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Crítica | Sobrenatural: A Porta Vermelha

Voltando ao inferno.

por Felipe Oliveira
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Em sua estreia como diretor, nesse que marca o quinto capítulo da franquia Sobrenatural, Patrick Wilson tinha duas missões: voltar para os mecanismos que popularizaram os primeiros filmes e encerrar as pontas soltas da família Lambert. Felizmente, o roteiro de Scott Teems possui um argumento interessante para continuar uma história de 10 anos desde o último lançamento seguindo uma linha cronológica, porém, a tendência atual em Hollywood não deixa de refletir em Sobrenatural: A Porta Vermelha quando as “regras” do requel começam a influenciar nas escolhas da trama. Aliás, essa é a lógica seguida por Teems: fazer uma sequência-legado.

Porém, o que resulta do seu roteiro, parte de um pressuposto precoce para esboçar uma nostalgia vinda de um universo fragmentado que a Blumhouse tem tocado há uma década. Mesmo o título sendo o que sustenta qualquer esforço nulo de Wilson em emular cenas e “nostalgia”, a fórmula sem criatividade ainda funciona, tanto que o filme conquistou a melhor bilheteria de terror deste ano e com o arco da família Lambert aparentemente finalizado, não vai demorar para um sexto capítulo ser encomendado, mais uma vez, com uma linha alternativa.  Em seu trabalho atrás das câmeras, Wilson evitou a porta da criatividade e optou por um caminho sem muita ambição, o que faz de Red Door ser muito restrito a um lugar óbvio, contido em reproduzir a mesma fórmula. Em parte, essa familiaridade funciona na construção de atmosfera, que acompanha o fato dos segredos da família Lambert começarem a ser desenterrados.

Ainda que não fizesse parte de uma franquia, Red Door não deixa de espelhar os ecos de um terror genérico em tela: um drama familiar em paralelo com revelações obscuras do passado. E no caso aqui, as investidas de reparação de Josh (Wilson) com, agora, o filho adulto Dalton (Ty Simpkins), passam a ficar embaçadas quando as habilidades paranormais de ambos voltam à tona. Mesmo com esse esquema para retomar o universo, o filme parece estar sempre dividido em duas ideias que não se encontram; enquanto o arco de Dalton na faculdade é o que mais consegue injetar alguma curiosidade, os momentos de Josh soam perdidos na tentativa de criar alguma substância.

De um lado, temos Dalton despertando um lado oculto do seu passado, e do outro, os fantasmas de Josh se manifestando aos poucos, o que traz uma dinâmica de jumpscares dosados nos arcos dos personagens, mas nunca eficiente para dar sustos ordinários como o filme pretende. Com o tempo, fica claro que o foco na direção inconsistente de Wilson era explorar um aspecto denso da relação familiar a fim de realmente finalizar este bloco sem estender a mitologia para cantos desconhecidos. E é evidente que, de longe, o desenvolvimento de Dalton é o que mais funciona – ao contrário da presença desmotivada de Wilson -, sendo a primeira hora de Red Door onde se concentram os melhores acertos com um terror mais sugestivo, até na sacada de manipular as expectativas – como na cena do jogo de memórias com fotografias na janela.

Seria curioso ver o que Wilson faria em um terror genérico que não dependesse de outros dois filmes para ele emular, e as conexões com flashbacks forjando um suposto ápice – depois da narrativa parecer tão arrastada sem nunca encontrar um ritmo – não deixam esquecer que A Porta Vermelha quer ser uma continuação de Sobrenatural: Capítulo 2, o que não demora para surgir o easter-eggs de entidades que tiveram seu momento de susto e visual horripilante, e mesmo sendo impossível reproduzir o jumpscare com o Demônio Vermelho, Wilson trata o filme como uma extensão disso, de um legado de terror genérico que foi bom em 2011.

Apesar de soar interessante e ter uma subtrama dramática para elevar suas intenções, Insidious: Red Door é um lembrete da mesmice sem criatividade que Hollywood tem empurrado para gerar lucros assustadores com o público. Com o atual momento do horror cinematográfico sendo visto com olhos otimistas, mais do que nunca a historinha da família perseguida por uma entidade vai ser reciclada.

Sobrenatural: A Porta Vermelha (Insidious: Red Door – EUA, 2023)
Direção: Patrick Wilson
Roteiro: Scott Teems
Elenco: Ty Simpkins, Patrick Wilson, Sinclair Daniel, Rose Byrne, Hiam Abbass, Andrew Astor, Leigh Whannell, Lin Shaye
Duração: 107 min.

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