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Crítica | Conde Drácula (1970)

Christopher Lee em uma de suas numerosas interpretações do vampiro mais famoso do cinema.

por Leonardo Campos
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Cenas externas de um castelo, atmosfera sombria com elementos góticos e uma trilha sonora densa. Caso uma pessoa adentrasse numa sessão e não soubesse o filme que tinha sido levado para assistir, não seria nada complicado adivinhar onde estava situado. Sem sombra de dúvidas, era mais uma versão de Drácula, adaptação do romance de Bram Stoker, publicado em 1897. Lançado no começo da década de 1970, em um ano com mais de quatro produções voltadas ao tema sendo exibidas em salas de cinema, era inevitável que todos os clichês possíveis deste segmento não fossem adotados para o desenvolvimento narrativo. Christopher Lee, em mais um de seus tantos desempenhos dramáticos como a mais famosa criatura da noite, assume a linha de frente desta história bizarra, conduzida por estratégias estranhas, mas ainda assim, com alguns pequenos bons momentos, mesmo que ao olhar para as críticas diacrônicas e até mesmo as mais recentes, encontremos opiniões que tratam o filme como deplorável.

Dirigido por Jesus Franco, um dos mestres do terror caótico e bizarro da época, Conde Drácula é uma das traduções cinematográficas do romance que busca o habitual pacto de fidelidade com a estrutura básica literária. Tendo o livro como ponto de partida, mesclado com escolhas já realizadas por outros filmes do universo, o cineasta comanda o roteiro escrito por Augusto Finocchi e Erich Krohnke, jornada de 98 minutos que traz Lee como o vampiro clássico, mas sem vinculação com a Hammer. Na trama, Jonathan Harker (Fred Williams) é convocado por seu chefe para visitar um homem interessado numa propriedade em território britânico. Assim, viaja para os confins da Transilvânia, com propósito de fechar um bom negócio e prosperar.

Ao chegar, Harker percebe que o conde é um homem demasiadamente excêntrico. A direção de fotografia de Manuel Merino e Luciano Trasatti ajuda nesta configuração, sempre a contemplar os espaços por onde esta figura misteriosa circular, um lugar praticamente inóspito, carregado por uma atmosfera sombria, trabalho eficiente do design de produção de Karl Schneider, responsável pelo estabelecimento de todos os elementos góticos possíveis para legitimação do terreno vampírico por onde o protagonista passa. Não demora, Harker percebe que além de excêntrico, o senhor em questão é um sugador de sangue, exterminador das energias alheias. Preocupado, se percebe como um prisioneiro e precisa tentar escapar enquanto o vampiro parte para Londres em busca de seus propósitos, em especial, fincar os seus dentes em jovens incautos.

Aqui, temos Lee sem associação com a Hammer, mas por desempenhar o mesmo papel que tinha se entregado ao longo dos filmes do estúdio londrino, o ator não consegue ir além do trivial. Além das dinâmicas narrativas comuns ao que está disposto no livro, os realizadores inserem um grupo de jovens em torno do castelo, focados em ampliar a contagem de corpos e os perigos numa história já vista noutras tantas ocasiões. Acompanhado pela trilha sonora de Bruno Nicolai, mencionada lá na abertura deste texto, Conde Drácula brinca com a obra do escritor irlandês Bram Stoker, dialoga com características gerais do gênero terror e ainda traz Klaus Kinski como Renfield, no entanto, não consegue ir além do básico. Não consegue ser bom, mas também não é tão abominável quanto tantos outros da época. Apenas banal, sem nada de sublime.

Para Christopher Lee, no entanto, este ainda era o começo de uma longa jornada vampírica.

Conde Drácula (Nachts, Wenn Dracula Erwacht, Alemanha/Espanha/Itália – 1970)
Direção: Jesús Franco
Roteiro: Jesús Franco, Dietmar Behnke, Milo G. Cuccia, Carlo Fadda, Augusto Finocchi, Erich Kröhnke, Harry Alan Towers
Elenco: Christopher Lee, Herbert Lom, Klaus Kinski, Soledad Miranda, Maria Rohm, Fred Williams, Paul Muller, Jack Taylor
Duração: 90 min.

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