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Crítica | Dracula In Love

Depois de Shakespeare, o mais icônico vampiro da literatura e do cinema também se torna um apaixonado.

por Leonardo Campos
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Falta de orçamento não é desculpa para mediocridade narrativa. A limitação espacial também, haja vista uma série de produções que funcionam bem dentro de um cenário bastante específico, envolta em bons diálogos e histórias envolventes. São esquemas para pessoas sábias, conscientes de suas capacidades diante do desafio que é a construção eficiente de uma trama numa era de ansiedades, com espectadores em busca de coisas mirabolantes para se manter em mínima conexão com o que assistem. Izidore K. Musallam, responsável pelo roteiro e direção de Dracula In Love, não consegue atingir o mínimo de qualidade em sua narrativa, pecaminoso no drama e na estética. São 82 minutos tediosos onde pouca coisa faz sentido e o marasmo toma conta da cena. Drácula, mais do que nunca, deve ter desejado ter descansando um pouco mais em sua paz, livrando-se deste desafio bizarro e constrangedor.

Vamos ao filme. Stuart (Allan K. Sapp) é um funcionário aplicado que se encontra acometido por uma tosse insuportável. Para evitar causar problemas no trabalho, pede ao seu sobrinho Nash (Eyal Simko) para substituí-lo como vigia noturno de depósito onde atua há três longas décadas. Para não ficar sozinho após confirmar o compromisso com o seu tio, o jovem entra em contato com o seu melhor amigo, David (Josh Mortin), tendo em vista convidá-lo para a noitada, proposta aceita com sucesso. Ele leva a sua namorada Nancy (Amy Cruschhank) e uma amiga chamada Leila (Cailey Muise). A base narrativa, então, parece estar feita. A amiga se relaciona sexualmente com Stuart, o casal se diverte, e assim, a noite de prazeres está organizada.

Com essa óbvia atmosfera de sexo, eles acabam despertando Drácula (Youself Abed-Ahnour), adormecido no local há 200 anos. Logo mais, após dialogar com os jovens, o vampiro, sem uma caracterização minimamente descente afirma ser o amor da vida de uma das moças que acompanham os rapazes. Pronto. Basicamente isso. Sem morte, sangue ou a violência que funcionariam como elementos de distração, Dracula In Love aposta numa paixão tola, apresentada numa trama com diálogos sem dose alguma de inspiração, tediosos como os seus personagens, figuras ficcionais sem carisma e, por isso, repulsivos.

Como dito anteriormente, nada se salva, inclusive as escolhas estética. Mesmo se tivesse efeitos visuais de uma equipe de primeira linha, Dracula In Love não se salvaria, imagina agora a narrativa sobreviver com recursos escassos? Aqui, a direção de fotografa de Russ Goozee opta por brincar erroneamente com jogos de luzes, mantendo o filme mais na escuridão que o necessário, escolha que atrapalha ainda mais o desenvolvimento abominável da proposta. Craig Harris é quem assina o design de produção, também sem muita criatividade e com limitações ao receber como roteiro uma trama que se passa no depósito de um estabelecimento comercial, situação que o impede de ao menos utilizar elementos do estilo gótico, um clichê que poderia salvar um pouco mais a narrativa do tédio e fazê-la avançar de horrível para ruim. Mas não teve jeito. George Brasovan assume a trilha sonora, também amaldiçoada pela obviedade de tudo. Um fiasco com precedentes, no entanto, traumatizante. “Triste Fim de Drácula de Bram Stoker”.

Dracula In Love (EUA – 2018)
Direção: Izidore K. Musallam
Roteiro: Izidore K. Musallam
Elenco: Youssef Abed-Alnour, Amy Cruichshank, Josh Maltin, Cailey Muise, Andre Luis Oliveira, Alan K. Sapp, Eyal Simko
Duração: 82 min.

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