- Há SPOILERS. Leiam, aqui, as críticas de todos os episódios da série e, aqui, de todo nosso material do universo Supernatural.
Apesar de ser ruim, Masters of War é o episódio que menos desgostei na temporada, por enquanto. Somos apresentados a uma caçada contra uma criatura misteriosa que está matando veteranos de guerra em diversos hospitais dos EUA. O caso da semana faz conexão com os transtornos pós-traumáticos de John e, surpreendentemente, de Carlos, ambos jovens soldados que lutaram no Vietnã. É mais uma história solta do seriado, que cada vez se distancia de uma narrativa sequencial com a investigação que procura os pais dos protagonistas, se aproximando da estrutura de Supernatural.
Assim como aconteceu na semana passada, a caçada é quase uma desculpa do roteiro, conectando os eventos de terror com os dramas pessoais dos personagens. Não sou exatamente fã desse molde narrativo, tanto porque me soa forçado e conveniente sempre criar uma aventura específica para os conflitos dos personagens, quanto pela preguiça da execução. É algo que vemos em muitas séries adolescentes da CW ou nos seriados-novelas da ABC, como Grey’s Anatomy.
Supernatural sabia intercalar melhor os dramas dos personagens com a mitologia do universo. Muitos dos conflitos de Dean e Sam nasciam das caçadas e não o contrário. O roteiro de Julia Cooperman acaba sendo fraco por conta disso, partindo da premissa “como podemos falar do PTSD de John?” e menos de como equilibrar a ação/fantasia com o arco dramático dos personagens. Isso faz com que toda a mitologia do caso dessa semana seja pobre (novamente), trazendo um deus da guerra qualquer, rápidas contextualizações e pouca curiosidade sobre o aspecto folclórico desse universo.
Notem, por exemplo, como o grupo descobre quem é a criatura. Lata encontra um livro debaixo da cama de Maggie, abre numa página qualquer e pronto, lá está a grande incógnita da caçada. Nenhum quebra-cabeça para instigar a aventura, nenhum entusiasmo com a mitologia do monstro. Completamente anticlimático. A direção de John T. Kretchmer até tenta criar alguma personalidade, mesmo que superficial, com muito gore e delírios visuais, mas tudo muito longe de ser sequer razoável.
Então, porque Masters of War é o episódio que menos desgostei até aqui? Bem, o drama funciona em determinados momentos. Há algum fundo de emoção com os traumas dos veteranos, com o tema geral de encarar o passado e alguns momentos bem sentimentais, como o discurso de Carlos (continuando sua trajetória como melhor personagem). Não é nada especial, vejam bem. Pelo contrário, é um drama padrão sobre traumas de guerra, com conflitos que já vimos em outras obras sendo melhores trabalhados, mas existe alguma tentativa de criar laços entre o grupo e de criar camadas que tirem o elenco de seus estereótipos, mesmo que razoavelmente. Ainda assim, o saldo geral de Os Winchesters continua na mesma linha genérica e esquecível, principalmente com a caçada aos monstros.
Os Winchesters (The Winchesters) – 1X04: Masters of War (EUA, 10 de novembro de 2022)
Criação: Robbie Thompson (baseado no universo de Eric Kripke)
Direção: John T. Kretchmer
Roteiro: Julia Cooperman
Elenco: Meg Donnelly, Drake Rodger, Nida Khurshid, Jojo Fleites, Demetria McKinney, Bianca Kajlich, Jensen Ackles
Duração: 43 min.
