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Crítica | Kamen Rider Stronger (1975) – 1X01 e 02: Eu Sou o Humano Elétrico Stronger!! e O Segredo de Stronger e Tackle!

Tem até um "S" no peito!

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 1
Número de episódios: 39
Período de exibição: 05 de abril a 27 de dezembro de 1975.
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por Kamen Rider (1971), Kamen Rider V3 (1973), Kamen Rider X (1974) e Kamen Rider Amazon (1974) e sucedida por mais de 30 séries, especiais televisivos e longas-metragens que continuam sendo lançados até hoje em dia.

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Kamen Rider Stronger, a quinta série da franquia, apresenta o sétimo Kamen Rider fechando o que se convencionaria chamar de Os Sete Riders Lendários, mas, se compararmos os dois episódios iniciais com o piloto da série imediatamente anterior, Kamen Rider Amazon, percebe-se facilmente mais um retrocesso em termos de ousadia narrativa, algo que já havia acontecido entre Kamen Rider (1971) e Kamen Rider V3 (1973). No entanto, isso já era de se esperar considerando que Amazon é até hoje a série mais curta de todas as da TV japonesa, com um dos fatores para seu fim prematuro ter sido a pouca aceitação do que tentaram fazer com o protagonista, o incluiu até mesmo a mudança do animal totêmico de um inseto (originalmente um gafanhoto) para um réptil, mais precisamente um lagarto monitor.

O retrocesso se dá pela falta daqueles elementos transgressores que marcaram principalmente a série original e Amazon, notadamente a violência quase gráfica e a completa bizarrice sinistra das situações e dos inimigos enfrentados pelos heróis, e isso sem contar com a estranheza em si do menino mudo selvagem à la Mogli e Tarzan de Amazon. Em Kamen Rider Stronger, tudo isso é trocado por uma pegada marcadamente mais leve, algo que é visto inclusive pelas cores particularmente espalhafatosas e postura quase cômica do protagonista Shigeru Jō, vivido pelo cabeludo Shigeru Araki que em tudo – especialmente a empáfia – lembra Bruce Lee.

Outros elementos que tornam tudo mais leve, cômico e super-heroístico – no padrão ocidental da coisa, vale dizer – é a presença de uma sidekick de uniforme tão espalhafatoso quanto o de Stronger, só que baseado em uma joaninha e não em um besouro-rinoceronte-japonês, com direito a nada discretos “protetores de seios” pretos com letra “T” amarelas em um fundo vermelho. Yuriko Misaki, interpretada por Kyōko Okada, que se transforma em Electro-Wave Human Tackle (olha o tamanho do nome!!!), pelo menos parece guardar alguma seriedade quando em sua versão civil, evitando a camisa amarela de mangas compridas com um enorme “S” preto no peito e o casaco jeans jogado de lado de seu parceiro Stronger.

Até mesmo os vilões perdem em estilo. A organização vilanesca, agora, é a Black Satan, basicamente a mesma coisa que todas as anteriores, só que com outro nome e com minions hilários que eram para parecerem corujas, mas que se assemelham mais a uma mistura raquítica de Pantera Negra com o coelho de Donnie Darko, com direito a ainda mais engraçados gritinhos. Os dois vilões centrais não são muito melhores. No primeiro episódio, temos um sujeito feito de molas com uma versão menor dele em uma bolsa no ventre como um marsupial e, no segundo, uma espécie de lobisomem de madeixas rosas que se transforma em fumaça e fica uivando o tempo todo que são muito mais engraçados do que talvez devessem ser.

Ou não, se pensarmos bem.

Afinal, Kamen Rider Stronger, pelo menos nestes dois episódios iniciais, parece ser o anti-Kamen Rider Amazon. O que era estranho, torna-se familiar. O que era ousado, torna-se seguro. O que era curioso, torna-se engraçado. E, devo dizer, eu entendo esse processo de tatear no escuro para achar seu público e toda a abordagem colorida e tiradora de onda do protagonista de Stronger conversa bem com o momento pelo qual o cinema mundial passava, com a ascensão de Bruce Lee e os filmes de artes marciais da China, Hong Kong e EUA, ainda que, ironicamente, as coreografias de luta dos episódios analisados sejam as piores de todas as séries da franquia até esse ponto.

E eu gosto da estrutura escolhida para apresentar a dupla de personagens insetoides. É a primeira vez, por exemplo, que o primeiro episódio não é de origem, com Stronger e sua parceira já surgindo como super-heróis para evitar o sequestro de hovercraft pelo tal ser de mola e os “capangas-corujas”, com a origem em si só sendo abordada – em uma espécie de flashback chinfrim – no episódio seguinte, em que descobrimos que Shigeru Jō voluntariou-se para ser transformado em um ciborgue como poderes elétricos pela Black Satan para vingar-se de um amigo que faleceu ao ser operado pela entidade em questão. Revelando ter um aparelho para neutralizar a lavagem cerebral (o que é melhor do que, como nas duas primeiras séries, as organizações malvadas só fazerem a lavagem depois da transformação…), ele foge de lá levando a reboque a super-joaninha que ele encontra em outra mesa de operação. Nada de muito sofisticado, claro, mas estruturalmente eficiente.

Se entendermos Kamen Rider Stronger como uma tentativa de fincar a franquia no imaginário popular depois de uma abordagem mais estranha e, certamente por isso mesmo, de menos sucesso, creio que seja possível apreciar os episódios iniciais como um recomeço que pelo menos é curioso em sua maneira mais abertamente super-heroística (aquele “S” no peito não engana ninguém!). Claro que eu preferiria que a pegada mais subversiva de Amazon continuasse, mas em uma indústria tão competitiva e em um momento histórico tão definidor para a televisão japonesa, isso seria próximo do impossível.

Kamen Rider Stronger (1975) – 1X01 e 02: Eu Sou o Humano Elétrico Stronger!! e O Segredo de Stronger e Tackle! (仮面ライダーストロンガー / Kamen Raidā Sutorongā – Japão, 05 e 12 abril de 1975)
Criação: Shotaro Ishinomori
Desenvolvimento: Masaru Igami
Direção: Masaki Tsukada
Roteiro: Masaru Igami
Elenco: Shigeru Araki, Kyōko Okada, Akira Hamada, Shinji Nakae, Gorō Naya
Duração: 25 min. (cada episódio)

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