SPOILERS!
Após um hiato de 9 meses, Patrulha do Destino retorna à grade televisiva semanal, para concluir a sua quarta e última temporada. Com episódios curtos e estranhos, esse retorno nos faz pensar um pouco sobre o processo de produção da fase final da série: o quanto isso já vinha sendo problemático desde o ano anterior (resquício da pandemia), e o quanto isso foi agravado pela greve dos roteiristas e atores, nos Estados Unidos. A questão é que esses capítulos que marcaram a volta do show, tentaram sustentar o máximo possível a aparência de “normalidade narrativa“, mas temos de convir que falta algo aqui, infelizmente.
Em Orqwith Patrol, partimos do ponto onde paramos no pré-hiato (Hope Patrol), ou seja, com Immortus às portas de conseguir seu intento, que é retornar à vida, à existência. E para fazer isso, conta com a ajuda de Wally Sage, que transfere a longevidade de Cliff para o vilão e faz com que ele se manifeste através de… Isabel Feathers. Confesso que todo esse aspecto da narrativa me parece uma tentativa dos roteiristas colocar, na reta final, mais um absurdo hilário, mas sem conseguir verdadeiramente encontrar o tom para isso. Patrulha do Destino se consagrou criando tramas que brincavam com o impossível e com o bizarro. Esta é a essência da série. A questão é: qual o ponto de divisão onde isso deixa de ser algo interessante, para se tornar algo forçado?
A resposta, possivelmente, está aqui. Não consigo ter uma análise pouco rigorosa para um programa que já apresentou coisas em tão alto nível narrativo e, ao menos nesse retorno, não parece saber direito como encaminhar a trama. Notem, por exemplo, como Orqwith Patrol segue a passos de tartaruga e não consegue entregar, na prática, nada de muito interessante. É um episódio com um clímax que o público esperava há 9 meses, e que aconteceu de forma rápida e com uma compensação patética, o que para mim terminou por cravar o episódio na linha de uma história “apenas ok“. Penso todo drama alardeado, que não entrega um clímax que consiga se compensar, é um drama fraco. Para nossa sorte, o episódio tem algumas coisas que salvam o conjunto da derrocada de qualidade, especialmente o elenco.
Já Fame Patrol traz mais pontos interessantes em sua composição, e é basicamente enfraquecido pela presença irritante e sem graça de Isabel Feathers, que contém Immortus em seu corpo. Sinceramente, este é o tipo de personagem que nunca vi com olhos positivos, porque sua queda para o exagero é muito constante. Isso só é aceitável em casos muito particulares, como uma daquelas personalidades de Jane que possui quase exatamente os mesmos trejeitos e propensão a “comportamento de boneca e/ou de dondoca“. O impasse está mais na reta final do episódio. O desfile em homenagem à Patrulha do Destino me soou abrupto, forçado e meio sem sentido, mas pelo menos sua representação não foi ruim, e pelo menos eu entendi a intenção disso na obra, que era reunir os heróis num único lugar, dar início a conversas sobre problemas pessoais e marcar um ataque de ira em Isabel Feathers, na frente de todos ao mesmo tempo (contando também Space Case e Dorothy, que apareceram, do nada, no capítulo anterior).
Temos alguns pontos positivos nesses dois episódios de retorno da Patrulha do Destino (interpretação do elenco, direção de fotografia, figurinos e direção de arte, por exemplo), mas eu fico com medo pelo que vem na sequência. São apenas mais 4 episódios até o fim da série, e como há muita coisa que não está clara em relação ao próprio apocalipse e ao vilão, fico com receio de que muita coisa seja feita às pressas, e que explicações no molde Deus Ex Machina tomem conta de tudo. Mas são apenas temores, todos eles incutidos após esses episódios de retorno, e eu espero que não passem de temores. A Patrulha voltou à arena e definitivamente tem um inimigo poderoso para combater. Como pretendem vencer, dessa vez?
Patrulha do Destino – 4X07 e 08: Orqwith Patrol e Fame Patrol (Doom Patrol) — EUA, 12 de outubro de 2023
Direção: Bosede Williams,
Roteiro: Tamara Becher-Wilkinson, Bob Barth, Eric Dietel
Elenco: Diane Guerrero, April Bowlby, Joivan Wade, Skye Roberts, Riley Shanahan, Matthew Zuk, Matt Bomer, Brendan Fraser, Michelle Gomez, Charity Cervantes, Abi Monterey, Elijah R. Reed Madeline Zima, Bethany Anne Lind, Tyler Mane, Daniel Annone, Van Clark, Paul Vincent Freeman, Timeca M. Seretti
Duração: 45 min.
