- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.
Como Far, Far Away indicou na semana passada, o sétimo capítulo de Ahsoka é majoritariamente sobre a chegada da togruta em Peridea, dando início ao conflito final entre nosso grupo de heróis e Thrawn, com Baylan correndo por trás da história como uma figura com interesses próprios. Também é um capítulo sobre a reunião de Ahsoka, Ezra e Sabine, com partes do episódio focando em pequenas conversas e reencontros charmosos, ainda que, na minha opinião, falte uma certa emoção quando os personagens se veem, seja na revelação de Ezra, seja no retorno dos mortos da togruta. As reuniões têm um tom mais cômico e carismático do que necessariamente dramático, o que também funciona, apesar de não ser minha preferência.
No entanto, tem algo em Dreams and Madness que não é muito certo… começando pela vinheta inicial com Hera discutindo com os senadores da Nova República sobre seus atos impulsivos. O lado burocrático da série nunca funcionou, mas a forma como a cena de tribunal é corrida, facilmente resolvida com um cameo barato de C-3PO sem nenhum tipo de tensão levantou algumas sensações de que estava diante de um episódio narrativamente problemático por parte de Dave Filoni, que vinha se encontrando com a força de imagens, ótimos conceitos e grandes momentos, mas que se atrapalha quando a história precisa respirar um pouco para explorar elementos e temas que exigem mais do texto.
Senti isso em todo o episódio, acumulado de cenas esquisitas e uma trama passando o facão por momentos dramaticamente preciosos. Notem, por exemplo, como a sequência do holograma de Anakin é aleatória e sem efeito, ou como o bloco de Sabine e Ezra conversando não tem peso dramático em seus diálogos superficiais. Até a participação dos ótimos antagonistas não é sentida ao longo da trama, com Thrawn ganhando poucas cenas em seus interlúdios na sala de guerra que explica suas táticas e estratagemas para Morgan. Depois de tudo que vimos nos episódios passados, Dreams and Madness é a culminação dramática de diversos elementos, mas Filoni passa por cima de desenvolvimento real dos personagens e do avanço da história para nos dar um capítulo só de ação.
Eu meio que entendo a abordagem, apesar de ficar decepcionado com a falta de gravidade emocional ou de urgência ao longo do episódio. Ainda assim, é um capítulo de entretenimento descompromissado de encher a tela e de empolgar o espectador, passando pela chegada no campo minado espacial, as manobras pelo cemitério das baleias e os combates em terra firme, com direito a perseguições no deserto, diferentes usos da força (o estilo do Ezra é muito bacana) e, claro, o choque de sabres de luz, destacando o embate de Ahsoka e Baylan. Além disso, o escopo da direção, os efeitos especiais e o design de produção continuam nos presenteando com um espetáculo de ópera espacial.
Dreams and Madness é um episódio divertido, cheio de ação, CGI e embates que mantêm o público entretido e animado, mas é menos interessante que os episódios anteriores, tanto tematicamente quanto dramaticamente, e também é um capítulo preocupante no quão pouco ele conquista em termos de narrativa geral, ainda mais quando notamos que a season finale é semana que vem. Há muita gordura do pew-pew e da pancadaria que poderia ter sido eliminada em favor de uma história que nos prepara para o desfecho de uma grande aventura, mas não estou descrente, porque ainda tivemos um belíssimo penúltimo ato para a jornada de Ahsoka e cia. contra o retorno de Thrawn.
Ahsoka – 1X07: Dreams and Madness (EUA, 26 de setembro de 2023)
Showrunner: Dave Filoni
Direção: Geeta Vasant Patel
Roteiro: Dave Filoni
Elenco: Rosario Dawson, Natasha Liu Bordizzo, Mary Elizabeth Winstead, Ray Stevenson, Ivanna Sakhno, Diana Lee Inosanto, David Tennant, Eman Esfandi, Lars Mikkelsen
Duração: 42 min.
