Home Colunas Lista | A Roda do Tempo – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | A Roda do Tempo – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

A profecia é cumprida.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Chega a ser irônico que o segundo ano de A Roda do Tempo faça o inverso da temporada de estreia: comece muito ruim e termine relativamente bacana, sendo que o primeiro ano começou prometendo muito e terminou não entregando nada. Mesmo com a inversão, os problemas da produção se mantêm: uma mescla de episódios arrastados com outros capítulos corridos; falta de desenvolvimento de personagens e tramas ao longo da temporada para dar força à conclusão da história; e, claro, muito material condensado num tempo limitado, o que deixa uma impressão de superficialidade para a maioria dos eventos e arcos que assistimos.

Particularmente, os jovens de Dois Rios continuam sendo o elo fraco da aventura, com exceção de Egwene, que ganhou um aterrorizante arco dramático em Famel, e em momentos pontuais de Nynaeve, que teve desenvolvimentos interessantes na Torre Branca. No entanto, Mat, Perrin e principalmente Rand continuam indiferentes e sem personalidade. Como um grande leitor do site chegou a brincar com Mat, parece que não sabemos, não entendemos e não nos envolvemos com esses personagens, muito por conta da falta de substância de seus respectivos núcleos. Afinal, o que realmente tivemos de cativante na trama de Mat com Min, ou então de Perrin com seus lobos e guerreiras do deserto? Não ajuda a impressão fraca que coadjuvantes passageiros deixam na jornada, como os subutilizados Padan Fain, Logain Ablar, Loial e afins.

Judkins continua errando na construção de mitologia. Muito coisa parece jogada na história, como a Trombeta de Valere ou os poderes de Rand, sem a devida atenção. O samba entre os diversos núcleos não ajuda a nos mergulhar no universo, que por sua vez tem um andamento arrastado em diversos momentos, principalmente nos primeiros episódios da temporada. A lentidão é abruptamente substituída por fogos de artifício sem um senso de aventura e escopo gradualmente construídos, até com a lógica interna dos eventos (como a distância entre locais e algumas revelações) causando estranhamento. O que foi, por exemplo, aquela cena ridícula de Alanna e seus amantes duvidando de Lan? Tão descontextualizada, assim como o desenho de toda a narrativa da temporada.

Nem tudo é medíocre, porém. Como elogiei, o arco de Egwene é um destaque – Renna é a melhor antagonista da série! -, e entre tropeços narrativos, a direção e a história encontram momentos suficientemente caóticos para manter a energia e a agilidade da fantasia, com louvores para um design de produção melhorado e bons efeitos especiais (tenho a impressão que a produção economizou nesse departamento, tanto em cenografias quanto VFX para que os momentos pontuais que eles aparecem possam ser um destaque visual). Ademais, é perceptível que existe algo interessante nos temas discutidos e na mitologia desse universo, principalmente quando o texto insinua se afastar do maniqueísmo com os personagens de Lanfear e Ishamael, bem como a derrocada moralmente tênue dos protagonistas. Infelizmente, é tudo muito ligeiro para deixar uma impressão especial. Continua sendo uma série ali no limiar da mediocridade, nem de toda ruim, mas tampouco acima da média.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

 

6º Lugar: O Sabor da Solidão / Desconhecidos e Amigos / Como Poderia Ser

2X01 a 03

design de produção dos três episódios está melhor do que o ano de estreia, com cada um dos cenários e vestimentas aqui parecendo autênticos, mas é perceptível a falta de encanto com o universo, seja pela direção, seja pela construção das tramas que não exploram nada. Isso acontece porque as três horas que assistimos do segundo ano de A Roda do Tempo são confusas, entediantes e repetitivas, sem nos levar para lugar algum. No final do terceiro episódio, a impressão é que estamos no mesmo ponto do início da segunda temporada, com os cincos jovens ainda mórbidos e perdidos numa aventura que não delineia nenhuma jornada propriamente dita, que não captura nossa atenção com tanta informação complicada e que parece tão desconexa quanto o desfecho do ano anterior.

 

5º Lugar: Daes Dae’mar 

2X07

Essa forma atropelada de se contar uma história também afeta de maneira drástica o arco dos personagens. Em particular, Rand é o mais prejudicado, sendo jogado para lá e para cá como um boneco que todos desejam, inicialmente capturado pelas Aes Sedai, depois solto de uma forma quase boba pelo grupo de Lan, e no final “salvo” por Lanfear depois de pedir socorro. A falta de personalidade e de ímpeto do personagem mais importante do universo é um ponto negativo terrível, que de certa forma afeta todos os coadjuvantes que circulam sua jornada de herói. No fim, existe movimentação o suficiente para o episódio não ser necessariamente ruim, além de um fio de curiosidade com o desfecho em Famel, mas estamos diante de um exemplo medíocre de como organizar diversos núcleos em uma obra de fantasia de mundo aberto com muitos personagens. É uma pena.

 

4º Lugar: Filha da Noite

2X04

Aliás, a conta-gotas, os protagonistas parecem entender melhor suas naturezas e objetivos, com Perrin se identificando com os lobos, Nynaeve e Egwene se encontrando numa situação perigosa com Liandrin Guirale e Mat envolvido com a traição de Min Farshaw. Finalmente algumas peças parecem se mover, culminando na junção de Moiraine e Rand ao final do episódio que, felizmente, diminui um bloco para a ginástica da montagem. De forma geral, Filha da Noite não traz nada de diferente do que vimos nos três primeiros episódios em termos de abordagem narrativa e de direção da série, mas pelo menos apresenta alguns elementos que podem insinuar algum tipo de desenvolvimento e novos perigos para a segunda metade da temporada, além da interessante adição da antagonista Lanfear.

 

3º Lugar: O Que Deveria Ser

2X08

Se tem algo que aprendi nessas duas temporadas de A Roda do Tempo (e como leitor do primeiro livro) é que a produção tenta condensar muito material em pouco tempo, o que é ainda agravado por episódios que trazem quase nenhuma progressão, como a trinca de abertura da temporada. Consigo ver qualidade temática e dramática por trás de muitas escolhas equivocadas, como uma discussão pertinente sobre diferentes facetas do mal com os objetivos de Ishamael, o plano de Lanfear e as ideologias dos mantos-brancos desviando a história do maniqueísmo, algo que também vemos na representação moral que envolve as escolhas difíceis dos grupo principal. Infelizmente, nada disso ganhou aprofundamento suficiente para que o clímax da temporada fosse tão glorioso quanto a produção quer vender, mas não é um desfecho ruim… só bagunçado.

 

2º Lugar: Damane

2X05

Particularmente, gostei bastante da dinâmica entre os vilões. Ishamael e Lanfear tem ideais diferentes; a maioria dos antagonistas não se bicam, como Suroth e Liandrin, ou Turak e também Suroth; e, em suma, vemos motivações e interesses diferentes que aprofundam os vilões e deixam a batalha contra o mal menos genérica, se ainda maniqueísta. Também temos um desenvolvimento dramático com Moiraine, algumas camadas de intriga na Torre Branca e até o saco de vento do Rand recebeu um desenvolvimento interessante em sua conexão com Lanfear de uma vida passada.

 

1º Lugar: Olhos Sem Piedade

2X06

Olhos Sem Piedade tem a melhor trama de toda a série na minha opinião, capturando nossa atenção, emoção e desespero com o núcleo aterrorizante de Egwene se tornando uma damane. A sequência com Ryma sendo capturada e a revelação da prisioneira ao lado da personagem são os pontos de exclamações necessários para finalizar com perfeição uma história de horror. Estou surpreendentemente animado com os próximos desdobramentos em Famel, apesar de, infelizmente, todo o resto da história continuar medíocre. Ainda assim, porém, talvez com a reunião de todos os jovens de Dois Rios, possivelmente em Famel, a série pode até encontrar um nível de qualidade acima do mediano, me arrisco a dizer.

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