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Crítica | Kamen Rider Kuuga (2000) – 1X01 e 02: Ressurreição / Transformação

Um novo Kamen Rider para o século XXI.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 49
Período de exibição: 30 de janeiro de 2000 a 21 de janeiro de 2001.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por diversas outras séries e sucedida por mais de 30 séries, especiais televisivos e longas-metragens que continuam sendo lançados até hoje em dia.

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Kamen Rider Black RX acabou sendo o literal fim de uma era para a franquia do gafanhoto cibernético criada por Shotaro Ishinomori que recolheu-se em um hiato televisivo que durou toda a década de 90, com diversas discussões sobre como reviver a franquia ocorrendo a partir de 1996. No entanto, foi somente em 1999 que a Toei realmente anunciou que Kamen Rider voltaria na forma de uma nova série de uma temporada a partir de uma ideia desenvolvida por Shotaro Ishinomori, então já falecido, em 1997.

Kamen Rider Kuuga é, pelo menos com base em seus dois primeiros episódios, uma quase que completa releitura da origem de seu personagem central, fugindo da velha estrutura de um humano corajoso sendo transformado em poderoso ciborgue por uma organização malévola. Em uma abertura críptica em que vemos um Kamen Rider sendo enterrado em um sarcófago depois de uma luta aparentemente há muito tempo, a ação transcorre no presente com uma escavação arqueológica que descobre o lugar de sepultamento e acaba liberando uma criatura maligna que mata todos os que ali estão e, também, desencavando um cinturão que destrava o poder de Kamen Rider Kuuga quando ele é absorvido no corpo do jovem aventureiro Yusuke Godai (Joe Odagiri) cuja conexão com a expedição arqueológica não ganha qualquer explicação mais sólida nesse início.

O processo de transformação de Godai em Kuuga se dá, eminentemente, ao longo desses dois primeiros episódios, com o primeiro, Ressurreição, transformando-o em um ciborgue gafanhoto na cor branca, com chifres pequenos, algo que difere das visões que ele tem de um guerreiro vermelho, com chifres mais proeminentes. Não demora muito e, em Transformação, em parte influenciado pelo policial Kaoru Ichijo (Shingo Katsurayama), que investiga as mortes na escavação e precisa lidar com as criaturas misteriosas que começam a aparecer e que desafia Godai a somente interferir se realmente quiser lutar, o protagonista, então, ganha sua forma mais completa e poderosa, ainda que sem sua moto turbinada que viria mais a frente.

Homenageando o passado da franquia que se valeu do mesmo expediente em seu começo e também no mangá original, os vilões dos episódios são, respectivamente, uma criatura aracnídea em Ressurreição e um morcego humanoide em Transformação, combinando efeitos práticos com bons e até assustadores trajes com efeitos em uma computação gráfica muito fraca mesmo para a época, mais ou menos o equivalente das tosquidões práticas dos anos 70, mas sem o mesmo charme e, vale dizer, sem a mesma ousadia de trabalhar as bizarrices que marcaram o começo de tudo. Na verdade, entre o envolvimento de um policial, a criação de uma identidade secreta para Godai e sua “evolução” ao longo dos episódios, essa versão de Kamen Rider perde muito de sua ousadia inicial, conformando-se mais diretamente aos ditames da época em que foi produzida, sem correr muitos riscos para não afastar o público.

No entanto, mesmo jogando seguro, é inegável que Kuuga, mesmo sem explicar o que afinal de contas é o protagonista e o que aconteceu com ele para acabar em um sarcófago (algo que, claro, seria desenvolvido posteriormente), conseguiu ser uma das pouquíssimas séries da franquia até aquele momento a seguir um roteiro bem estruturado que mantém sentido do começo ao fim, mesmo que a montagem sofra de aleatoriedades irritantes como cortes que magicamente alteram a localização dos embates de interiores para exteriores e assim por diante. Aliás, falando em embates, apesar de o CGI permitir mais maleabilidade sobre onde eles acontecem, o mesmo não pode ser dito das coreografias que, aqui neste começo ao menos, revelam-se como simplistas e consideravelmente sem graça, ainda que o design das chamadas “criaturas não-identificadas” ajude um pouco na aceitação de algo mais básico nesse quesito.

Kamen Rider Kuuga foi, sem dúvida alguma, um retorno interessante da franquia que a permitiu permanecer na televisão literalmente até hoje em dia, mais de 20 anos depois de seu recomeço. Nada mal para um gafanhoto cibernético motoqueiro que, nos anos 70, chegava a ser assustador em determinados momentos, com um nível de violência incomum que, em Kuuga, é quase inexistente. Mas, claro, os tempos são outros e a transposição da franquia para o século XXI foi inegavelmente bem sucedida.

Kamen Rider Kuuga (2000) – 1X01 e 02: Ressurreição / Transformação ( 仮面ライダークウガ / Kamen Raidā Kūga – Japão, 30 de janeiro e 06 de fevereiro de 2000)
Criação: Shotaro Ishinomori
Direção: Hidenori Ishida
Roteiro: Naruhisa Arakawa
Elenco: Joe Odagiri, Shingo Katsurayama, Kazumi Murata, Katsuaki Nishide, Fujio Mori
Duração: 24 min. (cada episódio)

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