Número de temporadas: 1
Número de episódios: 52
Período de exibição: 07 de abril de 1972 a 30 de março de 1973
Há continuação ou reboot?: Sim. Foi precedida por Ultra Q, que inaugurou a “Série Ultra”, por Ultraman (1966), por Ultraseven (1967) e por O Regresso de Ultraman (1971) e foi sucedida por quase 40 outras séries nas décadas seguintes, até hoje em dia.
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Tudo em que o episódio piloto O Regresso de Ultraman acertara, o piloto da quinta série Ultra, Ultraman Ace, erra e erra feio. No lugar de um protagonista humano carismático, como era Hideki Go, temos Seiji Hokuto e Yuko Minami um casal civil heroico sem graça que se sacrifica pelo bem comum, fundindo-se com mais um alienígena bondoso e, em seguida, fazendo parte do grupo de elite anti-monstros. No lugar de um uniforme bacana para o novo Ultraman, temos uma versão que consegue ser ainda pior do que o de Ultraseven, com o ator que o veste sequer tendo o tipo corporal que se espera do personagem, parecendo baixinho mesmo quando é um gigante de dezenas de metros. No lugar do uso exemplar de miniaturas e maquetes, além de retroprojeção e sobreposição de imagens para criar o efeito de tamanho, o que vemos é um trabalho quase amador mais uma vez, revertendo ao tempo de Ultra Q. Finalmente, no lugar de um design de produção elegante para os uniformes e equipamentos da equipe, tudo o que temos são versões pálidas do que veio antes.
Em outras palavras, Ultraman Ace, apesar de ser a primeira série da franquia a lidar sem vergonha alguma e sem delongas com um universo compartilhado de “Irmãos Ultra” – com os quatro anteriores, Ultraman, Ultraseven, Ultraman Jack e Zoffy aparecendo imediatamente ao lado de Ultraman Ace – é, em todos os demais aspectos, uma inexplicável involução. A dupla principal de atores, Keiji Takamine e Mitsuko Hoshi, não atuam, fazem pantomimas da pior espécie, algo ainda pior do que os costumeiros exageros de suas contrapartidas anteriores. O conceito até esse ponto inédito de dois humanos se fundirem para formar o Ultraman Ace é, pelo menos no piloto, única e exclusivamente algo para o espectador apontar para a tela e dizer algo como “olha, é diferente do que veio antes”, sem que existe um mínimo de contexto narrativo para o uso desse artifício (e, mais tarde na temporada, a série ainda reverte ao padrão, livrando-se personagem feminina da dupla).
Do lado vilanesco, há uma tentativa de emprestar um pouco mais de sofisticação, com um mostro que, apesar de ridículo visualmente, é, na verdade, uma criatura ciberneticamente alterada capaz de lançar mísseis pela boca e rajadas de balas pelos punhos, tudo graças à entidade extradimensional batizada de Yapool que altera as criaturas para mandá-las para a Terra como parte de seu plano de subjugação global. Essa é, sem dúvida alguma, uma novidade interessante na franquia, mas uma que, neste começo, é muito mal aproveitada, novamente parecendo algo que existe unicamente para dar a impressão de que há algo diferente.
Ultraman Ace, até onde consegui apurar, nunca passou na televisão brasileira e confesso que não fez falta alguma. O quinto irmão Ultra é uma sombra sem graça dos anteriores, um personagem que, apesar de ser esperado que fosse repetitivo, não mostra, em seu piloto, que é capaz de aprender com o que veio antes ou, se aprendeu, pinçou tudo que de pior as séries anteriores tinham para reunir em uma só.
Ultraman Ace – 1X01: Shine! The Five Ultra Brothers (ウルトラマンA, – Urutoraman Ēsu – Japão, 07 de abril de 1972)
Criação: Shinichi Ichikawa
Direção: Masanori Kakehi, Kazuho Mitsuta
Roteiro: Shinichi Ichikawa
Elenco: Keiji Takamine, Mitsuko Hoshi, Tetsurō Sagawa, Shunichi Okita, Masaaki Yamamoto, Keiko Nishi, Mitsuhiro Sano, Katsumi Nakayama, Akinori Umezu, Rie Miyano
Duração: 26 min.