do quarto ano, justamente quando ela tinha acabado de ter uma temporada de real qualidade, se preocupem em entregar algo que pelo menos faça sentido para seus personagens-legado.

Fear the Walking Dead – 8X08: Iron Tiger (EUA, 29 de outubro de 2023)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: S.J. Main Muñoz
Roteiro: Nick Bernardone, Jacob Pinion
Elenco: Kim Dickens, Colman Domingo, Rubén Blades, Danay García, Daniel Sharman, Alexa Nisenson
Duração: 42 min.

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