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Crítica | A Casa do Dragão – 1X09: O Conselho Verde

Subserviência e poder.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos outros episódios da série, e, aqui, todo o nosso material de Game of Thrones.

Apesar dos saltos temporais terem terminado, o nono capítulo de A Casa do Dragão mantém a mesma estrutura dos outros episódios: contar uma história fechada sobre um único evento narrativo. Dessa vez, temos uma hora televisiva sobre as circunstâncias da coroação de Aegon II como novo rei de Westeros, apesar de Rhaenyra ser a sucessora oficial. Enganada pelas palavras finais de Viserys, a rainha Alicent Hightower acredita que seu finado marido queria o estuprador no trono, planejando um golpe de sucessão junto com seu pai e o conselho, apesar do próprio Aegon II atrapalhar os planos do Conselho Verde.

Eu realmente gosto da abertura do episódio. A câmera passeia pelas salas vazias do castelo real, construindo uma atmosfera fúnebre e melancólica. O palácio se torna uma espécie de mausoléu. São momentos iniciais que carregam a perda de Viserys com muito sentimento, sendo que, particularmente, vou sentir falta do rei pacífico e me deparei até mesmo emocionado com a melancolia da sequência. Além disso, essas cenas iniciais já estabelecem a representação hermética da história que assistiríamos, focando apenas no grupo de personagens em Porto Real.

O lado político das coisas continua meio decepcionante, sem nenhum personagem dúbio ou reviravoltas de trama bem construídas. Os desdobramentos políticos conseguem ser um tantinho óbvios e corridos, como, por exemplo, o golpe do conselho e a maneira simples com que tudo se desenrola, incluindo a busca por Aegon. Os roteiristas realmente não estão interessados em esticar tramoias ou esquemas, afinal, cada episódio retrata um evento em si. Mas ainda é ruim como as figuras do conselho não importam, como Otto é maniqueísta e previsível, e como Cole continua se safando ao matar gente em situações importantes (?).

A Casa do Dragão continua lidando melhor com seus personagens e dramas de cortes do que com a substância política. Incrível, então, como a direção e a narrativa conseguem criar tensão numa história contida e de certa forma facilmente telegrafada, com peças se movendo com rapidez entre segredos reais – achei interessante a quantidade de encenações com personagens andando com apreensão, dando um senso de inquietude e nervosismo à história, que, apesar do ritmo paciente, nunca sai da quarta marcha. Os confrontos e rivalidades familiares entre os personagens se mantêm como a espinha dorsal do estresse, com destaque para os diferentes dilemas de Alicent e as cenas que a personagem enfrenta Rhaneys e seu pai. O diálogo é soberbo nas duas sequências, ambas extremamente focadas no lado temático da série: patriarcado. Também aprecio as nuances com Aemond e sua luta interna similar à Daemon pela coroa.

Aliás, talvez seja o melhor episódio tematicamente, seja pelo ângulo patriarcal, seja pela velha história de ambição. Alicent está sempre nessa estranha posição entre poder e subserviência para os homens. A rainha passa o episódio todo tendo que lidar com homens asquerosos, seja seu pai ou filho, ou Larys se masturbando para os pés da personagem, que se sujeita ao fetichismo para receber informações. É por isso que a frase de Rhaenys sobre uma janela na prisão corta igual uma espada a troca de palavras entre as personagens.

A cena final de O Conselho Verde é praticamente simbólica. Em um episódio que fala tanto sobre ascensão ao poder, assistimos a dicotomia entre os impotentes (mulheres, crianças, pobres) e os que são corrompidos pelo controle. Podemos ver isso claramente com Aegon II, que vai do medo à soberba poucos segundos após receber a glória do povo. O ato de Rhaenys, então, não é simplesmente um cliffhanger, mas carrega um significado: depois de tantos anos de subserviência, ela escolhe lutar pela herdeira. Alicent, porém, continua servindo. Preferiria mais ambiguidade nessa Guerra Civil, mas a história está claramente dividindo lados. Veremos como será o desfecho para o começo desse embate.

A Casa do Dragão – 1X09: O Conselho Verde (House of The Dragon – 1X09: The Green Council) | EUA, 16 de outubro de 2022
Criação: 
Ryan J. Condal, George R. R. Martin
Direção: Clare Kilner
Roteiro: Sara Hess
Elenco: Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Olivia Cooke, Graham McTavish, Ryan Corr
Duração: 63 min.

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