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Crítica | O Fugitivo (1993)

Encontrando o homem de um só braço!

por Kevin Rick
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Baseado na série homônima dos anos 60, O Fugitivo é um thriller de ação clássico das telonas, com uma trama que acompanha o Dr. Richard Kimble (Harrison Ford), um cirurgião vascular que é injustamente acusado de ter assassinado sua esposa e acaba sendo condenado à morte. Em uma transferência prisional, o personagem consegue escapar da custódia após um acidente de ônibus, iniciando sua busca para encontrar o verdadeiro assassino de sua esposa, enquanto é caçado pelo agente Sam Gerard (Tommy Lee Jones).

Puro suco do que há de melhor na ação noventista, a produção se aproveita do realismo como força motriz da narrativa. Mesmo com algumas cenas mais exageradas, como a sequência do trem ou o momento em que Kimble pula em uma represa, a direção de Andrew Davis é bastante funcional, econômica e efetiva em torno de sequências de ação pragmáticas e cheias de suspense. Largamente baseada em Chicago, a produção utiliza diversos cenários da cidade (bueiros, hospitais, lavanderia, prefeitura, terraços) que trazem um aspecto mais pé no chão e urbano à produção, em sua maioria com cenas em ambientes fechados e sem saídas, com o adendo de vermos um protagonista que é menos um herói de ação e mais um ser humano qualquer.

Claro que Kimble tem características fora do normal, mas é um protagonista falível e bem na contramão do que Harrison Ford normalmente incorporava em seus veículos estelares, com personagens como Han Solo, Indiana Jones, Rick Deckard e Jack Ryan. O ator faz um excelente trabalho em equilibrar a versão homem comum de Kimble com as necessidades pontualmente heróicas do filme, com destaque para suas feições de desespero durante algumas perseguições e a maneira atrapalhada que se comporta em lutas. Tudo isso torna o protagonista extremamente identificável e relacionável, em cima de uma premissa já bem construída para sentirmos compaixão por sua tragédia.

O agente durão e implacável de Tommy Lee Jones é um ótimo contraste com o protagonista quebrado. É interessante como Lee Jones – que ganhou o Oscar de coadjuvante pelo papel – consegue incorporar com muito carisma os estereótipos desse tipo de personagem ao mesmo tempo que traz certas sutilezas na maneira como seu personagem gradualmente passa a acreditar na inocência de Kimble, através de olhares de dúvida e linguagem corporal, com destaque para um roteiro que se nega a escrever conversações expositivas.

Inclusive, o roteiro de Jeb Stuart e David Twohy, ainda que possivelmente criticado por ser simples ou objetivo demais, é muito eficiente para dar base ao tom de ansiedade do filme. A história em si não é complexa, mas é intricada o suficiente para nos envolver no jogo de gato-e-rato de Kimble e Gerard enquanto o quebra-cabeça do assassinato é resolvido, com requintes de Hitchcock e muito espaço para o diretor Davis construir uma narrativa nervosa, de paranoias, de perseguições em cima de perseguições e com uma ação de suspense, todos elementos que trazem muito envolvimento e substância dramática para a saga de Kimble.

O Fugitivo é um dos grandes exemplares de ação dos anos 90, mas é principalmente um grande exemplo de eficiência de uma produção deste porte, considerada quase um blockbuster para o período. Não vemos uma história super incrível, mas tampouco uma narrativa genérica, porque a trama direta do filme é encapsulada por uma rica caracterização de personagens, uma direção de qualidade em seu realismo prático e doses de suspense, ótimos diálogos e uma trajetória extremamente tensa, imparável e sempre engajante em torno de um homem comum e facilmente identificável buscando retribuição e a prova de sua inocência.

O Fugitivo (The Fugitive) – EUA, 1993
Diretor: Andrew Davis
Roteiro: Jeb Stuart, David Twohy
Elenco: Harrison Ford, Tommy Lee Jones, Sela Ward, Joe Pantoliano, Andreas Katsulas, Jeroen Krabbé
Duração: 130 min.

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