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Crítica | Willow – 1X06: Prisoners of Skellin

Fugindo das Minas Tétricas.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios e do filme.

Prisoners of Skellin não perde tempo algum e, depois do caos no final de Wildwood, já começa com Kit e Willow sendo aprisionados pelos trolls nas Minas Tétricas de Skellin, em uma jaula suspensa em um episódio quase todo passado nesse ambiente escuro, com uma fotografia que, muito sinceramente, não ajuda muito. No entanto, é aqui que finalmente um roteiro da série consegue equilibrar bem entre ação e humor, sem esquecer do desenvolvimento narrativo tanto em relação ao grupo principal, quanto também em relação a Airk na cidade perdida para onde ele foi levado. Não é, ainda, um grande episódio, algo que sinceramente sequer espero nesta série, mas se a temporada conseguir manter esse nível em seus dois episódios finais, talvez essa jornada não seja tão… comum como até agora tem sido.

Claro que o grande destaque do episódio é a introdução de Christian Slater ao elenco vivendo Allagash, parceiro de Madmartigan e também de Boorman na derradeira missão para encontrar a Couraça Kymeriana. Inicialmente apresentando-se como sendo o próprio Madmartigan e usando um tapa-olho, o personagem é o típico malandro simpático que verga as verdades para encaixá-las em uma narrativa favorável a ele, algo que Slater faz muito bem graças a um roteiro esperto que mantém o espectador na dúvida não se ele está ou não mentindo, mas o quanto da mentira é realmente verdade. A dinâmica dele meio que de “pai e filha” com Kit e, depois, beligerante, com Boorman, são pontos altos do capítulo que, de quebra, descortina um pouco mais do destino do personagem vivido por Val Kilmer, com direito até mesmo a ouvirmos a voz de seu filho Jack Kilmer como Madmartigan em um canto da sereia para atrair Kit a um destino incerto.

Não sei se gosto da tendência da temporada em apresentar personagens novos e matá-los minutos depois, como aconteceu com as duas lenhadoras em The Battle of the Slaughtered Lamb e como parece acontecer com Allagash. Tampouco aprecio a “impressão de morte”, caso inventem que ele sobreviveu aos trolls para ele ser aproveitado mais para a frente. Seria muito melhor se Slater tivesse permanecido no grupo por mais tempo de forma a dar mais contexto ao desparecimento de Madmartigan e, também, para manter viva a boa conexão dele com Kit e Boorman.

Mesmo assim, há mais para se apreciar no episódio. Do lado cômico, foi muito original o tratamento dado aos trolls que, mesmo com aparência bestial e vivendo na eterna escuridão das minas, são altamente civilizados, especialmente o administrador-chefe Sarris (Tom Wilton) que mais parece um lorde inglês. Chega a ser difícil conciliar o visual com os diálogos com o personagem peludo, mas, pelo menos para mim, esse é o tipo de humor que funciona na subversão de expectativas. Infelizmente, porém, eis que a afobação do showrunner ceifa Sarris, tirando-lhe o potencial de aproveitamento futuro… E sim, eu sei que ele, assim como Allagash, ainda pode estar vivo, mas meus comentários no parágrafo anterior aplicam-se aqui da mesma forma…

Do lado dramático, há não só Kit sendo impedida de seguir os passos de seu pai, como também seu desespero em tentar entender o porquê dele ter escolhido Elora Danan e preterido sua própria família. Não sei como Jonathan Kasdan pretende lidar com isso sem trazer Madmartigan de volta em carne e osso, mas suspeito que ou Val Kilmer será convencido a fazer uma aparição especial em temporada futura como aconteceu em Top Gun: Maverick, ou a produção fará como Jon Favreau fez em The Mandalorian ao trazer Luke Skywalker de volta em The Rescue (não vou citar o mesmo feito naquela OUTRA série da franquia, porque ela é ruim demais para ser sequer lembrada…). O personagem tem se tornado importante demais para que ele não ganhe um tratamento mais direto em algum momento.

Além de Kit, há o drama da própria Elora em lidar com magia e a responsabilidade que foi jogada em seus ombros assim que ela foi revelada como a figura messiânica desse universo. Acho interessante a forma mais complexa como a temporada lida com mágica em geral e fico feliz que Elora, mesmo caminhando a passos largos para ter mais controle sobre suas habilidades, ainda tem um caminho longo pela frente para tornar-se quem em tese precisará ser.

No entanto, com tudo isso de positivo no episódio, ainda há um problema crônico que me incomoda e ele tem um nome apenas: Willow. Se é para batizar a série como o nome do protagonista do filme de 1988, acho um desrespeito que o personagem torne-se um coadjuvante quase que completamente inútil. Seria muito mais interessante e honesto se Willow fosse uma figura de bastidores como a Rainha Sorsha ou alguém que se comunica de tempos em tempos com o grupo que saiu na missão de salvar Airk. Warwick Davis merecia mais do que ser colocado no banco de reservas na série que leva o nome de seu mais célebre personagem e espero que isso seja de alguma forma remediado nos próximos episódios.

Prisoners of Skellin é um bom sopro de vida para a temporada, sendo até mesmo capaz de criar dois bons cliffhangers, um com Kit se afogando no fundo das minas e outro com uma misteriosa prisioneira – que, suspeito, é a própria Megera – pedindo ajuda para Airk lá no fim do mundo. Tomara que o ritmo não esmoreça novamente nos capítulos finais.

Willow – 1X06: Prisoners of Skellin (EUA, 28 de dezembro de 2022)
Desenvolvimento: Jonathan Kasdan
Direção: Philippa Lowthorpe
Roteiro: Hannah Friedman, Stu Selonick
Elenco: Warwick Davis, Ellie Bamber, Ruby Cruz, Erin Kellyman, Tony Revolori, Amar Chadha-Patel, Dempsey Bryk, Adwoa Aboah, Christian Slater, Rosabell Laurenti Sellers, Tom Wilton, Dee Tails, Danny Woodburn, Jack Kilmer
Duração: 58 min.

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