Cinco anos depois do grande sucesso de bilheteria e de crítica do clássico O Fugitivo, a Warner Bros. decidiu trazer Tommy Lee Jones de volta para seu papel do autoritário agente Samuel Gerard, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Coadjuvante em 1994, só que dessa vez como protagonista em uma história mais focada nos U.S. Marshals do que no fugitivo. No entanto, a premissa não é muito diferente da obra protagonizada por Harrison Ford, já que acompanhamos Gerard e sua equipe perseguindo outro prisioneiro falsamente acusado que fugiu após um acidente mirabolante, chamado Mark Sheridan (Wesley Snipes).
Portanto, o roteiro de John Pogue é um pouco preguiçoso na maneira que estabelece a história, basicamente pegando o mesmo molde do filme anterior e mudando uma ou outra peça. Temos mais uma pessoa falsamente acusada, uma conspiração por trás de tudo e Gerard aos poucos percebendo que está caçando o indivíduo errado. Além de repetitivo e derivativo da obra anterior, o spin-off não tem a mesma direção eficientemente estressante de Davis ou a trama emocionalmente envolvente com o fugitivo, tornando o filme uma versão mais genérica do seu predecessor.
O que torna a produção interessante é a mudança de perspectiva da caçada. Acompanhamos a perseguição pelos olhos de Gerard e menos do prisioneiro, o que dá um tom mais policial à narrativa, mas como a trama de investigação é extremamente simples, incluindo algumas reviravoltas previsíveis, principalmente uma envolvendo o personagem de Robert Downey Jr., o filme não entrega nada exatamente especial, apesar de não ser medíocre também.
O envolvimento maior com a equipe de Gerard traz uma boa dose de carga dramática à história e desenvolvimento para o protagonista, com destaque para o humor de Joe Pantoliano e a performance magnética de Jones. Além de que a produção é frenética o bastante para entreter, dispondo de boas set-pieces na direção espalhafatosa de Stuart Baird, que carrega a sensação de uma narrativa imparável da obra anterior, mas dessa vez com mais excessos visuais e menos suspense.
U.S. Marshals é um bom filme, mas não tem o mesmo trabalho memorável de O Fugitivo. O fato do filme parecer mais um remake do que uma sequência não ajuda, já que passa a impressão de repetição e acaba nos fazendo comparar demais as obras. E se o filme quer mesmo emular seu predecessor, faltam muitos elementos que fizeram parte do sucesso de 1993, como a ação mais pragmática, uma trama intrigante e maior envolvimento emocional com o fugitivo. Ainda assim, a produção é interessante o bastante ao nos trazer a perspectiva de Gerard e sua equipe, nos presenteando com mais minutos de Lee Jones como o personagem e uma experiência de frenesi com a ação típica dos anos 90. Não é um clássico, mas é um bom passatempo.
U.S. Marshals – Os Federais (U.S. Marshals) – EUA, 1998
Diretor: Stuart Baird
Roteiro: John Pogue
Elenco: Tommy Lee Jones, Wesley Snipes, Robert Downey Jr., Joe Pantoliano, Kate Nelligan, Irène Jacob
Duração: 131 min.