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Crítica | Esquadrão Classe A – 1X01 e 02: A Cidade de San Rio Blanco (Mexican Slayride)

Não tem nada de Classe A nesse Esquadrão...

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 05
Número de episódios: 98
Período de exibição: 23 de janeiro de 1983 a 08 de março de 1987
Há continuação ou reboot?: Não. Mas a série ganhou uma HQ da Marvel Comics, tiras em quadrinhos publicadas em revistas e videogames, além de uma adaptação cinematográfica homônima em 2010.

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Esquadrão Classe A era uma daquelas séries que, quando muito jovem, eu simplesmente não perdia um episódio na televisão. Não tenho a menor ideia se vi a série toda dessa maneira – acho improvável considerando a inconstância da TV aberta brasileira na época -, mas simplesmente amava os veteranos da Guerra do Vietnã que são presos por um crime que não cometeram, fogem e formam uma equipe de mercenários para ajudar quem conseguir achá-los e contratá-los, como dizia a clássica narração de abertura que antecede a ainda mais clássica música tema composta por Mike Post e Pete Carpenter.

Uma coisa, porém, é certa: eu nunca havia visto o episódio piloto que, originalmente, foi ao ar como um telefilme de 90 minutos e, depois, para fins de “sindicalização” foi quebrado em duas partes. Afinal, quando comecei a assistir A Cidade de San Rio Blanco (é hilário que o título em português vem da indicação de que a ação se passa nessa cidade mexicana fictícia que aparece na tela, apesar de o título original, Mexican Slayride, aparecer antes muito claramente), imediatamente procurei Dirk Benedict, que faz o vigarista Cara-de-Pau (o Tenente Templeton “The Faceman” Peck, ou apenas Faces), ator mega-canastrão que havia feito o Starbuck da versão original de Battlestar Galactica, somente para ficar surpreso ao descobrir que ele não figurou no piloto, com o personagem sendo vivido pelo também canastrão, mas certamente não mega-canastrão, Tim Dunigan. Ah, vale dizer também que o icônico furgão GMC Vandura 1983 na cor preta com uma faixa vermelha também não aparece aqui e um veículo desses certamente faz falta!

Mas independente das gritantes ausências, Esquadrão Classe A simplesmente não tem nenhuma estrutura para se segurar ao longo de 90 minutos ou dois episódios de 45 contando a mesma história na base do caso da semana que a série sempre cultivou. Tudo bem que era necessário apresentar os personagens, mas a grande verdade é que apenas Louco Furioso (ou o Capitão H.M. “Howling Mad” Murdock, vivido por Dwight Schultz) ganha uma apresentação decente que precisa de mais do que 10 segundos aqui, por ele ser visto, pela primeira vez, como um paciente de um hospital psiquiátrico, o que leva a bons momentos de “loucura furiosa” do personagem que, de quebra, é o piloto de avião da equipe, para desespero do Sargento Bosco “B.A.” Baracus (B.A. é sigla para “Bad Attitude“, vivido por Mr. T), que se recusa a entrar em qualquer aeronave pilotada por seu amigo, com o líder da equipe, o Tenente-Coronel John “Hannibal” Smith (George Peppard), mestre dos disfarces, tendo que literalmente drogá-lo e depois dizer que ele teve um ataque de pânico ou algo assim.

A premissa do episódio é também muito simples: o jornalista americano Al Massey (William Windom) é sequestrado pelo guerrilheiro mexicano Malavita Valdéz (Sergio Calderón vivendo o estereótipo do mexicano esterotipado – sim, sei que usei a palavra duas vezes, mas foi necessário) e sua colega de trabalho Amy Amanda “Triple A” Allen (Melinda Culea que permaneceria na série mais ou menos como parte da equipe até a metade da segunda temporada), sem saída, acaba correndo atrás do mítico Esquadrão Classe A para ajudá-la no resgate. Depois de enrolar o começo da missão por um episódio inteiro, com direito a Peppard aparecendo com três disfarces, um deles do inesquecivelmente ridículo monstro Aquamaníaco em um set de cinema e sendo perseguido pelo Coronel Lynch (William Lucking), que quer levá-lo à prisão, o resgate finalmente começa a acontecer, com Cara-de-Pau literalmente furtando um jatinho e, depois, em Acapulco, fingindo ser um produtor de cinema para conseguir tudo o que quer em um hotel de luxo.

Quando a pancadaria realmente se inicia, ela também não se sustenta por 45 minutos. Tudo bem que a marca registrada de toda a série se faz imediatamente presente, ou seja, a violência para lá de cartunesca, notadamente os tiroteios que não matam, nem ferem ninguém e que só atingem faróis e pneus de automóveis, com buracos na fuselagem só aparecendo em close-up para economizar, obviamente, mas isso não consegue segurar o episódio duplo. É hilário, aliás, constatar isso tantos anos depois e rir da bobagem que é tiros dados quase a queima-roupa com metralhadoras passarem tão longe dos alvos, sejam eles os heróis ou os vilões. E é mais hilário ainda a equipe de apenas quatro ex-soldados, com a ajuda de camponeses de facão em punho, derrotarem um exército inimigo armado até os dentes, mesmo considerando que, não sei como, pois eles não têm dinheiro algum, B.A. é capaz de blindar um ônibus inteiro, transformando-o em um tanque de guerra. Sei que é sacrilégio sequer traçar essa comparação, mas é como ver Os Sete Samurais, só que feito com dois clipes e um chiclete, um elenco de caras e bocas (só Peppard é realmente um bom canastrão ali), um roteiro paupérrimo composto de basicamente uma sucessão de cenas repetidas e uma direção beirando o amadorismo.

Eu continuo adorando Esquadrão Classe A (gosto até do filme de 2010 mais do que tinha o direito de gostar), mas tenho que reconhecer que, mesmo para os padrões oitentistas, a série é bem ruim. E sim, vi os dois episódios seguintes só para saber se o piloto é que era especialmente ruim, mas constatei que a coisa não melhor muito, mesmo com Benedict no papel de Cara-de-Pau. Ou seja, teria sido melhor não mexer com a memória afetiva, mas, agora que é tarde demais, só me resta insistir teimosamente que a série diverte daquela maneira mais basal, quase primitiva, justamente porque é tão ruim…

Esquadrão Classe A – 1X01 e 02: A Cidade de San Rio Blanco (The A Team – 1X01/02: Mexican Slayride – EUA, 23 de janeiro de 1983)
Criação:
Stephen J. Cannell, Frank Lupo
Direção: Rod Holcomb
Roteiro: Frank Lupo, Stephen J. Cannell
Elenco: George Peppard, Tim Dunigan, Dwight Schultz, Mr. T, Melinda Culea, William Lucking, James Beach, Sergio Calderón, William Windom, Enrique Lucero, Ron Palillo, Melody Anderson
Duração: 90 min.

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