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Crítica | Doctor Who: A Rose de Pedra, de Jacqueline Rayner

Enfrentando um escultor maluco na Roma Antiga.

por Rafael Lima
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Equipe: 10º Doutor, Rose
Espaço: Londres, Roma
Tempo: 2007, 120

Escrito por Jacqueline Rayner, A Rose de Pedra é a estreia do 10º Doutor na New Series Adventures, em uma aventura na Roma Antiga. Na trama, o Doutor e Rose são convidados por Mickey para irem ao Museu Britânico, aonde acham uma estátua da deusa Fortuna, que é igual a Rose. Acreditando que a moça está destinada a posar para a estátua, o Doutor e Rose vão até a Roma do ano 120, aonde se envolvem com a busca de um pai pelo filho desaparecido. A procura pelo rapaz os leva a um escultor obcecado, e a uma jovem que pode prever o futuro.

Com A Rose de Pedra, Rayner cria uma história que capta bem o espirito da 2ª Temporada da Nova Série, especialmente no que diz respeito a dinâmica de flertes entre Rose e o Doutor. Ambos os personagens também são bem retratados em suas características individuais, seja o 10º Doutor com o seu carisma jovial, ou Rose, cujo senso de empatia é bem articulado com a postura mais ousada (e até inconsequente) que a Companion passou a apresentar na Era Tennant.

As primeiras viradas dramáticas da trama não são difíceis de antecipar para qualquer um que já tenha lido alguma história de fantasia ou de ficção científica com estátuas. Quando sabemos que pessoas estão sumindo ao mesmo tempo em que um estranho escultor começa a fazer esculturas realistas, não é preciso pensar muito para saber que Rose vai acabar sendo petrificada. Mas apesar dessa previsibilidade inicial, o carisma dos protagonistas, e o retrato imagético e pulsante que a autora faz da Roma Antiga, não permitem que o 1º ato se torne cansativo, apesar da previsibilidade.

O 2º ato vê o Doutor buscando salvar Rose com a ajuda da jovem vidente Vanessa, e de Cneu, que está em busca do filho, petrificado. Estes capítulos trazem subplots que expõem que a trama não tinha o escopo para segurar um romance inteiro, como um que vê o Doutor sendo forçado a lutar no Coliseu, o que é pura enrolação, pois se retirados, não fariam falta para a narrativa. Mas não há como negar que essas passagens são divertidas, e que trazem os momentos de maior brilho do Time Lord, o que compensa o descolamento da trama principal.

A segunda metade da obra, entretanto, traz uma virada interessante ao inverter o cenário que vinha sendo trabalhado, colocando o Doutor fora de combate, e trazendo Rose para o centro da ação. É um desenvolvimento muito bom para a Companion, que sai do tropo da princesa amaldiçoada para uma caracterização mais condizente com a sua jornada dramática na 2ª temporada, que a via se tornar cada vez mais independente, e mais apaixonada pelo Doutor também. 

Nesses trechos, quando o segredo dos poderes de Vanessa e do escultor Ursus é revelado, a escala da trama cresce descontroladamente, e o que era uma história sobre um louco transformando pessoas em pedra passa a ser uma luta para salvar o universo. A transição acaba não sendo bem arquitetada, pois soa repentina, apresentando conceitos e conflitos que surgem atravessados em uma narrativa que até então era mais simples. O que frustra, é que havia espaço para trabalhar melhor esse crescendo dramático, mas a obra passou tempo demais enchendo linguiça no Coliseu.

O desfecho traz uma solução muito simples para o conflito, ao se utiliza do recurso do paradoxo temporal, que se tornou especialmente popular após a era do 10º Doutor. Felizmente, Jacqueline Rayner é sábia o bastante para perceber que as soluções que propõe podem ser vistas como saídas fáceis, encarando isso de forma espirituosa, o que até mesmo gera algumas reviravoltas no fim do livro, que redimem a previsibilidade inicial que apontei no começo da resenha.

Apesar de seus problemas de estrutura, A Rose De Pedra ainda é uma obra bastante carismática de Jacqueline Rayner, ao entender muito bem os seus protagonistas, e criar situações que exploram de forma eficiente as suas principais características. É um livro que diverte por ser muito espirituoso, mas justamente por isso, merecia uma narrativa mais organizada.

Doctor Who: A Rose de Pedra (The Stone Rose)- Reino Unido. 13 de Abril de 2006.
Autora: Jacqueline Rayner
BBC New Series Adventures #7
Publicação: BBC Books
251 Páginas

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