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Crítica | O Natal de Angela

Uma animação natalina cativante com forte simbolismo católico.

por Leonardo Campos
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Então é Natal: época de solidariedade, confraternizações e reencontros. Tópicos que deveriam ser preconizados o ano inteiro, mas que as pessoas costumeiramente valorizam nos festejos natalinos, era do nosso calendário ocidental conhecida por ser a comemoração do nascimento de Cristo e, por isso, momento de renovação de votos. Com atmosfera fria e caracterizações que nos remetem ao catolicismo, O Natal de Angela nos apresenta uma jornada de autoconhecimento muito fofa e cativante, sobre uma menininha que se encanta com a imagem de Jesus no presépio e, preocupada com o frio, carrega o objeto para a sua casa, transformando a vida de todos que se envolve nesta situação inusitada, retratada com humor leve e carisma dos personagens.

Inspirada na publicação de Francis McCourt, a animação lançada em 2018 se situa na Irlanda, no começo do século XX. Focada na mensagem sobre o poder da união de uma família, a trama se desdobra nos acontecimentos mencionados anteriormente. Quem teria levado a imagem de dentro da Igreja? A polícia investiga, o padre fica preocupado e, quando os irmãos e a mãe de Angela descobrem a sua ação, todos começam a viver situações inusitadas, mas que culminam num desfecho feliz, como é de se esperar de uma animação com temática natalina. E o melhor: com tempo de duração curto, o desenvolvimento evita esticar demais os conflitos e inserir elementos desnecessários para a mensagem pretendida pelos realizadores desta trama com forte simbologia cristã, mas assertiva para pessoas de qualquer segmento no âmbito da fé.

Sem cair nas armadilhas de um discurso religioso obcecado por questões católicas, a produção também evita excesso de sentimentalismos, bem como estratégias lacrimejantes, optando por criar personagens envolventes que nos permitem a necessária conexão para o alcance de resultados narrativos satisfatórios. Impossível não terminar a sessão sem ao menos um sorriso no rosto, gratificante pela beleza da trama que alcança eficiência também em sua estética, dominada por cores frias, isto é, tons azulados e acinzentados, representantes do frio que domina a região bastante iluminada por onde a história de passa. Sob a direção de Damien O’Connor, realizador guiado pelo texto dramático elaborado por Will Collins, temos aqui a ideal narrativa natalina para toda a família: engraçada e embasada por um moralismo suave, com boas reflexões.

Em seu desenvolvimento, O Natal de Angela lembra bastante o conto Lumbiá, de Conceição Evaristo, com o diferencial em seu desfecho, pois enquanto a animação encerra o ciclo dos personagens com otimismo, a narrativa literária integrante da coletânea Olhos D’Agua entrega tragédia ao leitor, com o garotinho sendo atropelado após fugir com a escultura do menino Jesus, uma amiga que lhe trouxe encantamento, mas se desdobrou em morte e dor. Ademais, em seus 30 minutos de duração, a história natalina disponibilizada pelo streaming Netflix reforça a ideia de magia neste período do ano conhecido por valorização do altruísmo e da bondade. Indicado para crianças, mas também diletante para adultos.

O Natal de Angela (Angela’s Christmas) — Irlanda, 2017
Direção: Damien O’Connor
Roteiro: Elise Allen
Elenco: Vivian Drew, Ruth Negga, Malachy McCourt, Anya O’Connor, Brendan Mullins, Lucy O’Connell
Duração: 30 min.

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