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Lista | Superman & Lois – 3ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

A maior ameaça que o Superman já enfrentou.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Ao longo de suas duas primeiras temporadas, Superman & Lois consolidou-se como uma série corajosa, capa de alcançar um invejável equilibro entre o lado humano e o sobre-humano do Superman, revitalizando um personagem que há muito carecia de uma visão clássica no audiovisual. No entanto, nada, absolutamente nada poderia nos preparar para o que Todd Helbing ofereceu a seus espectadores no terceiro ano, colocando o Homem de Aço contra seu maior inimigo: o câncer de mama de Lois Lane.

Nada de inimigos espalhafatosos, nada de demonstrações constantes de superpoderes. O que vimos ao longo de pelo menos 11 episódios, foi uma gigantesca batalha contra um mal invisível que os roteiros, em momento algum, facilitaram para os personagens e para o espectador, evitando completamente saídas fáceis e curas milagrosas e levando Lois a uma jornada médica e psicológica que, eu diria, não tem paralelo no gênero de obras de super-heróis. Começando com uma esperança de nova gravidez que longo degringola para uma versão particularmente agressiva da doença que culmina com nada menos do que uma assustadora, mas muito bem conduzida mastectomia dupla, enquanto discute o que uma luta como essa causa ao paciente e a todos ao seu redor, a terceira temporada de Superman & Lois revela-se como uma das melhores coisas já feitas tanto com o personagem quanto com o gênero.

E o melhor é que o lado super-heróico, apesar de ter permanecido em segundo plano, jamais foi esquecido, com Superman tendo que enfrentar Bruno Mannheim e sua tentativa de curar o câncer da esposa por meio de experimentações com o sangue do protagonista. A maneira como esse conflito mais clássico foi trabalhado, culminando em um episódio singular e sensacional na forma como a vilã superpoderosa é derrotada, foi o que a temporada precisava para chegar no equilíbrio necessário entre pancadaria e cotidiano.

Até mesmo a narrativa adolescente da série cresceu pela maneira como a identidade secreta de Jordan ganhou destaque, pela maneira com que Jonathan, agora vivido por Michael Bishop, ganhou seu espaço e, principalmente, pelo caminho que leva ao retorno da depressão de Sarah. Ou seja, não só se contentando com o câncer de Lois, Helbing procurou dar peso e relevância também ao núcleo mais jovem da série, com ecos por todo o elenco adulto também que, aliás, faz um ótimo trabalho no que diz respeito ao triângulo entre Kyle, Lana e Chrissy, sem esquecer de John Henry e Natalie Irons comendo pelas beiradas.

A única coisa estranha na temporada foi a escolha de Helbing em acabar todo o drama central no episódio 3X11, para, em seguida, introduzir não só Lex Luthor como o vilão Apocalypse (ou uma versão dele) nos dois episódios finais que, pela primeira vez na série, fez a temporada acabar completamente aberta. Não que os episódios 3X12 e 3X13 tenham sido ruins, muito longe disso, mas eles alteraram o ritmo e a dinâmica da temporada de maneira razoavelmente brusca, mais parecendo o começo de uma nova temporada do que um fim.

Seja como for, se Superman, de 1978, nos fez acreditar que um homem pode voar, Superman & Lois nos faz acreditar que histórias verdadeiramente inesquecíveis de super-heróis precisam abordar proeminentemente a humanidade dos personagens de trajes coloridos. Claro que demonstrações de poderes são bem-vindas, mas elas devem existir em favor da história maior e mais importante e não em substituição a ela.

XXXXXXXXXXX

13º Lugar:
Of Sound Mind

3X06

Of Sound Mind, obviamente, é um desses episódios mais abrangentes que tentam fazer muito em pouco tempo e, mesmo que sua qualidade, no geral, definitivamente seja acima da média, a impressão que fica é a de picotamento das linhas narrativas. O roteiro de George Kitson e a direção de Diana Valentine até envidam todos os esforços possíveis para dar tempo ao tempo e não detrair muito do tempo dedicado ao elenco para realmente atuar, objetivo que chega a ser até artificialmente atingido pela eliminação – sem qualquer contexto ou explicação – do núcleo dos Irons que, mais do que obviamente, poderia ter ajudado aqui, notadamente na sequência de ação em que Superman é atacado por Onomatopeia e três minions de Bruno Mannheim com armas de kryptonita. Mas, como eu disse, gostando ou não, isso faz parte da infraestrutura de obras serializadas.

12º Lugar:
Closer

3X01

A estranheza vem principalmente da investigação de Lois Lane sobre o vilão Bruno Mannheim (Chad L. Coleman) que a leva a uma consulta médica com a Dra. Irons (Angel Parker), irmã do John Henry Irons deste universo. A consulta investigativa, digamos assim, não é o problema e faz absolutamente parte do que esperamos da repórter, mas o que resulta dela, uma suspeita de gravidez, é trabalhada da forma mais tosca possível. Primeiro, a médica acha que ela está grávida pelos sintomas informados e recolhe sangue para confirmar e, antes que o resultado saia, Lois já conta para seu marido, que é pego por John Henry comprando testes de farmácia, além de ela mesma, depois, contar para Lana, somente para uma ligação telefônica, ao final, desfazer tudo.

11º Lugar:
What Kills You Only Makes You Stronger

3X13

Gostos pessoais à parte, What Kills You Only Makes You Stronger joga com a expectativa do espectador, pois, sendo o último episódio da terceira temporada da série e considerando que Injustice introduziu e estabeleceu Lex Luthor como um monstro que só tem um objetivo na vida, acabar com Lois Lane e Superman, e mostrou Bizarro como uma criatura completamente descontrolada lá no subsolo destruído de Bruno Mannheim, era óbvio que algo muito grande aconteceria. O uso de um flashback estendido no meio do episódio, depois de estabelecer aquela paz e aquela alegria para todos os personagens que não engana absolutamente ninguém (e nem são feitas para enganar alguém, eu sei), em que vemos Luthor transformando Bizarro em Apocalypse por meio de sucessivas e terríveis mortes infligidas ao personagem e que faz uma amálgama de características do monstruoso ser que mata o Superman e que, vale lembrar, também se parece muito com o que vemos em Krypton, é inegavelmente interessante pelo que a sequência representa: a dor e o sofrimento criando uma carapaça indestrutível e um ódio mortal incontrolável em um perfeito reflexo do próprio Luthor e os 17 anos que ficou encarcerado só imaginando 1001 maneiras de acabar com seus inimigos.

10º Lugar:
Too Close to Home

3X04

Mas ainda bem que Helbing está disposto a assumir riscos. Afinal, já disse um milhão de vezes que Superman & Lois se destaca realmente pela humanização do Superman, algo muito raramente tentado de verdade, especialmente no mundo imediatista de hoje em que é esperado que uma série protagonizado por alguém com o nível de poder dele seja pancadaria do começo ao fim. E uma batalha contra uma doença tão insidiosa quanto o câncer e que, ao mesmo tempo, está literalmente no meio de nós, com provavelmente vários espectadores já tendo sofrido ou que conhecem gente que já sofreu ou sofre com alguma variação dela, não poderia ter um tratamento menos do que realista. Ver Lois Lane ao mesmo tempo enfraquecida, mas não querendo ser tratada de maneira diferente por sua própria família e fazendo questão de lidar com os problemas de Jon com o pai de sua namorada é algo refrescante, especialmente porque Clark Kent simplesmente não pode fazer absolutamente nada que não seja sofrer e reconfortar sua esposa.

9º Lugar:
Injustice

3X12

Feitas essas considerações preliminares, devo dizer que, apesar do “espaço-tempo” do episódio estar muito longe do ideal, a introdução de Michael Cudlitz como o segundo Luthor em menos de um ano que compensa a carequice com uma barba generosa foi muito divertida daquela maneira bem quadrinhos de ser. Não só achei sensacional o exagero que foi ele andar(!!!) da penitenciária até a fazenda dos Kent só para mostrar que ele é sério e badass e para ordenar que Lois se aposente de sua profissão, como gostei demais dos flashbacks que estabelecem sua posição de dominância na prisão não com o uso direto do dinheiro, mas pelo puro medo, com direito a prisioneiro servindo de banco – com mecanismo de ajuste e tudo mais! – para ele tomar seu café da manhã. Cudlitz está acostumado com personagens desse tipo, mas tenho certeza que Luthor é o ponto alto de sua carreira nesse aspecto.

8º Lugar:
Head On

3X05

Costumo ser uma voz solitária sobre o núcleo adolescente de Superman & Lois, mas eu digo e repito que, com exceção de alguns naturais tropeços aqui e ali, como foi o caso do beijo de Sarah em outra jovem e o recente drama do tapa, acho que a série lida muito bem com ele e Head On é mais uma prova disso. O episódio, centrado na dança do Dia dos Namorados, abre espaço para que todo o grupo mais jovem seja trabalhado, com ótimos acertos que integram ainda mais os personagens à tecitura da série como um todo.

7º Lugar:
In Cold Blood

3X03

O primeiro incômodo é o cansativo uso de armas à base de kryptonita para incapacitar o Superman. Eu sempre disse que é difícil pacas escrever um roteiro decente, com perigo real e imediato, quando o protagonista é um sujeito que basicamente tem força ilimitada, mas daí a recorrer sempre à maior fraqueza do personagem para equalizá-lo a humanos normais me parece uma enorme demonstração de preguiça de pensar em algo minimamente diferente. Quando Superman está contra a pilastra naquele armazém esperando ser salvo no último segundo por Aço, a vontade que deu foi de clicar no fast forward, pois esse clichê narrativo já cansou, mesmo que seja a primeira vez que ele é usado na temporada (mas é a milésima na série como um todo, como vocês sabem). Prefiro que os vilões fiquem dando tiro com armas normais no Superman naquela clássica definição do que é loucura, do que inventarem manoplas com jatos de kryptonita…

6º Lugar:
Collision Course

3X10

A cadência narrativa nesse lado super-heróico do episódio foi muito boa, especialmente quando consideramos que essa história, no final das contas, é paralela à principal, envolvendo a questão dos poderes de Jordan que, da mesma forma, como adiantei, foi uma jogada de mestre de um roteiro que até engana inicialmente ao ensaiar aquela coisa chata da ciumeira do jovem no que se refere à Sarah, com momentos patéticos de vergonha alheia. Ainda bem, portanto, que havia mais a ser trabalhado e que o Jordan dando faniquito era apenas a ponta do iceberg para algo muito interessante que o leva a salvar Sarah e Júnior da morte certa em um acidente de carro após uma batida policial da festa em que eles (menores) estavam bebendo, fazendo com que Kyle recrudesça sua desconfiança de que há alguém superpoderoso na cidade e que esse alguém é Jon e até criando todas as circunstâncias para que a governadora, que visita Smallville em razão da destruição causada pelo atentado de Mannheim a John Henry, trafegue da admiração por Lana até seu desdém por descobrir os detalhes “picantes” de sua vida particular com apenas alguns olhares trocados depois da chegada de Kyle no restaurante onde estavam.

5º Lugar:
Guess Who’s Coming to Dinner

3X08

Inteligentemente pegando emprestado o título do memorável filme de 1967 estrelado pelo grande Sidney Poitier, o oitavo episódio da terceira e, pelo andar da carruagem no momento em que escrevo esta crítica, potencialmente última temporada de Superman & Lois, o roteiro de Aaron Helbing, irmão do showrunner Todd Helbing, parece criar, de maneira bastante orgânica, não só as circunstâncias para a introdução de Lex Luthor na série (que será vivido por Michael Cudlitz, o Abraham de The Walking Dead), como tudo o que é necessário para a estirada final de cinco episódios, que virá depois de mais um intervalo de uma semana na transmissão. Trata-se de um episódio daqueles bem funcionais, focado no desenvolvimento da narrativa central, mas que não perde o ritmo e o foco na abordagem humana da série.

4º Lugar:
Uncontrollable Forces

3X02

Sempre elogiei muito o lado humano de Superman & Lois e, dentre os diversos exemplos dessa abordagem rara de se ver em séries de super-herói, não me cansei de falar da forma como todo o processo do adultério de Kyle e a separação dele de Lana tem sido trabalhado de maneira completa, adulta, sem saídas fáceis e resoluções relâmpago, e com peso dramático verdadeiro, não algo meramente infanto-juvenil jogado de qualquer maneira, mesmo considerando os inevitáveis – e perfeitamente esperados – elementos infanto-juvenis que a série tem. Digo isso porque se a relação Kyle-Lana é alguma indicação, a linha narrativa do câncer de mama de Lois Lane pode ser, por si só, um espetáculo dramático sem precedentes em obras do mesmo naipe. Há muito a ser explorado e Uncontrollable Forces já dá um excelente pontapé inicial nesse assunto doloroso e difícil.

3º Lugar:
The Dress

3X09

O silêncio assustado de Lois, a hesitação e medo de Clark e, mais para a frente, a franca e, sob certos aspectos, libertadora conversa de Lana com sua amiga e, em seguida, de Clark com sua esposa em que até a potencialmente interrompida vida sexual dos dois é discutida são momentos do mais alto gabarito e são momentos assim que definitivamente destacam Superman & Lois da vasta oferta de obras do gênero. Superman deixa de ser super e passa a ser aquilo que o também diferencia dos demais super-heróis apesar (ou talvez em razão) de ele ser um alienígena amorosamente adotado por um casal sem filhos de uma fazenda no Kansas: um ser humano. Não há nada mais sensacional do que lidar com o homem mais poderoso da Terra completamente rendido diante da inevitabilidade da vida, algo que ele, por suas características fisiológicas, desconhece e precisa lutar para entender. Tyler Hoechlin mais uma vez entrega uma performance que eu sinceramente nem de longe esperava do ator ao fragilizar e humanizar seu Superman de maneira que só mesmo Christopher Reeve conseguira antes dele.

2º Lugar:
Forever and Always

3X07

Muitos até poderão achar que um episódio sensível e fortemente dramático como Forever and Always é um “novelão”, mas eu terei que discordar veementemente. Sei perfeitamente bem que obras de super-heróis são normalmente encaradas como entretenimento raso em que só a pancadaria interessa e sei que tem muita gente que espera justamente isso e, de fato, há uma oferta grande de filmes e séries com essa abordagem. E é exatamente por isso que Superman & Lois é como achar um diamante na praia, mesmo que ele tenha imperfeições aqui e ali. Não é, portanto, uma série para quem só quer saber de seu hominho colorido soltando raios pelos olhos e socando coisas e outros hominhos coloridos, mas sim para quem estiver disposto a ver algo que vai além do básico e oferece uma visão ainda rara do mainstream do gênero.

1º Lugar:
Complications

3X11

Eu jamais entraria em um jogo de pôquer com Todd Helbing, pois eu apostaria no seguro ou no quase seguro e ele não só apostaria no menos provável, como mandaria ver um all-in daqueles de quebrar a banca, tudo enquanto mantém seu semblante quase que completamente impassível, apenas com um leve sorriso de canto de boca somente quebrado pelos momentos em que degusta seu martini que, se duvidar, é batido, não mexido. Complications é a grande jogada final de mestre do showrunner em Superman & Lois independente do que aconteça nos dois episódios finais ou até mesmo na finalmente autorizada – mas encurtada e “deselencada” – quarta temporada que, ao que tudo indica, será a última.

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